Descobertas na Polônia joias de 2.700 anos produzidas com fragmentos de meteoritos, destacando habilidades antigas em metalurgia e fascinantes ligações culturais com o espaço.
Após seis décadas guardadas em silêncio, joias raras surpreendem o mundo científico. Uma análise recente revelou que artefatos de ferro descobertos em cemitérios na Polônia foram forjados a partir de ferro extraterrestre.
Essa descoberta dessas joias raras não somente impressiona pela origem incomum do material, mas também desafia o entendimento sobre a metalurgia antiga, indicando que as habilidades metalúrgicas surgiram mais cedo do que se pensava.
Descoberta das joias raras após décadas de esquecimento
Os artefatos estavam armazenados há sessenta anos até serem reexaminados por cientistas poloneses e franceses. O estudo, publicado no Journal of Archaeological Science: Reports, detalha a análise de 26 peças de ferro provenientes dos cemitérios de Częstochowa-Raków e Częstochowa-Mirów.
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Entre elas, destacam-se três pulseiras, um anel de tornozelo e um broche. O que chama a atenção é o alto teor de níquel presente nesses itens, o que levou os pesquisadores à conclusão de que o ferro utilizado era meteorítico.
Embora o número de peças possa parecer pequeno, os especialistas destacam que esta é uma das maiores coleções de joias feitas com ferro meteorítico descobertas em um único sítio arqueológico. Fora da Polônia, somente o Egito possui uma coleção comparável relacionada a culturas antigas.
Mudança no valor simbólico do ferro meteorítico
Durante a Idade do Bronze, o ferro meteorítico possuía grande valor simbólico e era tratado como precioso. No entanto, as novas evidências indicam que, já no início da Idade do Ferro, esse material havia perdido parte desse prestígio.
Os artefatos analisados estavam distribuídos aleatoriamente nos túmulos, sem relação clara com posição social ou rituais específicos.
Os cientistas também destacam a ausência de utensílios de luxo, como ouro e prata, o que reforça a ideia de que o ferro meteorítico não era mais considerado um material precioso nessa época. Ele podia ser encontrado em sepulturas de cremação e inumação, tanto de homens quanto de mulheres, inclusive com crianças.
Domínio precoce da metalurgia
Os pesquisadores buscavam respostas sobre a origem da fundição de ferro. Por meio de análises químicas detalhadas, concluíram que um único meteorito forneceu o material para diversos artefatos.
Isso elimina a possibilidade de importação e sugere o uso de recursos locais. Parte do ferro terrestre misturado pode ter vindo dos Bálcãs ou dos Alpes. Esta descoberta é a segunda do gênero na Polônia a revelar a combinação desses dois tipos de ferro.
Albert Jambon, da Universidade de Sorbonne, afirmou que há grandes chances de que os antigos tenham presenciado a queda do meteorito, em vez de encontrá-lo acidentalmente.
Apesar de não terem sido os primeiros a usar esse tipo de ferro, sua utilização revela um conhecimento metalúrgico avançado.
Impacto histórico e cultural
Essa descoberta fornece uma nova visão sobre a fundição de ferro na cultura lusaciana, que existiu na região da Polônia entre 750 a.C. e 600 a.C. Ela sugere que esses povos dominavam técnicas metalúrgicas um milênio antes do surgimento do aço Wootz e do famoso aço de Damasco, conhecido por sua resistência e beleza.
Os autores do estudo descrevem a coleção de joias forjadas com “ferro celestial” como um conjunto excepcional, parte do acervo do Museu de Częstochowa.
Descobertas como essa reescrevem capítulos da história, mostrando que as habilidades metalúrgicas da época eram muito mais sofisticadas do que se imaginava.
E de se supor que o ferro meteoritico foi usado não só como joias como outros artefatos da antiguidade. No nosso livro Historias de meteoritos ou Meteoritos na História tem alguns relatos do uso dos meteoritos.