Medida busca facilitar o turismo e os negócios enquanto reforça laços ideológicos entre Milei e o governo dos Estados Unidos
O governo de Javier Milei anunciou, em 28 de julho de 2025, a solicitação oficial para integrar o Visa Waiver Program dos Estados Unidos.
A medida visa permitir que argentinos entrem nos EUA sem a necessidade de visto, tanto para turismo quanto para negócios.
A decisão ocorreu logo após a visita da secretária de Segurança Nacional dos EUA, Kristi Noem, à Casa Rosada.
Com isso, a Argentina pretende se juntar a um grupo de 42 países com acesso facilitado ao território americano.
Segundo o comunicado oficial, a entrada no programa exige o cumprimento de rigorosos padrões migratórios.
Aproximação com os EUA afasta a Argentina do bloco sul-americano
O presidente argentino tem fortalecido laços com o governo Trump desde sua volta à Casa Branca.
Enquanto isso, países como o Brasil enfrentam tensão comercial com os Estados Unidos.
Em 9 de julho de 2025, a gestão Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Essa nova taxação entrará em vigor a partir de 1º de agosto.
Por outro lado, a Argentina tenta se beneficiar desse cenário, aprofundando sua relação com o atual governo americano.
Esse vínculo se dá tanto por afinidade ideológica quanto por interesses econômicos.
Como funciona o Visa Waiver Program
O Visa Waiver Program permite que cidadãos de países participantes viajem para os EUA por até 90 dias sem visto.
Basta preencher o formulário ESTA com antecedência mínima de 90 dias.
O custo atual é de US$ 21, cerca de R$ 114.
Esse valor é muito inferior aos mais de R$ 1.000 cobrados por um visto convencional.
Atualmente, apenas o Chile possui esse benefício entre os países da América Latina.
Para ingressar, a Argentina precisará adotar medidas de segurança compatíveis com exigências internacionais.
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Brasil enfrenta barreiras e impasse diplomático
Apesar de tentativas iniciadas ainda em 2011 por Dilma Rousseff e Barack Obama, o Brasil não avançou no processo de isenção.
Agora, com Trump de volta à presidência, o país se vê em desvantagem.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior afirmou, em 27 de julho, que negocia uma saída diplomática.
No entanto, especialistas como Alberto Pfeifer, da USP, apontam falhas nos canais de diálogo.
Segundo ele, decisões tarifárias estão concentradas no alto escalão da Casa Branca.
Esse fator dificulta qualquer avanço técnico ou neutro.
Estratégia argentina mira turismo, negócios e geopolítica
A adesão da Argentina ao VWP não representa apenas um avanço em turismo.
Também consolida a aproximação com os Estados Unidos e fortalece a posição do país na América do Sul.
Reduzir custos de entrada no mercado norte-americano pode impulsionar a economia argentina.
Além disso, o gesto marca um afastamento de políticas regionais anteriores e um novo alinhamento estratégico.
Ao buscar mais proximidade com os EUA, Milei tenta transformar sua diplomacia externa em vantagem competitiva.
Esse movimento tem impacto tanto político quanto econômico.