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Atitude intervencionista do governo na Petrobras, a partir de 2023, deixa o mercado de petróleo e derivados no Brasil apreensivo, diz especialista

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 18/11/2022 às 13:02
Atitude intervencionista do governo na Petrobras, a partir de 2023, deixa o mercado de petróleo e derivados no Brasil apreensivo, diz especialista
Antonio Ticianeli

Especialista em regulação e mercado de petróleo e derivados que as áreas mais impactantes são as refinarias, a questão do PPI e diminuição dos dividendos

Muito provavelmente você, leitor, se lembra do filme com o Bill Murray, chamado Feitiço do Tempo;  filme em que seu personagem fica preso em uma armadilha temporal que o faz reviver o mesmo dia vezes sem fim. Esse é o cenário econômico atual quando falamos do mercado de petróleo e derivados no Brasil.

Colocando partidarismos e vieses ideológicos de lado, e, se realizando uma análise fria do comportamento do mercado, claramente o comportamento demonstrado desde a declaração dos resultados para presidente, confirmando o retorno de Lula ao poder central, é de agitação e a incerteza com o futuro que apresenta em um horizonte extremamente próximo. Ao menos é o que se tem percebido ao se observar as movimentações dos mercados de petróleo, especialmente os relacionados à Petrobras.

Grau de incertezas referente a Petrobras

O alto grau de incertezas acerca do futuro deste segmento em específico, encontra amparo nas ocorrências passadas em outros governos petistas em relação aos seus escândalos, e que tem impacto nos papéis da Petrobrás, que registrou desde o final da última semana uma perda acumulada de ao menos 10.00% no  valor dos seus papéis (PETR3, PETR4) desde a confirmação da vitória do ex-Presidente da República.

Ao que tudo indica, o governo futuro já tem o possível nome para assumir o cargo de presidente da estatal e para tanto já sonda o nome de Jean Paul Prates, ex-suplente de Fátima Bezerra e atual senador pelo Rio Grande do Norte, para esta cadeira. Jean Paul Prates é uma figura pouco conhecida do Sudeste brasileiro, mas muito conhecida no Estado do Rio Grande do Norte, onde tem uma longa carreira como consultor nas áreas de energia e petróleo, inclusive ocupando cargos de confiança, tanto na ANP quanto em secretariados potiguares.

Principais preocupações do mercado de petróleo brasileiro

Mas o que inquieta o mercado nesse momento, não se refere à capacidade técnica de seu potencial “futuro” presidente, mas sim, o pensamento intervencionista que acompanha o partido o qual lhe pretende indicar como presidente. Tal pensamento já se apresentou ao mercado, ainda que de forma acanhada. Entre as suas possíveis ações como o chefe da estatal, pode-se listar as mais impactantes, e que talvez coloque o mercado com sentimento de viver o enredo do filme com Bill Muray. São elas:

  • Recompra “equilibrada” das refinarias privatizadas;
  • Upgrade e expansão das refinarias em expansão;
  • Trocar o PPI por preço mercado regional;
  • Diminuir os dividendos para investir mais;

Vale ressaltar que as políticas de preços da estatal estão baseadas em práticas mercadológicas que visam o abastecimento do mercado através de equilibração de preços em “pari pasu” com os custos envolvidos na importação de combustíveis, em especial o óleo diesel. Pois diferente do que se é sempre bradado pelos políticos, o Brasil, devido à deficiência na capacidade produtiva de suas refinarias, não consegue refinar todo o petróleo que produz, e, por isso, importa cerca de 60.00% de todo o óleo diesel consumido no país.

Desta forma, ao se revogar a regra do PPI e tornando os preços equiparados regionalmente, pode demonstrar a prática de intervencionismo ante ao mercado. E assim a regra de ouro do mercado será aplicada, tornando desinteressante a competição dada a sua baixa lucratividade ou oportunidade de ganho. E, muito provavelmente, resultará em escassez de produtos no mercado, refletindo futuramente nos preços que serão pressionados a subirem porque haverá alta demanda e baixa oferta.

Outro efeito negativo desse tipo de gestão em relação às políticas internas da estatal, sem dúvida alguma pode ter efeitos danosos, principalmente nos relacionados ao posicionamento de mercado e valuation da companhia. Muito embora a BR seja tratada como estatal, ela na realidade é uma empresa de economia mista que possui papéis nas principais bolsas de valores no mundo e logo seus investidores visam lucratividade.

Obviamente ao saber que seu principal acionista e controlador pretende reduzir sua lucratividade com vistas a manter suas políticas populistas, naturalmente seus papéis podem perder valor, e, por conseguinte, suas ações se tornariam desinteressantes.

Para alguns, essas ações foram surpreendentes, já para outros, trata-se de ações totalmente previsíveis. Vamos aguardar o desenrolar das coisas com muita cautela.

*Antonio Ticianeli é engenheiro químico, especialista em regulação e mercado de petróleo e derivados (Este artigo não represente necessariamente a opinião do Click Petróleo e Gás)

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Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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