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Astrônomos descobrem o maior reservatório de água do universo: nuvem cósmica contém 140 trilhões de vezes mais água que todos os oceanos da Terra e orbita um buraco negro a 12 bilhões de anos-luz

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 10/11/2025 às 08:35
Astrônomos descobrem o maior reservatório de água do universo: nuvem cósmica contém 140 trilhões de vezes mais água que todos os oceanos da Terra e orbita um buraco negro a 12 bilhões de anos-luz
Foto: Astrônomos descobrem o maior reservatório de água do universo: nuvem cósmica contém 140 trilhões de vezes mais água que todos os oceanos da Terra e orbita um buraco negro a 12 bilhões de anos-luz
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Astrônomos descobrem nuvem cósmica com 140 trilhões de vezes mais água que os oceanos da Terra, orbitando um buraco negro a 12 bilhões de anos-luz.

O universo acaba de revelar um dos segredos mais impressionantes já observados pela ciência moderna. Em uma galáxia distante, a 12 bilhões de anos-luz da Terra, astrônomos detectaram um reservatório colossal de vapor d’água, o maior já encontrado em todo o cosmos. A imensa nuvem contém o equivalente a 140 trilhões de vezes toda a água presente nos oceanos da Terra, orbitando um buraco negro supermassivo que consome energia com intensidade inimaginável. A descoberta foi feita por dois grupos de astrônomos independentes, utilizando o telescópio espacial Herschel e o observatório WM Keck, no Havaí. O alvo é um quasar, uma espécie de núcleo galáctico ativo, batizado de APM 08279+5255, cujo buraco negro central possui massa equivalente a 20 bilhões de sóis. Ao redor dele, gases e poeira giram em velocidades próximas à da luz, produzindo energia 1.000 trilhões de vezes maior do que a irradiada pelo Sol.

No meio dessa turbulência, o telescópio captou algo inesperado: uma assinatura espectral clara de vapor d’água em quantidades tão gigantescas que desafiam qualquer comparação terrestre.

Uma nuvem de água maior que galáxias inteiras

Para se ter uma ideia da escala, a quantidade de água observada é tão vasta que poderia cobrir toda a Terra com uma camada líquida de 1 quilômetro de profundidade e ainda restaria praticamente tudo. Essa nuvem de vapor cósmico se estende por centenas de anos-luz, formando uma espécie de neblina gigantesca em torno do buraco negro, alimentada pelo calor extremo e pela radiação emitida pelo quasar.

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Os cientistas estimam que a temperatura desse vapor esteja em torno de –53 °C, um valor surpreendentemente “quente” para os padrões espaciais. Isso significa que, apesar da distância e da densidade reduzida, há ali energia suficiente para manter moléculas de água em estado gasoso por bilhões de anos.

Essa é a primeira vez que os astrônomos detectam tamanha abundância de água em uma região tão antiga do universo, uma época em que ele tinha apenas 1,6 bilhão de anos. Em outras palavras, a água já existia em quantidades astronômicas quando o cosmos ainda estava em sua infância, muito antes da formação do Sistema Solar.

O papel da água na evolução do universo

A descoberta não é apenas simbólica — ela muda a forma como a astronomia entende a formação de galáxias e planetas. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que a água, composta por oxigênio e hidrogênio, só poderia surgir em grandes quantidades após a terceira geração de estrelas, quando os elementos pesados já estavam amplamente disponíveis.

Mas a nuvem detectada em APM 08279+5255 mostra o contrário: a água já estava presente muito antes, o que sugere que as condições para formar moléculas complexas e, em teoria, os blocos fundamentais da vida podem ter surgido muito mais cedo do que se pensava.

Além disso, a quantidade colossal de vapor d’água indica que o hidrogênio e o oxigênio estavam sendo produzidos em abundância por estrelas massivas, e dispersos rapidamente pelo espaço.

Isso reforça a hipótese de que a química do universo foi fértil desde os seus primeiros bilhões de anos, e que a presença de água pode ser uma constante em incontáveis sistemas planetários.

Uma descoberta escondida em um quasar monstruoso

O quasar APM 08279+5255 é um dos objetos mais luminosos já observados. O buraco negro em seu centro suga matéria a uma taxa tão violenta que o gás ao redor aquece a milhões de graus, emitindo radiação intensa em todas as direções.

É justamente esse ambiente caótico que permite detectar a água: o calor e a luz do buraco negro interagem com as moléculas, fazendo-as emitir uma assinatura espectral específica, identificável pelos radiotelescópios.

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Os astrônomos observaram essa assinatura usando comprimentos de onda de 1 mm — uma faixa invisível ao olho humano, mas essencial para detectar compostos químicos no espaço. A equipe liderada por Matt Bradford, do Jet Propulsion Laboratory (NASA), e Alberto Bolatto, da Universidade de Maryland, confirmou que a nuvem contém cerca de 100 000 vezes mais vapor d’água que todo o planeta Terra.

E o mais notável: tudo isso gira a dezenas de milhões de quilômetros por hora em torno de um buraco negro que sozinho emite tanta energia quanto toda a Via Láctea multiplicada por mil.


O significado cósmico da maior reserva de água do universo

A descoberta do gigantesco reservatório cósmico reforça que a água é uma substância comum e fundamental em escala universal. Longe de ser rara, ela aparece desde os primeiros estágios do universo, associada às regiões mais energéticas e violentas.

Segundo os pesquisadores, isso também ajuda a explicar por que cometas, asteroides e planetas gelados são tão ricos em água — eles podem ter herdado esse elemento diretamente do material primordial que formou galáxias como a nossa.

Em termos simbólicos, o achado mostra que a presença de água — e, por extensão, a possibilidade de vida — é uma consequência natural da evolução cósmica, e não uma exceção localizada no Sistema Solar.


A fronteira da astronomia e o futuro das missões espaciais

Com o avanço de telescópios como o James Webb, lançado pela NASA e ESA, será possível observar com ainda mais detalhes a composição química dessas nuvens distantes. O objetivo é mapear outros reservatórios semelhantes e entender como a água se distribuiu pelo universo primitivo.

Cada nova detecção ajuda a reescrever o passado cósmico e a responder uma das perguntas mais antigas da humanidade: a vida é um acaso ou uma inevitabilidade em um universo cheio de água e energia?

Se a água — o elemento essencial da biologia — já existia em tamanha abundância há mais de 12 bilhões de anos, talvez a resposta esteja mais próxima do que imaginamos.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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