1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Astrônomos descobrem cometa misterioso de 7 bilhões de anos, o hóspede mais antigo já conhecido em nosso sistema solar
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Astrônomos descobrem cometa misterioso de 7 bilhões de anos, o hóspede mais antigo já conhecido em nosso sistema solar

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/07/2025 às 13:32
Vista superior da Via Láctea mostrando as órbitas estimadas do nosso Sol e do cometa 3I/ATLAS.
Vista superior da Via Láctea mostrando as órbitas estimadas do nosso Sol e do cometa 3I/ATLAS.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Um objeto vindo das profundezas do espaço acaba de surpreender a ciência. Descoberto por astrônomos da Universidade de Oxford, o cometa 3I/ATLAS pode ter mais de sete bilhões de anos — muito antes do surgimento do nosso sistema solar.

Pesquisadores da Universidade de Oxford anunciaram a descoberta de um cometa que pode ter se formado muito antes do nascimento do sistema solar.

Chamado de 3I/ATLAS, ele foi identificado no início de julho e está intrigando a comunidade científica com sua idade estimada em mais de sete bilhões de anos.

Uma descoberta inesperada

O cometa foi localizado no dia 1º de julho de 2025 pelo telescópio de pesquisa ATLAS, no Chile. Ele estava a cerca de 670 milhões de quilômetros do Sol quando foi detectado.

A surpresa foi grande: tratava-se de um objeto interestelar, ou seja, vindo de fora do sistema solar, e que parecia seguir uma trajetória completamente diferente dos outros dois visitantes conhecidos.

Matthew Hopkins, doutor pela Universidade de Oxford, estava prestes a sair de férias quando recebeu os dados. Ele havia defendido sua tese apenas uma semana antes. “Em vez da quarta-feira tranquila que eu havia planejado, acordei com mensagens como ‘3I!!!!!!!!!!’”, contou. A descoberta lhe deu a chance de testar seu modelo preditivo em tempo real.

Visitante de outra parte da galáxia

O 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar detectado em nosso sistema solar.

Os dois anteriores foram o ʻOumuamua, em 2017, e o 2I/Borisov, em 2019. Mas o novo cometa é ainda mais intrigante. Ele parece ter vindo de uma região da galáxia completamente diferente: o disco espesso da Via Láctea.

Esse disco contém estrelas antigas que orbitam acima e abaixo do plano galáctico, ao contrário do Sol e da maioria das estrelas, que estão no disco fino.

Isso pode indicar que o cometa tem uma origem muito mais remota no tempo e no espaço.

Chris Lintott, professor de astrofísica em Oxford, afirmou que há uma probabilidade de dois terços de o 3I/ATLAS ser mais velho que o sistema solar. Se isso for confirmado, o cometa estaria vagando pelo espaço interestelar há bilhões de anos.

Atividade e composição do cometa

As observações iniciais apontam que o 3I/ATLAS está ativo. Ele já libera gases e poeira ao se aproximar do Sol, conforme sua superfície congelada é aquecida.

Isso sugere uma composição rica em gelo de água. Acredita-se também que ele seja maior que os objetos interestelares anteriores.

Hopkins destacou que, ao contrário dos cometas comuns, como o Halley, que se formaram dentro do sistema solar há no máximo 4,5 bilhões de anos, os visitantes interestelares podem ser muito mais antigos. E o 3I/ATLAS parece ser o mais velho já registrado.

O modelo que previu a chegada

A equipe usou o Modelo Ōtautahi-Oxford para prever e rastrear o cometa. Esse modelo é o primeiro a aplicar análise preditiva em tempo real a um objeto interestelar.

Ele foi testado justamente quando o grupo se preparava para o início das operações do Observatório Vera C. Rubin.

O Rubin, que deve começar suas atividades em breve, pode detectar entre 5 e 50 objetos interestelares nos próximos anos, segundo o modelo.

Com a descoberta do 3I/ATLAS, os cientistas estão mais otimistas. Rosemary Dorsey, da Universidade de Helsinque, disse que agora é possível que até 50 objetos semelhantes sejam encontrados, alguns com tamanho próximo ao do 3I.

Visibilidade para astrônomos amadores

Além de ser uma descoberta científica importante, o 3I/ATLAS poderá ser visível para o público. Astrônomos amadores com telescópios de médio porte poderão observá-lo entre o final de 2025 e o início de 2026.

Essa possibilidade aumenta ainda mais o interesse em torno do cometa. Para a ciência, ele é uma janela para o passado remoto da galáxia. Para o público, será uma rara chance de ver um visitante de outro sistema estelar cruzando os céus.

Um cometa que desafia o tempo

O 3I/ATLAS surge como um marco nas pesquisas sobre objetos interestelares.

Sua origem provável em uma estrela antiga do disco espesso da Via Láctea, sua idade estimada de mais de sete bilhões de anos e sua visível atividade fazem dele um cometa único.

A descoberta fortalece a expectativa em relação às futuras operações do Observatório Rubin e aponta para uma nova fase na exploração de corpos celestes vindos de fora do sistema solar.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x