Descoberta inédita foi feita no Forte do Promontório de Drumanagh e reforça antigos laços comerciais entre Irlanda e Império Romano.
Uma descoberta sem precedentes agitou a arqueologia na Irlanda. Pela primeira vez, um pote romano totalmente intacto foi encontrado no país. O artefato foi escavado no Forte do Promontório de Drumanagh, no Condado de Dublin, e deixou arqueólogos “sem fôlego de excitação”.
A peça chama atenção não só pela raridade, mas pelo que representa: uma prova concreta de que a Irlanda mantinha fortes laços comerciais com o Império Romano, mesmo sem ter sido conquistada por ele.
Um local com poucos registros romanos
Até hoje, havia poucos registros da presença romana na Irlanda. Especialistas conheciam apenas cinco ou seis objetos romanos achados no país, e nenhum estava preservado dessa forma. O pote agora descoberto apareceu ao lado de uma ânfora quebrada, e foi localizado em uma das valas do forte. O estado de conservação é considerado impressionante.
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A descoberta ocorreu durante uma escavação liderada por arqueólogos do condado e voluntários. O local já era investigado desde 2017, quando o Conselho do Condado de Fingal comprou o terreno por um milhão de euros. Desde então, escavações são realizadas a cada verão.3
Forte com papel estratégico
O Forte do Promontório de Drumanagh parece ter exercido papel importante nas relações entre os irlandeses e os romanos.
Ele fica na costa, em uma posição estratégica para o comércio marítimo. O Império Romano negociava com os irlandeses ali, mas nunca estabeleceu um assentamento fixo. Isso é considerado incomum e levanta debates entre os especialistas.
Alguns estudiosos acham que o local serviu como base militar de apoio para as campanhas romanas na Grã-Bretanha. Outros acreditam que era apenas um posto comercial próspero, usado por nativos irlandeses em contato com o mundo romano.
Achados reforçam relação comercial intensa
As escavações revelaram uma série de itens que apontam para trocas intensas com diferentes partes da Europa. Foram encontrados objetos vindos da Espanha, Gália, Grã-Bretanha e outras regiões.
Entre os itens, estavam cerâmicas romanas do tipo Dressel 20, azeite de oliva, pão de espelta, joias, pentes de osso, dados feitos com chifre e até um figo carbonizado com mais de dois mil anos — considerado a fruta exótica mediterrânea mais antiga já descoberta na Irlanda.
Esses produtos não eram encontrados no território irlandês, o que mostra que foram trazidos por meio de comércio. Em troca, os irlandeses provavelmente ofereciam ouro, cães-lobo e até escravos.
Contato sem conquista
Apesar da intensidade das trocas, os romanos nunca invadiram ou dominaram a Irlanda. Isso faz da relação entre os dois povos um exemplo raro de contato pacífico, baseado no interesse comercial.
A descoberta do pote intacto reforça a ideia de que a Irlanda não estava isolada na Antiguidade. Pelo contrário: fazia parte de uma rede de comércio que alcançava até o Mediterrâneo.
O pote romano, junto a outros objetos encontrados nas escavações, já está em exposição no Museu Nacional da Irlanda. A peça virou símbolo de uma conexão esquecida, mas que agora ganha novo destaque com base em evidências concretas.