Estudo do governo aponta que pico de consumo de energia migrou para a tarde, anulando a economia que justificava o adiantamento dos relógios no Brasil.
O horário de verão, uma política pública que por décadas fez parte da rotina dos brasileiros, foi oficialmente suspenso em 2019 e não tem previsão de retorno para 2025. A principal justificativa para o fim da medida, segundo análises técnicas do governo, é uma mudança profunda nos hábitos de consumo de energia da população, impulsionada principalmente pela popularização do ar-condicionado. O que antes era uma estratégia eficaz para economizar luz no início da noite, hoje perdeu seu propósito central.
A lógica por trás do fim do adiantamento dos relógios é simples: o pico de demanda de eletricidade no país não ocorre mais no período noturno. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o maior consumo agora se concentra no meio da tarde, entre 14h e 16h. Esse fenômeno está diretamente ligado às altas temperaturas e à necessidade de climatização de ambientes, tornando a economia que o horário de verão proporcionava praticamente nula e, em alguns casos, até prejudicial para a estabilidade do sistema elétrico.
A mudança no perfil de consumo: o fator ar-condicionado
Historicamente, o horário de verão foi implementado com um objetivo claro: deslocar o consumo de energia do horário de pico, que acontecia entre 18h e 21h. Nesse período, o acionamento de lâmpadas, chuveiros elétricos e outros eletrodomésticos sobrecarregava o sistema. Ao adiantar o relógio em uma hora, aproveitava-se a luz natural por mais tempo, adiando a necessidade de iluminação artificial e, consequentemente, “achatando” a curva de demanda, conforme explicado pelo próprio MME. Essa estratégia aliviava a carga nas linhas de transmissão e distribuidoras.
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No entanto, essa realidade mudou drasticamente. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do MME confirmam que o grande vilão do consumo elétrico contemporâneo é o calor. Com verões cada vez mais intensos — o período de 2024 e 2025 foi classificado pelo governo como o mais quente desde 1961, o uso massivo de aparelhos de ar-condicionado e refrigeração criou um novo pico de demanda no período da tarde. Nesse novo cenário, adiantar o relógio não gera mais economia, pois a demanda por refrigeração durante as horas mais quentes do dia supera em muito a economia com iluminação no início da noite.
O fim de uma era: impacto econômico e estabilidade energética
A decisão de suspender o horário de verão não foi apenas uma questão de hábito, mas uma resposta técnica a dados concretos. Os estudos que basearam o fim da medida mostraram que os benefícios econômicos haviam se tornado residuais. A economia de energia, que já foi significativa, tornou-se tão baixa que não justificava mais os custos operacionais e o impacto na rotina da população e de setores como o agronegócio e o transporte aéreo. Manter a política seria ignorar a nova dinâmica de consumo do país.
Mais do que a economia, a preocupação do ONS passou a ser a segurança e a estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN). Gerenciar o pico de consumo da tarde, agravado por ondas de calor extremas, exige muito mais do sistema do que o antigo pico noturno. Portanto, a manutenção do horário de verão não contribuiria para resolver o problema mais crítico da matriz energética atual. A medida, que nasceu como uma solução de eficiência, tornou-se irrelevante diante da transformação tecnológica e climática que o Brasil e o mundo enfrentam.
A decisão de encerrar o horário de verão foi acertada para a realidade atual do Brasil? Você sente falta de adiantar os relógios e aproveitar o fim de tarde com mais luz ou prefere a estabilidade do horário padrão, mesmo com o calor intenso?
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