Incêndio na plataforma Cherne-1 leva IBP a suspender inspeções da Petrobras na Bacia de Campos; unidade opera há 40 anos, o dobro da vida útil prevista.
Um incêndio recente na plataforma Cherne-1, localizada na Bacia de Campos dos Goytacazes (RJ), levou o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) a suspender, de forma cautelar, o Sistema de Gestão de Inspeção de Equipamentos (SPIE) da Petrobras na Unidade de Negócios da Bacia de Campos (UN-BC).
A medida, embora temporária, impôs restrições imediatas às operações da estatal até que sejam apuradas as causas do acidente, cuja gravidade reacendeu discussões sobre a integridade estrutural de unidades offshore que ultrapassaram sua vida útil projetada.
Estrutura da plataforma Cherne-1 ultrapassa limite de operação segura
Relatórios técnicos preliminares apontam que a plataforma Cherne-1, originalmente projetada para operar por 20 anos, já está em atividade há quatro décadas — o dobro do tempo previsto.
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Essa discrepância entre a vida útil planejada e a realidade operacional é uma das preocupações centrais da comissão técnica que investiga o acidente.
A deterioração estrutural da unidade está sendo minuciosamente analisada, com foco em possíveis falhas que possam ter contribuído para o incêndio.
Enquanto isso, o IBP exige da Petrobras um plano de ações corretivas para retomar a plena certificação.
IBP aplica suspensão com base em normas técnicas
De acordo com o item 4.16 das diretrizes que regulam o SPIE, a suspensão cautelar pode ser determinada sempre que ocorrer um acidente ampliado, como o registrado na Cherne-1.
A medida foi adotada conforme parecer da Comissão de Certificação (ComCer), que irá deliberar sobre a manutenção do certificado entre os dias 13 e 15 de maio.
O item 11.5 da norma estabelece ainda que o certificado do SPIE deve permanecer suspenso até a apresentação de um relatório de investigação conclusivo ao Organismo de Certificação de Produtos (OCP).
A decisão final da ComCer considerará também informações encaminhadas por órgãos fiscalizadores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Petrobras mantém rotinas operacionais e segurança a bordo
Em nota oficial, a Petrobras informou que a suspensão cautelar “é uma medida administrativa e não impacta nas atividades de inspeção e manutenção já em curso na plataforma”.
A companhia reforçou que as rotinas estabelecidas seguem sendo cumpridas “para manter as condições de habitabilidade e segurança de Cherne I, em conformidade com as normas vigentes”.
Além disso, a estatal destacou que foi formalmente notificada pelo IBP e que aguarda a conclusão do relatório de investigação para as deliberações da ComCer.
Três trabalhadores seguem hospitalizados com estado de saúde estável
O incidente também deixou feridos. Segundo a Petrobras, três trabalhadores permanecem internados, sendo monitorados clinicamente, com quadro de saúde considerado estável.
O caso da plataforma Cherne-1 reforça a necessidade de maior fiscalização sobre estruturas envelhecidas no setor de petróleo e gás.
A continuidade de operações em plataformas que excedem seu tempo de vida útil sem modernizações adequadas pode representar riscos crescentes.