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Aumento de até 25% no preço do MDF preocupa indústria moveleira em estado brasileiro, que teme queda nas vendas e demissões

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 09/08/2025 às 19:24
Aumento de até 25% no preço do MDF preocupa indústria moveleira em estado brasileiro, que teme queda nas vendas e demissões
Foto: Aumento de até 25% no preço do MDF preocupa indústria moveleira em estado brasileiro, que teme queda nas vendas e demissões
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Aumento de até 25% no preço do MDF preocupa indústria moveleira em Minas Gerais. Setor teme queda nas vendas, demissões e agravamento da crise até 2026.

O aumento de até 25% no preço do MDF acendeu um alerta na indústria moveleira de Minas Gerais, que teme não conseguir absorver o impacto no custo da matéria-prima e já projeta possíveis quedas nas vendas e demissões no segundo semestre de 2025. O reajuste surpreendeu o setor porque ocorreu justamente no momento em que as fábricas negociam acordos coletivos com previsão de reajuste salarial de até 7,5%, o que pressiona ainda mais as margens de lucro.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), Maurício Lima, não há justificativa de mercado clara para o aumento, e há indícios de especulação no preço do MDF. Ele lembra que a tarifa de 50% aplicada por Donald Trump às exportações brasileiras de madeira e derivados não afeta diretamente Minas, mas deveria, em tese, até favorecer preços mais baixos no mercado interno, já que parte da produção poderia ficar no Brasil.

Aumento preço MDF pressiona micro e pequenas empresas

Em Minas, a base de produção moveleira é formada majoritariamente por micro e pequenas empresas, que dependem das chapas de MDF para fabricar móveis planejados e atender ao varejo. Para Lima, o aumento repentino do insumo cria um efeito dominó: encarece o produto final, diminui a competitividade e pode reduzir as vendas em um período tradicionalmente aquecido, como o segundo semestre.

“O custo vai alterar, e quem paga essa conta, no final, é sempre o cliente. Isso pode impactar fortemente as vendas, e há risco de que o problema avance para 2026”, alerta o presidente do Sindimov-MG.

Reajuste MDF acontece em momento de instabilidade no setor

Embora o impacto em Minas seja indireto, no cenário nacional a crise no setor moveleiro se conecta diretamente ao chamado “tarifaço” de Donald Trump.

A sobretaxa prometida de 50% para produtos de madeira exportados aos Estados Unidos fez empresas do Sul, onde se concentra cerca de 90% da capacidade instalada de produção de madeira processada, suspenderem embarques e reduzirem o ritmo das fábricas.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), parte das exportações para os EUA foi paralisada antes mesmo da entrada em vigor da tarifa. O receio de perder competitividade levou indústrias a conceder férias coletivas e até anunciar demissões.

Crise setor moveleiro: produção reduzida e risco de colapso

O superintendente da Abimci, Paulo Roberto Pupo, explica que muitos clientes americanos adiaram compras ou cancelaram contratos diante da incerteza sobre os preços. A indústria brasileira de madeira emprega cerca de 180 mil pessoas e destina, em média, 50% da produção para os EUA — percentual que chega a 100% em algumas empresas.

A Sudati, produtora de compensados e MDF com unidades no Paraná e Santa Catarina, já confirmou cortes internos. Segundo Pupo, uma sobretaxa de 50% colocaria o Brasil “fora de jogo” no mercado americano, considerado estratégico para o setor.

Indústria moveleira Minas: temor de efeito cascata

Em Minas, o reflexo pode ser sentido de forma indireta, mas não menos preocupante. O encarecimento do MDF compromete a rentabilidade, especialmente em um setor que já sofre com a falta de mão de obra qualificada e enfrenta a necessidade de manter preços competitivos para sobreviver.

Com custos de insumos e salários em alta, empresas podem repassar valores ao consumidor, arriscando perder espaço para concorrentes ou ver a demanda encolher.

O resultado pode ser uma desaceleração da produção, redução de turnos e até demissões, mesmo em um estado que não é diretamente atingido pelas tarifas de exportação.

Perspectivas para o fim de 2025 e início de 2026

O segundo semestre, que tradicionalmente traz aumento nas encomendas e vendas, pode ter um desempenho abaixo do esperado.

Caso o cenário externo se mantenha instável e os preços do MDF não recuem, a indústria moveleira mineira terá de adotar medidas para reduzir custos, renegociar prazos com fornecedores ou buscar alternativas de matéria-prima — algo que nem sempre é viável, dada a padronização exigida pelo mercado de móveis planejados.

Se a situação persistir até 2026, o setor pode enfrentar retração prolongada, impactando toda a cadeia produtiva, do fornecedor de MDF ao lojista.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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