Gigante chinesa prevê consolidação brutal no setor de elétricos; analistas projetam que apenas 15 marcas sobreviverão até 2030 diante da guerra de preços e da superoferta.
O setor automotivo vive um momento de virada histórica. A executiva Stella Li, vice-presidente da BYD, maior fabricante mundial de veículos elétricos, afirmou que até 100 montadoras podem desaparecer nos próximos anos, vítimas da guerra de preços e da superoferta que atingem principalmente o mercado chinês.
A estimativa foi feita em entrevistas recentes e já é compartilhada por consultorias internacionais. Para elas, a corrida desenfreada pelo domínio da mobilidade elétrica resultou em um cenário de excesso de marcas, margens comprimidas e pressões regulatórias que vão obrigar à consolidação.
Um mercado superlotado
A China é hoje o coração da revolução elétrica. Mais de 130 montadoras disputam o espaço no maior mercado de carros do planeta. Entre gigantes como BYD e Tesla, surgiram dezenas de fabricantes menores, muitas vezes focadas em nichos, subsídios estatais ou estratégias locais.
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O problema é que a expansão rápida criou uma oferta muito superior à demanda. Com fábricas produzindo mais do que conseguem vender, os preços despencaram. Montadoras passaram a lançar descontos agressivos, muitas vezes abaixo do custo, para liberar estoque.
O governo chinês interveio para conter essa guerra, mas os efeitos já se fazem sentir: apenas as mais fortes conseguirão resistir.
A previsão: só 15 marcas vão sobreviver
Um estudo da AlixPartners, consultoria global especializada em indústria automotiva, reforça a previsão da BYD. Segundo a análise, até 2030 apenas cerca de 15 marcas de carros elétricos e híbridos terão viabilidade financeira para sobreviver no mercado chinês.
Isso significa que mais de 100 fabricantes podem desaparecer, serem absorvidos ou fundidos em poucos anos. Para os analistas, é um processo natural de consolidação, semelhante ao que aconteceu em outros setores ao longo da história — mas com uma velocidade inédita.
O papel da BYD
Enquanto muitas montadoras lutam para respirar, a BYD cresce em ritmo acelerado. A companhia ultrapassou a Tesla em vendas de veículos elétricos, domina o mercado chinês e já avança agressivamente na Europa e na América Latina.
Entre os planos mais ambiciosos está a produção integral de carros elétricos no continente europeu. A primeira fábrica já está em construção na Hungria e, até 2028, a empresa promete fabricar 100% dos modelos vendidos na Europa em solo europeu.
Esse movimento garante competitividade diante de tarifas e regulações mais rígidas, além de reforçar a imagem da marca como líder global em inovação e escala.
Uma seleção natural no setor
Para especialistas, o que acontece hoje com as montadoras de elétricos na China é um processo de seleção natural. Nos últimos cinco anos, centenas de startups receberam investimentos, lançaram protótipos e buscaram espaço em um mercado em expansão.
Agora, com o corte de subsídios estatais e a saturação da demanda, apenas aquelas com escala, capital e tecnologia de ponta vão sobreviver. É nesse contexto que a BYD se destaca: com produção verticalizada, domínio de baterias e apoio estatal estratégico, ela se coloca em posição de ditar os rumos do setor.
O impacto global
O desaparecimento de tantas montadoras não será um fenômeno restrito à China. O mercado global já sente os reflexos da disputa. Montadoras tradicionais europeias e americanas enfrentam dificuldades para competir em preço com os elétricos chineses.
Se a previsão de que apenas 15 marcas resistirão até 2030 se confirmar, o mundo poderá ver uma nova geopolítica da mobilidade elétrica, com menos fabricantes, mas muito mais concentrados e poderosos.
Para o consumidor, isso pode significar carros mais acessíveis e tecnológicos, mas também uma menor diversidade de marcas e modelos disponíveis.
Até 100 montadoras podem deixar de existir
A ascensão meteórica da BYD simboliza uma transformação sem precedentes na indústria automotiva. O que parecia um mercado pulverizado, com espaço para todos, está prestes a se tornar um campo de poucos gigantes.
Se a previsão da empresa e dos analistas de mercado se confirmar, o setor viverá uma revolução ainda nesta década: até 100 montadoras podem deixar de existir, consolidando o poder de gigantes como a BYD.
Mais do que um alerta, trata-se de uma realidade que já começou a se desenhar. O futuro do carro elétrico será de poucos sobreviventes — e a corrida para estar entre eles já está em andamento.