Argentina aproveita suspensão de tarifas, vende soja em volumes recordes para a China e deixa agricultores dos EUA sob pressão política crescente.
A Argentina registrou neste mês o maior volume de encomendas de soja em sete anos. Importadores chineses compraram milhões de toneladas do grão durante uma breve suspensão das tarifas de exportação, garantindo mais da metade de suas necessidades imediatas diretamente da América do Sul.
O movimento fortaleceu a posição de Buenos Aires no mercado global e gerou atritos em Washington, onde cresce a preocupação com os laços estreitos do presidente Javier Milei com Pequim.
Reação em Washington
As negociações ganharam contornos políticos após um episódio durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Um fotógrafo registrou o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, lendo uma mensagem sobre as transações. A imagem ganhou destaque na imprensa argentina.
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A mensagem, assinada “BR” e atribuída à secretária de Agricultura Brooke Rollins, reproduzia o desabafo do corretor de grãos de Iowa, Ben Scholl, que criticou o apoio financeiro de Washington a Buenos Aires.
“Socorremos a Argentina ontem e, em troca, o país removeu as tarifas de exportação de grãos, reduzindo o preço para a China justamente no momento em que normalmente estaríamos vendendo para eles”, dizia o texto.
China pressiona agricultores americanos
A ofensiva chinesa nas compras de soja da América do Sul ocorreu enquanto o presidente Donald Trump estabelecia o prazo de 10 de novembro para um acordo comercial com Pequim.
A estratégia de tarifas, lançada no início do ano, tinha como objetivo pressionar a China a aceitar termos favoráveis aos Estados Unidos.
No entanto, seis meses após o chamado “Dia da Libertação” das tarifas, os agricultores americanos enfrentam perdas significativas. Desde maio, a China não adquire soja dos EUA, segundo a Associação Americana de Soja. Em vez disso, Pequim consolidou contratos com Brasil e Argentina, deixando produtores norte-americanos sem mercado.
Impactos e paralelos
A mudança repete o cenário do primeiro mandato de Trump, quando a guerra tarifária levou as exportações de soja dos Estados Unidos a despencarem de US$ 14 bilhões em 2016 para apenas US$ 3,1 bilhões em 2018.
Agora, a nova onda de compras chinesas na América do Sul amplia o temor de que a agricultura americana siga perdendo espaço em um de seus mercados mais tradicionais, ao mesmo tempo em que expõe as consequências diretas da disputa comercial entre Washington e Pequim.