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Bahia prepara a chegada do primeiro data center integrado a um parque eólico

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 21/10/2025 às 10:15
Estação de energia renovável com contêineres e torres eólicas sob um céu parcialmente nublado.
Instalação de energia renovável da empresa Renova Energia, com contêineres técnicos e turbinas eólicas ao fundo em um dia de céu parcialmente nublado.
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Descubra como a Bahia avança para receber o primeiro data center integrado a um parque eólico, unindo inovação tecnológica e energia limpa.

A Bahia está prestes a alcançar um marco inédito no setor de energia e tecnologia do Brasil.
O estado se prepara para receber o primeiro data center integrado a um parque eólico, projeto que simboliza a união entre sustentabilidade, inovação e eficiência.

Desenvolvido pela Renova Energia, o empreendimento promete transformar o sertão baiano em um polo de energia renovável e infraestrutura digital.

O avanço tecnológico no coração do sertão

O projeto está sendo construído no Complexo Eólico Alto Sertão III, em Igaporã, no sudoeste da Bahia.
Batizado de Satoshi, o empreendimento terá capacidade inicial de 80MW e deve ser energizado até o fim do ano.

Essa potência representa quase 15% da capacidade total de processamento de dados instalada no Brasil, reforçando sua relevância estratégica para o país.

Além disso, o complexo contará com dois prédios interligados e já possui conexão à rede elétrica nacional aprovada pelas autoridades competentes.
A Renova Energia será responsável pela infraestrutura elétrica, enquanto empresas especializadas irão operar os data centers.

Dessa forma, o projeto torna-se um símbolo da convergência entre energia renovável e tecnologia da informação, reafirmando o papel da Bahia como protagonista na nova economia verde.

Durante uma visita recente, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Marcius Gomes, e o prefeito de Igaporã, Newton Francisco Neves Cotrim, conheceram o andamento da obra.
Na ocasião, a Renova apresentou o planejamento e destacou que o projeto representa o primeiro data center construído dentro de um parque eólico no Brasil, um passo histórico para o setor elétrico nacional.

Energia e dados: a nova fronteira da sustentabilidade

De acordo com o CEO da Renova, Sergio Brasil, o investimento em data centers surgiu como resposta ao problema do curtailment, que ocorre quando há excesso de energia gerada e o Operador Nacional do Sistema (ONS) precisa determinar cortes temporários na produção.

No Nordeste, onde há grande concentração de parques eólicos e solares, essa situação é frequente devido à falta de linhas de transmissão que conectem a energia aos centros consumidores do Sudeste.

Por esse motivo, a empresa decidiu instalar os data centers próximos às fontes geradoras, aproveitando melhor a energia disponível e reduzindo perdas no sistema elétrico.
Essa estratégia não apenas evita desperdícios, mas também estimula a economia local e descentraliza a computação em nuvem.

Além disso, ao trazer infraestrutura digital para o interior, a Renova fortalece regiões com pouca atividade industrial, criando novas oportunidades de desenvolvimento.

Assim, o projeto busca equilibrar geração e consumo, transformando o excesso de energia renovável em vantagem competitiva.
Com isso, o Nordeste se consolida como território fértil para o desenvolvimento de infraestruturas tecnológicas sustentáveis, que unem inovação, eficiência e responsabilidade ambiental.

Da crise à inovação: a reestruturação da Renova

Para compreender a importância dessa iniciativa, é essencial lembrar o caminho percorrido pela Renova Energia.
A empresa enfrentou um longo processo de recuperação judicial iniciado em 2019, quando dificuldades financeiras e atrasos em obras ameaçaram sua operação.

Entretanto, em fevereiro de 2025, a companhia encerrou o processo de recuperação, marcando o início de uma nova fase.
Durante a reestruturação, a Cemig deixou o controle acionário, e o fundo FIP VC Energia II assumiu a administração.

A partir daí, a empresa passou a investir em projetos que combinam eficiência energética, tecnologia e inovação, reposicionando-se no mercado.
O Complexo Alto Sertão III, onde será instalado o data center, tornou-se símbolo dessa retomada de crescimento.

Atualmente, a Renova possui 12GW em projetos de geração, sendo 7GW eólicos e 5GW solares.
Essa robusta carteira demonstra confiança do mercado e reforça o compromisso da empresa com o futuro sustentável da matriz elétrica brasileira.

Além disso, a experiência acumulada na geração de energia renovável permite à companhia explorar novas oportunidades de integração entre eletricidade e tecnologia da informação.

Bahia: território de energia e futuro digital

Nas últimas décadas, a Bahia consolidou-se como líder na geração de energia eólica no Brasil, respondendo por cerca de um terço da capacidade instalada do país.
Essa liderança foi conquistada graças à combinação de ventos constantes, incentivos governamentais e investimentos privados.

Agora, com o primeiro data center integrado a um parque eólico, o estado dá um passo ousado e transformador.
Esse movimento reforça o papel da Bahia como referência em transição energética e inovação tecnológica.

O novo projeto não apenas amplia o potencial econômico da região, mas também atrai empresas de computação verde, inteligência artificial e armazenamento de dados sustentáveis.
Desse modo, o estado se posiciona na vanguarda da economia digital brasileira, unindo ciência, energia e tecnologia.

Além do Satoshi em Igaporã, a Renova prepara outros projetos semelhantes nos municípios de Caetité, Pindaí e Licínio de Almeida, todos localizados na Bahia.
Embora ainda estejam nas etapas iniciais de documentação junto ao Ministério de Minas e Energia (MME), esses empreendimentos mostram que a integração entre data centers e parques eólicos pode se tornar modelo de expansão tecnológica para o país.

O futuro da integração entre energia e tecnologia

A criação de um data center integrado a um parque eólico representa uma revolução silenciosa na forma como o Brasil pensa a geração e o consumo de energia.
Ao unir produção limpa e demanda digital crescente, o país demonstra que é possível crescer de maneira sustentável e inovadora ao mesmo tempo.

Esse tipo de integração inaugura o conceito de energia digitalizada, em que cada megawatt gerado ilumina cidades e alimenta servidores que movem a economia moderna.
Assim, a energia eólica deixa de ser apenas uma alternativa ambientalmente correta e passa a ser uma base estratégica para o desenvolvimento tecnológico nacional.

A Renova Energia mostra que desafios podem se transformar em oportunidades.
A limitação das linhas de transmissão, que antes era um obstáculo, agora impulsiona soluções criativas e sustentáveis.

Com isso, a empresa e a Bahia reforçam o protagonismo brasileiro na construção de um futuro de energia limpa e inovação conectada.
Portanto, o data center integrado a um parque eólico da Bahia não é apenas um projeto pioneiro, mas o reflexo de uma nova era.

O vento que movimenta as turbinas agora impulsiona os servidores que alimentam a era da informação.
Esse encontro entre natureza e tecnologia mostra que é possível construir um futuro mais eficiente, equilibrado e sustentável.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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