Astrônomos estão trabalhando na descoberta de um planeta onde chove metal. Conheça o WASP-121b mundo que chove metal e conta com ventos que ultrapassam os 8 mil km/h
Astrônomos identificaram um exoplaneta extraordinário com condições climáticas extremas, que desafiam tudo o que conhecemos sobre meteorologia planetária. Trata-se do WASP-121b, um corpo celeste onde os ventos podem ultrapassar 8.000 km/h e há fortes indícios de chuva de metal em sua atmosfera superior. Localizado a cerca de 900 anos-luz da Terra, este exoplaneta se tornou um dos mais estudados por seu potencial de nos revelar os limites físicos da formação e evolução planetária. A descoberta, baseada em dados coletados por telescópios espaciais como o Hubble e o TESS, mostra que esse é, possivelmente, o mundo que chove metal mais extremo já observado.
O que é WASP-121b?
WASP-121b é classificado como um “Júpiter quente”, ou seja, um planeta gasoso com massa similar à de Júpiter, mas que orbita muito perto de sua estrela. Sua órbita dura apenas 1,27 dias terrestres, colocando-o em uma posição incrivelmente próxima de sua estrela hospedeira, WASP-121, o que faz com que sua temperatura atinja valores superiores a 2.500°C no lado voltado para a estrela.
Essa proximidade cria um efeito de acoplamento de maré, fazendo com que o planeta tenha um lado permanentemente diurno e outro eternamente noturno — condição que favorece uma dinâmica atmosférica violenta, com ventos supersônicos e transporte de elementos metálicos em forma de vapor.
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Chuva de metal: uma realidade em atmosferas superquentes
Dados obtidos pelo telescópio Hubble revelaram que a atmosfera superior de WASP-121b contém vapor de ferro, magnésio. Durante o ciclo atmosférico, esses elementos são vaporizados no lado diurno e transportados para o lado noturno, onde há um resfriamento suficiente para que esses vapores se condensem e precipitem. Em outras palavras, ocorre chuva de metal — algo nunca antes observado com tanta clareza em outro planeta.
Um artigo publicado em Nature Astronomy (Evans et al., 2020) confirma a presença de íons metálicos na termosfera do planeta, indicando que a radiação ultravioleta da estrela é forte o suficiente para quebrar moléculas e ionizar átomos — um ambiente realmente inóspito.
Ventos supersônicos: até 10 vezes mais rápidos que os da Terra
As simulações realizadas por cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, sugerem que os ventos na atmosfera de WASP-121b podem atingir velocidades de até 8.500 km/h. Isso representa cerca de sete vezes a velocidade do som.
Os ventos são gerados pela diferença térmica extrema entre os hemisférios diurno e noturno, causando uma corrente atmosférica contínua que transporta calor e matéria de um lado ao outro do planeta.
Na Terra, os ventos mais intensos em tornados e furacões raramente ultrapassam 300 km/h, enquanto em Júpiter, os ventos na Grande Mancha Vermelha atingem aproximadamente 430 km/h. Em comparação, WASP-121b redefine completamente o conceito de tempestade planetária.
O planeta onde chove metal: implicações para a ciência
WASP-121b é um dos poucos exoplanetas nos quais astrônomos conseguem estudar a atmosfera com detalhes, devido à sua proximidade com a estrela e ao seu tamanho avantajado. Essas características facilitam a observação de espectros de absorção durante os trânsitos do planeta em frente à sua estrela.
Entre os elementos detectados na atmosfera, estão:
- Água (em forma de vapor)
- Ferro e magnésio (em fase gasosa)
- Cálcio, vanádio e níquel (em forma ionizada)
Esses dados permitem aos cientistas construir modelos atmosféricos mais realistas e entender como se comportam os gases e metais sob altíssimas temperaturas. Além disso, ajudam a prever a composição de outros exoplanetas, inclusive daqueles em zonas habitáveis.
A importância de WASP-121b na busca por outros mundos
Embora o planeta onde chove metal seja inóspito para qualquer forma de vida, ele oferece pistas sobre a diversidade dos sistemas planetários da Via Láctea. A química incomum de sua atmosfera e a intensidade de seus ventos são fenômenos que desafiam teorias tradicionais sobre a formação de planetas gasosos.
Além disso, WASP-121b é um excelente alvo para futuros estudos com o Telescópio Espacial James Webb (JWST), que poderá identificar com maior precisão moléculas complexas e traços de elementos ainda não detectados, inclusive no espectro infravermelho.
O papel dos telescópios espaciais na descoberta
O Telescópio Espacial Hubble foi responsável pela detecção inicial de metais pesados na atmosfera de WASP-121b, usando espectroscopia de absorção durante os trânsitos. Já o TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) ajudou a refinar o tempo de órbita do planeta, confirmando sua classificação como um Júpiter quente extremo.
Com o avanço tecnológico e a entrada em operação do James Webb, os cientistas poderão analisar as camadas atmosféricas de exoplanetas com muito mais precisão. Isso inclui a capacidade de identificar compostos voláteis, como amônia e dióxido de carbono, que são importantes para entender a química planetária em escalas cósmicas.
Curiosidades sobre WASP-121b
- Distância da Terra: cerca de 900 anos-luz;
- Tamanho: aproximadamente 1,8 vezes o raio de Júpiter;
- Temperatura atmosférica: até 2.500 °C;
- Duração do ano: 1,27 dias terrestres;
- Velocidade dos ventos: estimadas acima de 8.000 km/h;
- Chuva de metal: ferro e níquel em forma líquida podem precipitar no lado noturno.
Essas características fazem de WASP-121b um dos exoplanetas mais bem documentados em termos de clima, estrutura e dinâmica atmosférica.
A descoberta de WASP-121b — um possível mundo que chove metal com ventos ferozes — representa um divisor de águas na astronomia moderna. Ele demonstra que o universo é muito mais diverso e surpreendente do que imaginávamos.
Ao revelar as condições extremas de um planeta onde literalmente ocorre chuva de metal, os astrônomos não apenas ampliam nosso entendimento sobre a formação planetária, mas também abrem caminho para futuras descobertas. Mesmo os mundos inabitáveis têm muito a nos ensinar sobre os mecanismos do cosmos.
Com novas missões e tecnologias, nossa capacidade de investigar planetas como WASP-121b só tende a crescer, reforçando o papel essencial da ciência na exploração dos limites do universo.