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Arqueólogos encontram objetos submersos nos Estados Unidos tão antigos quanto as Grandes Pirâmides do Egito

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/12/2024 às 08:33
Arqueólogos, Estados Unidos
Foto: Reprodução

Arqueólogos estão descobrindo canoas escavadas no meio-oeste dos EUA, com milhares de anos, revelando uma conexão histórica com a era das grandes pirâmides egípcias.

Tamara Thomsen estava a aproximadamente 7 metros de profundidade no Lago Mendota, em Wisconsin, Estados Unidos, quando ela avistou a ponta de uma canoa em decomposição, fascinando os arqueólogos americanos. O objeto estranho, esculpido em carvalho-branco, tinha mais de 1.200 aanos.

Essa descoberta, ocorrida em um dia comum de mergulho em 2021, abriu portas para um tesouro arqueológico que mudaria como entendemos o passado indígena nos Estados Unidos.

A arqueóloga marítima, não estava em busca de canoas. Seus trabalhos geralmente envolvem naufrágios nos Grandes Lagos, como cargueiros do século XIX.

Mas seu conhecimento sobre canoas escavadas — um dos mais antigos tipos de embarcações do mundo — foi crucial para identificar o achado.

Essa experiência foi adquirida em 2018, quando fez uma parceria com Sissel Schroeder, arqueóloga da Universidade de Wisconsin-Madison, em um projeto para catalogar as canoas escavadas existentes no estado americano.

Inicialmente, os pesquisadores acreditavam-se que havia apenas 11 em coleções locais, mas, após um ano de pesquisa, esse número subiu para 34.

A descoberta de Thomsen levou à criação do Wisconsin Dugout Canoe Survey Project, que documentou até o momento 79 canoas, incluindo duas das mais antigas do leste da América do Norte, datadas de 4.000 e 5.000 anos.

Esse catálogo é mais do que um registro arqueológico; ele revela hábitos de viagem, comércio e adaptação ambiental das comunidades indígenas.

Arqueólogos reafirmam a importância de Dejope

O ex-presidente da Nação Ho-Chunk, Marlon WhiteEagle, à direita, cumprimenta a arqueóloga Tamara Thomsen em setembro de 2022 para agradecer a ela por seu trabalho de encontrar e recuperar abrigos subterrâneos.  
Dean Witter / Wisconsin Historical Society

A região de Madison, conhecida como Dejope na língua Ho-Chunk, era uma metrópole indígena antes da chegada dos europeus. Segundo Bill Quackenbush, oficial de preservação histórica tribal da Nção Ho-Chunk, Dejope era uma comunidade interconectada, longe da ideia equivocada de acampamentos temporários.

Esculpir canoas era uma atividade comunitária: homens trabalhavam em troncos enquanto o restante das famílias se reuniam para preparar a próxima estação.

O processo de entalhe era complexo, que podia levar meses, era vital para a sobrevivência. Canoas abriam redes de comércio, permitiam pesca em águas profundas e viabilizavam viagens a grandes distâncias.

Essa conexão com a terra e a água é evidente nos locais das descobertas históricas. A apenas 300 metros da primeira canoa encontrada no Lago Mendota, foi identificado um grupo de dez canoas ao longo de uma antiga linha costeira submersa.

Essa região, uma vez parte das savanas de Dejope, oferece uma janela para os deslocamentos e mudanças das comunidades indígenas ao longo dos séculos.

Canoas como marcadores históricos

A nova abordagem de tratar pequenos corpos d’água urbanos como possíveis sítios arqueológicos tem gerado resultados surpreendentes.

Amy Rosebrough, arqueóloga do estado de Wisconsin, compara o trabalho a iniciativas como as dos mudlarks no Rio Tâmisa, em Londres, que buscam artefatos do passado ao longo das margens.

Em Wisconsin, relatos de cidadãos comuns têm levado a importantes descobertas, com muitas canoas em condições impressionantes de preservação. Algumas ainda contêm remos, ferramentas e outros objetos associados.

O levantamento já confirmou 79 de 112 relatos de avistamentos no estado, e as buscas continuam.

A maioria das canoas permanece nos locais de descoberta, enquanto os arqueólogos registram dados detalhados — medidas, peculiaridades estilísticas e registros visuais — usando técnicas como fotogrametria e lidar.

Essas técnicas, junto à coleta de amostras para análise, ajudam a determinar as idades e origens das embarcações.

Revelações científicas e históricas

A arqueóloga do estado de Wisconsin, Amy Rosebrough, estuda a canoa de 1.200 anos que Thomsen recuperou do Lago Mendota em 2021.  
Dean Witter / Wisconsin Historical Society

As análises realizadas até agora apontam para um intervalo de idade entre 150 e 5.000 anos, com comprimentos variando de 2 a 11 metros.

Algumas canoas compartilham linhas do tempo com eventos históricos como a invenção do alfabeto fenício.

As mais antigas datadas por Thomsen no Lago Mendota têm 1.200 e 3.000 anos, enquanto a mais antiga da pesquisa é um exemplar de olmo com mais de 4.500 anos.

Além da datação por carbono, o estudo utiliza métodos como análise de isótopos de estrôncio e dendrocronologia.

Esses dados ajudam não apenas a determinar a idade das embarcações, mas também a compreender as condições climáticas e ecológicas da época.

Por exemplo, a transição de florestas de carvalho para savanas influenciou a escolha de materiais, com os Ho-Chunk optando pelo olmo devido à sua resistência e retidão.

O papel da tecnologia e do conhecimento tradicional

Embora a sabedoria popular sugira que as canoas fossem feitas de madeiras macias, cerca de um terço dos exemplares analisados são de madeiras duras, como carvalho e olmo.

Essa escolha reflete a engenhosidade cultural e o conhecimento ecológico dos povos indígenas, que adaptaram suas técnicas às condições locais e às ferramentas disponíveis.

Apesar das diferenças nos materiais e nas épocas, o design das canoas permaneceu consistente ao longo dos milénios. Como observa Quackenbush, “Quando algo funciona, por que mudar?” Essa simplicidade eficiente é um testemunho do profundo entendimento desses povos sobre suas necessidades e o ambiente em que viviam.

Reconexão com o passado

As descobertas no Lago Mendota têm sido uma oportunidade para a população Ho-Chunk de Madison se reconectar com suas raízes.

Em 2022, membros tribais construíram uma canoa usando métodos tradicionais e a navegaram pelos quatro lagos da cidade.

Dois membros da tribo Ho-Chunk remam em um novo abrigo em junho de 2022. 
Dean Witter / Wisconsin Historical Society

Em 2024, outra canoa foi esculpida e levada pelo Rio Mississippi. Essas iniciativas não só celebram o passado, mas também fortalecem o senso de identidade comunitária.

Paralelamente, Quackenbush e sua equipe estão usando tecnologia como radar de penetração no solo para buscar mais artefatos na região, incluindo fogueiras e canoas submersas.

Esses esforços colaborativos entre arqueólogos, tribos locais e cidadãos comuns estão ajudando a preservar e compartilhar a rica história de Wisconsin.

O trabalho de Thomsen e Schroeder inspirou outros estados a iniciar seus próprios levantamentos de canoas.

Além disso, a Society for American Archaeology dedicou um simpósio à importância desses achados. Como observa Rosebrough, as canoas oferecem um ponto de entrada acessível para o passado. Elas conectam as pessoas a uma história que ainda está viva nos lagos e rios de hoje.

As profundezas dessas águas não são apenas paisagens submersas, mas sim verdadeiros cofres de tesouros históricos, aguardando para contar suas histórias às futuras gerações.

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Margaret Aida vieira
Margaret Aida vieira
28/12/2024 15:19

Sim, verdade, o fundo dos rios são uma verdadeira biblioteca aquática; um arqúivo sem igual .Os rios são na verdade a realidade social e econômica do planeta , suas cheias colhe produção de vida econômica por onde passam e depositam tesouros ao longo dos percursos desde que o planeta e planeta…
Tenho o costume de peneirar cascalhos de rios quando chegam em minha casa para reformas. Já encontrei até machado pré histórico.
E maravilhoso peneirar os fundos de rios.

Heleno Cruz
Heleno Cruz
28/12/2024 17:22

Nada de **** ou surpreendente para Arqueólogos. Todos sabemos que povos asiáticos de origem mongólica já habitavam a América do Norte há mais de 20 mil anos, ali chegando através do çaminho passifico que se formou onde hoje é o Estreito de Beringer, devido o recuo das águas oceânicas durante a última Era Glacial e que esse povo já era desenvolvido o suficiente para fábricar utensílios e objetos, já fabricava embarcações e outros equipamentos.

Luiz Miranda
Luiz Miranda
28/12/2024 23:00

Very good, topic, amazing discover.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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