Projeto em parceria entre Argélia e Catar deve revolucionar a produção de laticínios, gerar milhares de empregos e abastecer todo o mercado local.
Um dos maiores projetos agropecuários do planeta foi anunciado recentemente: a Argélia, em parceria com a gigante Baladna, do Catar, confirmou o investimento de US$ 3,5 bilhões para erguer a maior fazenda de leite do mundo. O empreendimento vai reunir 272 mil vacas em lactação em um complexo moderno, capaz de mudar completamente a cadeia produtiva de laticínios no país africano.
Localizada na província de Adrar, no sudoeste argelino, a fazenda ocupará uma área de 117 mil hectares e será equipada com tecnologia de ponta, integrando toda a cadeia: desde a ordenha até a industrialização e embalagem do leite em pó.
A dimensão do projeto
Para se ter uma ideia do tamanho do investimento, nenhuma outra fazenda leiteira no mundo chega perto desses números. Hoje, grandes complexos no Brasil, China e Estados Unidos concentram algumas dezenas de milhares de vacas. A proposta argelina multiplica esse patamar por várias vezes, criando um modelo de produção inédito.
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Segundo estimativas, o megacomplexo terá capacidade de produzir 200 mil toneladas de leite em pó por ano. Essa quantidade é suficiente para garantir o abastecimento interno e reduzir drasticamente a dependência de importações de laticínios.
Impacto econômico e social
O governo da Argélia destacou que o projeto vai gerar mais de 5.000 empregos qualificados, além de movimentar cadeias paralelas, como transporte, insumos agrícolas, produção de rações e serviços tecnológicos.
A expectativa é que, até o fim de 2027, quando a fazenda atingir sua capacidade total, a Argélia se torne autossuficiente em leite e passe a disputar espaço no mercado internacional, exportando parte da produção.
Para o Catar, parceiro no investimento, a iniciativa reforça a estratégia de garantir segurança alimentar em regiões estratégicas, diversificando sua atuação além do Oriente Médio.
A importância estratégica para a Argélia
A Argélia é um dos maiores importadores de leite em pó do mundo. Grande parte do consumo nacional vem de países europeus e da Nova Zelândia, o que gera custos elevados e vulnerabilidade a oscilações de preços internacionais.
Com a criação da maior fazenda de leite do mundo, o país dá um passo decisivo para conquistar soberania alimentar. O objetivo é claro: reduzir a dependência externa e transformar a pecuária leiteira em um novo polo de desenvolvimento econômico.
Alta tecnologia no campo
O complexo terá soluções modernas de manejo, genética animal e automação. A ordenha será totalmente mecanizada, garantindo eficiência e padronização da produção. Além disso, serão construídas fábricas próprias de ração, áreas de cultivo irrigado para pastagem e centros de processamento com capacidade industrial inédita.
Essa estrutura permitirá que o projeto funcione de forma integrada, com controle de qualidade desde a fazenda até o produto final. Para o consumidor argelino, isso significa mais segurança e disponibilidade de leite a preços competitivos.
Desafios logísticos e ambientais
Apesar do entusiasmo, especialistas lembram que o sucesso de um projeto dessa magnitude depende de fatores logísticos e ambientais. A região de Adrar é árida, exigindo sistemas avançados de irrigação para sustentar a produção de alimentos para o rebanho.
A questão hídrica, o fornecimento de energia e a sustentabilidade do modelo ainda são pontos de atenção. Porém, autoridades locais garantem que estudos de viabilidade já foram feitos e que o projeto segue os padrões internacionais de pecuária intensiva.
Quando começa a operar
Segundo informações divulgadas, a construção do megacomplexo deve começar em 2026. A previsão é que a produção inicial ocorra em 2027, com expansão progressiva até atingir a capacidade máxima.
Se tudo correr conforme planejado, a Argélia poderá, em menos de uma década, transformar-se em um novo polo global de produção de leite, deixando para trás a dependência de importações e abrindo espaço para exportações.
A maior fazenda de leite do mundo
O investimento de US$ 3,5 bilhões para erguer a maior fazenda de leite do mundo é um marco na história da agropecuária. Com 272 mil vacas em lactação, tecnologia de ponta e produção anual estimada em 200 mil toneladas de leite em pó, o projeto promete mudar não apenas a economia da Argélia, mas também o mercado global de laticínios.
Mais do que um feito de engenharia e pecuária, essa iniciativa mostra como países em desenvolvimento estão apostando em megaprojetos agroindustriais para conquistar segurança alimentar e ampliar sua presença no comércio internacional.