O atestado digital lançado pelo Mapa marca um novo passo na modernização do agro brasileiro. A ferramenta usa inteligência artificial e tecnologias geoespaciais para monitorar recursos. A iniciativa atende recomendações do TCU, prepara o país para a COP 30 e mostra a força da transformação digital no campo
O campo brasileiro ganhou uma novidade que promete mudar a forma como se acompanha a produção agrícola. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lançou o atestado digital, uma ferramenta que combina inteligência artificial, blockchain e tecnologias geoespaciais.
Segundo uma matéria publicada no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com ela, os processos de crédito rural ficam mais simples, rápidos e seguros. Essa inovação chega em um momento estratégico, já que o Brasil será palco da COP 30 em Belém, no Pará, em 2025.
A novidade reforça o compromisso do país em mostrar ao mundo que é possível crescer no agronegócio sem deixar de lado a transparência e o cuidado com o meio ambiente.
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Além disso, o atestado digital traz ganhos diretos aos produtores, reduz custos e amplia a competitividade dos grãos brasileiros em mercados que exigem cada vez mais práticas sustentáveis.
O que é o atestado digital e como funciona
O atestado digital, também chamado de VMG (Verificação Agrícola, Monitoramento e Conformidade de Grãos), é um sistema que permite verificar se os recursos de crédito agrícola foram aplicados corretamente.
Esse processo, que antes demandava papelada e tempo, agora pode ser feito em poucos cliques. A tecnologia usa inteligência artificial e imagens de satélite para validar dados de plantio, além de blockchain para dar segurança às informações.
A mudança foi oficializada pela Instrução Normativa Conjunta SPA/SDI/SE nº 01, publicada em agosto de 2025. A partir dela, produtores de grãos que desejarem acessar linhas de crédito do Plano Safra precisarão apresentar o atestado digital emitido por empresas credenciadas.
Dessa forma, o financiamento passa a ter um acompanhamento mais confiável, já que o documento digital confirma se as práticas agrícolas e ambientais estão de acordo com as regras.
Esse avanço atende a uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), que vinha cobrando do Mapa mecanismos mais eficientes de monitoramento dos recursos destinados ao campo.
O atestado digital responde a essa necessidade ao oferecer segurança tanto para o governo quanto para os produtores.
Transparência que fortalece o agro brasileiro
O uso do atestado digital traz impactos além da rotina no campo. A transparência gerada pela ferramenta fortalece a posição do Brasil no cenário internacional.
Em um momento em que consumidores e mercados exigem comprovações de origem sustentável dos alimentos, o VMG funciona como uma espécie de certificado de confiança.
Ele mostra que a produção de grãos segue padrões que respeitam o meio ambiente e a boa gestão dos recursos.
Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a adoção do atestado digital melhora os fluxos de trabalho, reduz custos para o produtor e aumenta a competitividade.
Na prática, isso significa que o Brasil pode conquistar mais espaço nos mercados externos ao mostrar que alia produtividade a responsabilidade.
Esse alinhamento é ainda mais relevante porque ocorre às vésperas da COP 30, que será realizada em Belém em 2025. O encontro vai reunir lideranças de todo o mundo para discutir clima e sustentabilidade.
Com o atestado digital, o Brasil sinaliza que está preparado para apresentar soluções que unem inovação e preservação ambiental.
Benefícios diretos para o produtor rural
O atestado digital não é apenas um instrumento de controle para o governo. Ele também oferece ganhos reais para quem está no campo. O produtor que utilizar a infraestrutura do VMG contará com análises digitais ao longo da safra.
A inteligência artificial do sistema entrega informações sobre janelas de plantio, relatórios climáticos e até recomendações técnicas.
Ao final do ciclo produtivo, o agricultor recebe um caderno de campo digital. Esse documento reúne todo o histórico da área monitorada e pode servir como diferencial na hora da venda dos grãos, agregando valor à produção.
Em outras palavras, o atestado digital ajuda o produtor a mostrar que sua atividade está alinhada a boas práticas ambientais e agrícolas, o que pode abrir portas em mercados mais exigentes.
Outro ponto relevante é a redução de custos. Como muitos processos passam a ser digitais, o tempo gasto com burocracia diminui. Isso libera o produtor para focar no que realmente importa: a produção no campo.
Além disso, o uso de dados inteligentes dá mais segurança para tomar decisões durante a safra, o que pode evitar perdas e melhorar os resultados.
Modernização da gestão pública agrícola
Do lado do governo, o atestado digital também representa uma mudança importante. O Mapa passa a ter acesso a dados anonimizados, ou seja, informações que não identificam diretamente cada produtor, mas ajudam a entender o cenário geral da agricultura.
Esses dados são valiosos para planejar políticas públicas, direcionar recursos e apoiar produtores que já seguem práticas sustentáveis.
Esse acompanhamento em tempo real também torna possível responder de forma mais rápida a crises. Durante as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, por exemplo, faltaram ferramentas que mostrassem de imediato a extensão dos impactos.
Com o atestado digital, situações semelhantes podem ser tratadas com mais agilidade, já que o monitoramento das áreas agrícolas passa a ser constante.
A infraestrutura VMG demonstra que a transformação digital no agro brasileiro já é uma realidade. Ao unir eficiência produtiva, sustentabilidade e transparência, o atestado digital coloca o Brasil em destaque no cenário global.
A tecnologia não substitui o trabalho no campo, mas complementa e fortalece a atividade, mostrando que inovação e agricultura podem caminhar lado a lado.