Argentina reduz impostos de exportação sobre soja, milho, óleo e carne bovina por decreto presidencial. Medida busca impulsionar competitividade e fortalecer o agronegócio do país.
A Argentina iniciou nesta quinta-feira (31) uma das mudanças fiscais mais significativas dos últimos anos no setor agroexportador, com a redução dos impostos de exportação sobre soja, milho, óleo, farelo de soja e carne bovina. A medida, anunciada no último sábado pelo presidente Javier Milei e oficializada por decreto no Diário Oficial, reforça a estratégia do governo de impulsionar a competitividade do país no comércio internacional e aliviar o peso tributário sobre um dos setores mais vitais da economia argentina.
Com a decisão, as alíquotas sobre a soja caíram de 33% para 26%, enquanto os impostos sobre óleo e farelo de soja foram reduzidos de 31% para 24,5%. Já o milho teve a taxa cortada em 2,5 pontos percentuais, passando para 9,5%, e a carne bovina registrou um recuo de 1,75 ponto, chegando a 5%.
Redução de impostos na Argentina: um movimento estratégico do governo Milei
A diminuição das tarifas de exportação faz parte do discurso liberal do presidente Javier Milei, que classifica esses tributos como “distorcidos” e defende sua extinção gradual.
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No decreto publicado, o governo deixa claro que, à medida que o superávit fiscal permitir, o plano é continuar reduzindo os impostos até eliminá-los completamente.
A medida tem efeito imediato e já começa a impactar contratos e operações do setor, que representa uma das principais fontes de divisas para o país.
Exportação de soja na Argentina: efeito direto sobre o maior produto do país
A soja é a estrela do agronegócio argentino. O país é o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja, e qualquer mudança em suas tarifas tem repercussão imediata no mercado internacional. A redução de 33% para 26% nos impostos sobre o grão e de 31% para 24,5% para os derivados deve melhorar a margem de lucro dos produtores e processadores, incentivando vendas e estimulando a indústria local.
Especialistas acreditam que a medida pode aumentar a competitividade dos embarques argentinos frente a países como Brasil e Estados Unidos, os dois maiores concorrentes no mercado global de soja.
Impacto sobre milho, óleo e carne bovina: setores estratégicos em foco
O milho também é um pilar das exportações argentinas. O país ocupa a terceira posição entre os maiores exportadores do cereal no mundo, atrás apenas de EUA e Brasil.
A redução do imposto de 12% para 9,5% pode ampliar a competitividade do grão argentino, especialmente em mercados asiáticos e africanos, que buscam fornecedores confiáveis e preços mais atrativos.
No caso da carne bovina, a Argentina é reconhecida pela qualidade de seus cortes e figura entre os principais exportadores globais. A diminuição da tarifa de 6,75% para 5% tende a favorecer frigoríficos e produtores, aumentando a competitividade diante de mercados premium, como Europa e China, e fortalecendo a imagem do país como fornecedor de carne de alta qualidade.
Por que reduzir impostos agora?
A decisão de reduzir impostos de exportação é também uma aposta política e econômica do governo Milei. O presidente, que assumiu o cargo com um discurso liberal, vê nas exportações um motor essencial para a recuperação do país e para a geração de divisas.
Além disso, a medida pode estimular os produtores a liberar estoques retidos em silos, prática comum na Argentina quando os impostos estão altos ou o câmbio não é favorável. Com a redução das alíquotas, o escoamento da produção pode ganhar ritmo, aumentando a entrada de dólares na economia.
Reações do mercado e perspectivas futuras
As reações iniciais do setor agroexportador foram positivas, com entidades do campo elogiando a redução de impostos e cobrando a continuidade das medidas até a eliminação total das tarifas. O mercado internacional também recebeu bem a notícia, já que preços mais competitivos podem significar maior fluxo de exportações argentinas.
No entanto, economistas alertam que o impacto fiscal precisa ser monitorado de perto. A arrecadação proveniente das exportações representa uma fatia relevante do orçamento argentino, e cortes abruptos podem comprometer o equilíbrio das contas públicas caso não haja aumento proporcional nos volumes exportados.
Decreto presidencial sobre exportação: caminho para o fim das tarifas?
O decreto assinado por Milei deixa claro que os impostos de exportação serão gradualmente reduzidos “até desaparecerem”. Essa meta, no entanto, dependerá do superávit fiscal e da capacidade do governo de compensar as perdas de receita com crescimento econômico e maior volume de exportações.
Caso o plano avance, a Argentina poderá se tornar ainda mais competitiva no mercado global de commodities agrícolas, ampliando sua presença especialmente na Ásia e Europa, e consolidando sua posição de potência agroexportadora.
A redução dos impostos de exportação sobre soja, milho, óleo, farelo de soja e carne bovina marca um movimento estratégico do governo argentino para fortalecer o setor agroexportador, atrair divisas e melhorar a competitividade do país.
Se a medida surtir efeito, a Argentina pode ganhar espaço no comércio internacional e impulsionar sua economia. Mas o sucesso dessa política dependerá do equilíbrio entre arrecadação, superávit fiscal e resposta do mercado.