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Árvore gigante tomba em ilha ancestral no AM e o que havia sob ela impressiona pela raridade e está ligado a rituais indígenas

Publicado em 17/06/2025 às 12:14
Urnas ancestrais, Ilha, Amazonas, Indígenas
Imagem: Divulgação/Geórgea Holanda/MCTI
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Urnas funerárias indígenas foram encontradas sob uma árvore caída em ilha ancestral construída para resistir às cheias do rio Solimões

Uma árvore tombada no município de Fonte Boa (AM) revelou um dos achados arqueológicos mais importantes dos últimos anos na região amazônica. No início de maio, a queda de uma árvore de grande porte expôs sete urnas funerárias indígenas. Elas estavam enterradas sob raízes profundas, em uma área de várzea conhecida como Lago do Cochila, no Médio Solimões.

As urnas, que medem até 90 centímetros de diâmetro, estavam a apenas 40 centímetros de profundidade. Dentro delas, os arqueólogos encontraram ossos humanos, além de restos de peixes e tartarugas. A descoberta ocorreu em uma ilha artificial construída por povos ancestrais para resistir às cheias do rio.

Achado ocorreu em ilha ancestral

Segundo os arqueólogos do Instituto Mamirauá, o local era uma moradia antiga. As casas ficavam sobre plataformas erguidas com terra e cerâmica. Essas ilhas artificiais eram feitas para resistir às inundações frequentes do Solimões.

A responsável pelas escavações é a arqueóloga Geórgea Layla Holanda. Ela coordena os trabalhos e classificou a descoberta como uma das mais significativas da arqueologia amazônica nos últimos anos. A equipe trabalha junto à comunidade ribeirinha de São Lázaro do Arumandubinha, que ajudou a localizar o local.

Morador da região deu o alerta

O primeiro a ver as urnas foi o manejador de pirarucu Walfredo Cerqueira. Ele viu os objetos presos às raízes e avisou o padre Joaquim Silva. O padre, por sua vez, procurou o arqueólogo Márcio Amaral, do Instituto Mamirauá, que iniciou a operação de resgate.

As ossadas encontradas estavam organizadas de forma que indica práticas funerárias com rituais alimentares. Segundo a arqueóloga Geórgea Layla, o achado é mais do que objetos antigos. “É um reencontro com modos de vida ancestrais que resistem no presente por meio dos saberes tradicionais da floresta”, disse.

Cerâmicas inéditas para a região

As urnas são diferentes de tudo que já foi visto na região do Alto Solimões. Elas são grandes, sem tampas cerâmicas aparentes. Isso sugere que foram seladas com material orgânico, que pode ter se decomposto com o tempo.

Para escavar o local alagadiço, a equipe construiu uma plataforma de madeira e cipós. Márcio Amaral explicou que as ilhas artificiais eram feitas com terra e fragmentos cerâmicos trazidos de outras áreas. Isso mostra que os povos antigos tinham conhecimento de engenharia e planejamento do território.

Tradição desconhecida pela ciência

Após a escavação, as urnas foram transportadas para a sede do Instituto Mamirauá, em Tefé, distante 12 horas de barco. Lá, os fragmentos estão sendo analisados. Os primeiros resultados mostram argila esverdeada e faixas vermelhas que não se encaixam nas tradições cerâmicas conhecidas, como a Polícroma da Amazônia.

Os arqueólogos acreditam que o material possa indicar uma tradição cultural até hoje desconhecida. Além disso, a descoberta reforça a ideia de que as várzeas eram ocupadas de forma permanente e organizada. As ilhas permitiam moradia, agricultura e rituais durante o ano todo. A equipe espera localizar novas urnas sob outras árvores tombadas na mesma área do Lago do Cochila.

Com informações de Metrópoles.

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Romário Pereira de Carvalho

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