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Pesquisadores descobrem bactérias capazes de “comer” plástico, oferecendo uma alternativa revolucionária para o combate à poluição ambiental

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 02/11/2024 às 10:28
Pesquisadores descobrem que bactérias capazes de comer plástico, oferecendo uma alternativa revolucionária para o combate à poluição ambiental
Foto: DALL-E

Pesquisadores descobrem bactérias que “comem” plástico e podem ser a chave no combate à poluição ambiental. O estudo da Northwestern University focou na bactéria Comamonas testosteroni, encontrada em águas residuais, que é capaz de decompor plásticos comuns, como o PET.

Você sabia que algumas bactérias de águas residuais podem realmente “comer” plástico? Pois é! Recentemente, um estudo da Northwestern University revelou uma descoberta incrível: uma família de bactérias chamada Comamonadaceae, presente em ambientes como rios urbanos e sistemas de tratamento de águas residuais, é capaz de degradar o plástico e usá-lo como alimento. Essas “bactérias que comem plástico” estão abrindo novas possibilidades para o combate à poluição ambiental, principalmente a poluição plástica que afeta nossos mares e rios.

O estudo focou na bactéria Comamonas testosteroni, que quebra plásticos comuns, como o PET (usado em garrafas e embalagens), em pequenas partículas, tornando o plástico uma fonte de carbono que alimenta seu crescimento. Vamos entender melhor como essas bactérias de águas residuais estão mudando a forma como vemos o lixo plástico e o impacto positivo que podem ter na natureza.

Como essas bactérias conseguem comer plástico?

A primeira pergunta que vem à cabeça é: como essas bactérias conseguem “comer” plástico? Basicamente, o processo é dividido em três etapas. Primeiro, as bactérias começam a fragmentar o plástico em pedaços muito pequenos, conhecidos como nanoplásticos. Em seguida, elas secretam uma enzima especial, que consegue quebrar ainda mais essas partículas. E o que era lixo plástico se transforma em alimento: as bactérias aproveitam os átomos de carbono do plástico para crescer e se reproduzir.

Essa descoberta é um avanço e tanto no combate à poluição ambiental. A pesquisadora Ludmilla Aristilde, que liderou o estudo, explica que essa capacidade das bactérias pode ser otimizada para desenvolver novas soluções de limpeza ambiental. Imagine só: usar essas bactérias que comem plástico para limpar resíduos em locais onde é difícil remover a poluição plástica!

O impacto da poluição plástica e a importância das bactérias de águas residuais

A poluição plástica é um dos maiores problemas ambientais do mundo. Os plásticos, especialmente o PET, são extremamente duráveis e praticamente não se decompõem no ambiente. Eles representam cerca de 12% de todo o plástico usado globalmente, e até 50% dos microplásticos que encontramos em águas residuais são feitos de PET. Isso significa que os microplásticos são abundantes nos sistemas de tratamento de água e acabam escapando para rios e oceanos, prejudicando a vida selvagem e, consequentemente, o ecossistema.

As bactérias de águas residuais desempenham um papel fundamental nesse processo, pois podem atuar diretamente na decomposição desses resíduos. Como explicou Aristilde, muitos desses nanoplásticos não chegam às estações de tratamento já em pequenas partículas, mas são formados durante o próprio tratamento da água por meio da atividade bacteriana. Ou seja, bactérias como a Comamonas testosteroni estão, de fato, transformando o plástico em pedaços menores, que acabam se espalhando pelo ambiente.

Como a descoberta foi feita?

Para entender como essas bactérias de águas residuais interagem com o plástico, a equipe de Aristilde fez uma série de experimentos. Eles cultivaram bactérias Comamonas em fragmentos de PET, observando como a superfície do plástico mudava com o tempo. Utilizando técnicas avançadas de microscopia, conseguiram ver o plástico sendo fragmentado em pedaços cada vez menores.

Os pesquisadores também analisaram a água ao redor das bactérias para confirmar a presença de nanoplásticos, formados enquanto as bactérias “mastigavam” o PET. Dentro das células das bactérias, os pesquisadores identificaram enzimas responsáveis por esse processo. Ao neutralizar uma dessas enzimas, eles perceberam que a capacidade das bactérias de degradar o plástico diminuía drasticamente, confirmando o papel essencial dessa proteína.

A chave para o combate à poluição ambiental?

O que essa descoberta representa para o futuro do combate à poluição ambiental? Ela mostra que é possível desenvolver tecnologias baseadas em bactérias que, de forma natural, ajudam a remover resíduos plásticos do ambiente. No caso das bactérias de águas residuais, já sabemos que elas conseguem transformar plásticos PET em fontes de carbono, que alimentam seu metabolismo.

Mas o que torna essa bactéria uma “aliada natural” é o fato de que ela se alimenta de um dos poluentes mais presentes na nossa sociedade: o plástico. Se conseguirmos otimizar o processo, essas bactérias que comem plástico poderão ser aplicadas de forma eficiente em ambientes naturais, como rios e lagos, ajudando a reduzir a quantidade de resíduos que poluem essas águas.

Bactérias e biotecnologia

Usar bactérias para resolver problemas ambientais não é algo novo, mas o estudo mostra o potencial específico das bactérias Comamonas na luta contra a poluição plástica. Isso abre portas para a biotecnologia no tratamento de resíduos, um campo de pesquisa que pode transformar o modo como limpamos nossos rios e oceanos.

A engenharia ambiental já estuda há algum tempo a possibilidade de criar sistemas de limpeza baseados em organismos vivos, que são mais baratos e sustentáveis do que métodos convencionais de remoção de resíduos. Imagine estações de tratamento que, além de filtrar a água, utilizem bactérias para reduzir a quantidade de plásticos presentes no sistema. Com isso, a biotecnologia aplicada ao combate à poluição ambiental passa a ser uma aliada na construção de um futuro mais sustentável.

Uma descoberta que pode mudar o planeta

O combate à poluição plástica está entre os grandes desafios globais. Os micro e nanoplásticos já chegaram ao nosso ar, água e até aos alimentos que consumimos. O trabalho da equipe de Aristilde mostra que as bactérias podem ser uma ferramenta viável para enfrentar esse problema.

Se investirmos no desenvolvimento de sistemas que utilizem essas bactérias de águas residuais, poderemos ter uma nova forma de “limpeza” dos plásticos no ambiente. Não só estaremos reduzindo o impacto da poluição plástica nas nossas águas, mas também promovendo um ciclo de reciclagem natural e eficiente. E o melhor: tudo isso sem o uso de produtos químicos prejudiciais.

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Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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