Histórica ferrovia, após décadas de abandono, está prestes a renascer. Projetos ambiciosos preveem a expansão do VLT e até a implementação de um trem intercidades.
No coração do litoral paulista, uma antiga ferrovia, há muito esquecida, desperta novamente o interesse de autoridades e moradores.
A linha Santos-Juquiá, que outrora conectava o Porto de Santos ao interior do estado, pode estar prestes a receber novos trilhos de esperança.
Projetos ambiciosos visam transformar essa via em um corredor moderno de transporte, integrando Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e o aguardado Trem Intercidades.
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O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (MDB), mantém firme o plano de estender o VLT até sua cidade.
Em breve, ele se reunirá com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para discutir os detalhes dessa expansão.
A proposta prevê beneficiar mais de 70 mil usuários locais e atender à crescente demanda dos municípios do Litoral Sul, incluindo Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.
Atualmente, o VLT opera entre Santos e São Vicente, transportando cerca de 25 mil passageiros diariamente.
Expansão do VLT: um novo horizonte para Praia Grande
De acordo com o projeto da Prefeitura de Praia Grande, o VLT percorrerá aproximadamente 25 km, iniciando na Ponte dos Barreiros, em São Vicente, e seguindo até a divisa com Mongaguá.
O trajeto inclui a construção de um viaduto exclusivo de 400 metros, conectando o sistema a uma área anteriormente utilizada para o cultivo de chuchus.
Dali, o percurso avançará por 3.280 metros até o bairro Tude Bastos, acompanhando posteriormente o traçado da Via Expressa Sul até a Curva do S.
A partir desse ponto, o VLT utilizará a faixa de domínio da antiga ferrovia Santos-Juquiá, tendo o Jardim Solemar como destino final.
“Trazer o VLT para Praia Grande é mais do que uma meta de governo; é um passo crucial para modernizar o transporte público da cidade, facilitar o deslocamento dos moradores e reduzir o tempo de viagem entre os municípios da Baixada Santista”, afirmou o prefeito Mourão à coluna Contraponto do Diário do Litoral.
Para isso, de acordo com ele, é essencial que ampliemos as tratativas e debates com o governo estadual, de modo a viabilizar a execução deste projeto tão aguardado.
Trem Intercidades: conectando São Paulo ao litoral
Paralelamente, o governo de São Paulo estuda a implantação do Trem Intercidades – Eixo Sul, que estabelecerá uma ligação ferroviária entre a capital e Santos.
Três rotas para a descida da serra estão em análise: via Paranapiacaba, via Parelheiros ou via Rodovia dos Imigrantes.
As duas últimas opções contemplam a conexão da serra com Mongaguá, utilizando trechos da ferrovia Santos-Juquiá, também considerada para o projeto do VLT.
Um acordo firmado entre o governo estadual e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) prevê a realização de estudos para definir os traçados dos eixos Leste e Sul do Trem Intercidades.
O eixo Leste conectará São Paulo a São José dos Campos.
Segundo o governador Tarcísio de Freitas, a escolha do melhor trajeto dependerá dos custos de implantação e do tempo de viagem de cada alternativa.
Histórico da ferrovia Santos-Juquiá
Originalmente conhecida como Ramal de Juquiá, a linha Santos-Juquiá é uma ferrovia paulista de bitola métrica que liga o Porto de Santos à cidade de Juquiá, passando por municípios como Itanhaém e Peruíbe.
Em 1986, a Fepasa ampliou a ferrovia com a construção da Extensão Juquiá-Cajati, adicionando cerca de 70 km ao trajeto e estendendo a linha até Cajati, passando por Registro.
A ferrovia operou com transporte de passageiros até a década de 1990 e de cargas até 2002.
Desde então, permanece desativada, com trechos cobertos pela vegetação e estruturas deterioradas.
Desafios e perspectivas para a revitalização
A reativação da ferrovia Santos-Juquiá enfrenta desafios significativos.
Estudos ambientais, econômicos e técnicos indicaram a inviabilidade do escoamento de cargas no trecho, atualmente sob responsabilidade da concessionária Rumo.
O custo estimado para a recuperação da linha ultrapassa R$ 300 milhões.
No entanto, especialistas avaliam que o investimento pode ser compensado pela implantação de um VLT entre Santos e Itanhaém ou Peruíbe, além da possibilidade de trens turísticos entre os municípios.
Essas iniciativas poderiam revitalizar a economia local e oferecer alternativas sustentáveis de transporte.