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Argentina se prepara para queimar bilhões em cédulas e enfrenta crise inédita nos cofres dos bancos

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 23/06/2025 às 15:35
Cédulas argentinas de 1.000 e 100 pesos sendo queimadas em chamas vivas
Notas de 1.000 e 100 pesos argentinos em chamas, ilustrando a proposta de incineração para reduzir o excesso de papel-moeda
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Banco Central busca soluções sustentáveis diante de cofres lotados e desafios logísticos

O Banco Central da Argentina, sob a presidência de Santiago Bausili, estuda adotar a incineração de cédulas como alternativa para conter o volume crescente de papel-moeda deteriorado.

Essa proposta ganhou destaque após declarações feitas por Bausili em uma transmissão ao vivo no programa Carajo, em 2025.

O ministro da Economia, Luis Caputo, e o secretário de Política Econômica, José Luis Daza, também participaram da transmissão, informou o jornal Clarín.

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O método tradicional de trituração de notas, hoje amplamente utilizado, tornou-se insuficiente para lidar com o número elevado de cédulas em circulação.

Afinal, o aumento da inflação, registrado entre 2023 e o início de 2024, acelerou a circulação e o consequente desgaste do papel-moeda.

Volume de cédulas em circulação ainda pressiona sistema bancário

Atualmente, de acordo com dados do Banco Central da Argentina, a durabilidade média das cédulas varia conforme o valor de cada nota.

Notas de valores médios, por exemplo, duram entre 20 e 30 meses.

As de valores mais altos alcançam até 40 meses de uso.

O desgaste acelerado por conta da inflação, porém, tem impactado seriamente esses prazos.

Mesmo com a introdução, em 2024, das novas cédulas de $10.000 (R$ 47,34) e $20.000 (R$ 94,68), importadas da China, o problema não foi contido.

No mês de maio de 2025, o país contabilizava mais de 8,7 bilhões de cédulas em circulação.

Esse montante totalizava impressionantes 8 mil toneladas de papel.

Entre elas, as cédulas de $1.000 (R$ 4,73) correspondiam a expressivos 43,4% do total em circulação.

Por habitante, a Argentina possui hoje aproximadamente 185 cédulas em circulação.

Esse número supera os índices dos Estados Unidos, com 163 cédulas, e do Brasil, com apenas 36 cédulas.

Embora tenha ocorrido uma redução de 24% no volume total de cédulas no último ano, o ritmo atual de destruição ainda não atende à demanda.

Entre janeiro e maio de 2025, as cédulas de $500 tiveram queda superior a 40%.

As de $1.000 registraram uma redução de quase 29% no mesmo período.

Em contrapartida, as notas de $20.000 aumentaram 129% e as de $10.000 cresceram 10%.

Desafios logísticos e cofres abarrotados preocupam sistema financeiro

Ainda que 2,4 bilhões de cédulas tenham sido destruídas no último ano, o sistema bancário argentino segue enfrentando enormes desafios logísticos.

Como relatou o próprio Santiago Bausili, a intenção é buscar inspiração no modelo brasileiro para superar essas limitações.

Desde 2017, o Banco Central do Brasil aplica um método sustentável de destruição de cédulas.

Os bancos se encarregam de identificar as notas desgastadas.

Elas são trituradas e compactadas em blocos de R$ 50 mil.

Esses blocos são utilizados como combustível em fábricas de cimento.

Esse processo ambientalmente sustentável é conhecido como coprocessamento.

Em 2023, mais de 1.500 toneladas de resíduos foram destinadas a essa prática no Brasil.

Isso evitou a emissão de aproximadamente 2 mil toneladas de CO₂ que seriam liberadas em aterros sanitários.

Na Argentina, ainda se adota um método mais tradicional.

A equipe tritura as notas em briquetes e descarta o material em aterros sanitários.

Os bancos comerciais classificam as cédulas com base em um sistema de cinco níveis de qualidade.

O Banco Central da República Argentina (BCRA) estabeleceu esse sistema.

Deve-se perfurar as notas seriamente danificadas, especialmente as de valor superior a $1.000, antes de enviá-las para destruição.
As equipes enviam as demais cédulas em pacotes termoselados com mil unidades de mesmo valor.
A destruição física ocorre em dois centros especializados.

Um está localizado em Buenos Aires.

O outro funciona em Santiago del Estero.

Imagem: Google Imagens.

Recorde histórico e medidas emergenciais

Em julho de 2024, a situação atingiu um ápice crítico.

A quantidade de cédulas em circulação bateu o recorde de 11,8 bilhões.

Com isso, os bancos passaram a enfrentar uma grave crise logística.

Sem espaço físico para armazenar as cédulas deterioradas, diversas instituições financeiras precisaram construir novas bóvedas e depósitos próprios.

A população apelidou esses depósitos de “sarcófagos”.
Embora o cenário tenha apresentado uma leve melhora nos últimos quatro meses, o problema persiste.

O Banco Central intensificou os esforços para acelerar a retirada das notas danificadas.

Mesmo assim, ainda existe um estoque elevado de papel-moeda acumulado.

Segundo fontes do setor bancário entrevistadas pelo jornal Clarín, muitos cofres permanecem abarrotados de cédulas aguardando destruição.

“Conseguimos aliviar a situação emergencial.

Um porta-voz do setor bancário revelou ao Clarín que os bancos ainda armazenam muito papel sem uso, aguardando destruição.

Por isso, o Banco Central argentino confirmou que está em análise a viabilidade da queima de cédulas.

Essa estratégia poderá oferecer uma solução mais eficiente para o problema atual.

Exemplo brasileiro motiva busca por soluções sustentáveis

A experiência brasileira com a incineração de papel-moeda tem despertado grande interesse entre os técnicos do Banco Central argentino.

A proposta combate o acúmulo de cédulas, pois adota uma prática sustentável e eficaz.

Além disso, busca minimizar os impactos ambientais relacionados ao descarte do papel.

Enquanto a Argentina avança na avaliação de métodos alternativos, o tema segue em pauta entre autoridades econômicas e financeiras do país.

Espera-se que o governo implemente novas medidas em breve.
Essas ações deverão garantir um fluxo mais eficiente e sustentável na destruição das cédulas argentinas.

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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