São muitos os motivos que levam o gás natural para outros caminhos mas o dado só demonstra o quão difícil será a tarefa do governo de baratear o combustível
Segundo dados da ANP e do MME, apenas 50% do gás natural produzido no país chega ao mercado, enquanto que 36% é devolvido ao poço, em forma de reinjeção, 11% é consumido a bordo das plataformas para geração de energia e 3% é queimado no flare.
Se formos traçar um comparativo do volume de gás natural devolvido aos poços com o comprado da Bolívia, ficaremos ainda mais surpresos, o volume do gás reinjetado é quase o dobro, no período de 2018 até julho deste ano. O cenário vai de encontro ao pensamento do governo que é o fazer o preço do combustível cair pela metade para possibilitar o crescimento das empresas.
A prática de reinjeção do gás natural nos poços é recorrente no mercado brasileiro, sem uma limitação da ANP para a atividade, são duas as razões pela quais as operadoras a usam para aumentar a produção de petróleo.
Uma razão é visar o aumento da pressão do poço e facilitar a saída do óleo e a outra é pela falta de infraestrutura para escoamento da produção até a costa.
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A ANP estuda se limitará a devolução do combustível aos poços, mas não é uma tarefa muito fácil, pois diversos fatores influenciam no estabelecimento de volumes, tais como, aspectos técnicos e econômicos de cada campo.
“Duvido que a ANP vai limitar a quantidade. Vai avaliar a solução técnica proposta pelo operador, se considera adequada. Os operadores têm dados para justificar os volumes e discutir, tecnicamente”, declarou o secretário Executivo de Gás Natural no IBP, Luiz Costamilan.
Segundo o secretário, a reinjeção é a primeira opção das petroleiras no cenário atual, pois impede a queda de pressão no reservatório, “O grande objetivo é maximizar a recuperação de petróleo do reservatório, o que reflete no resultado financeiro.”, completou ele.
Assim, mesmo com a ANP divulgando que a produção de gás natural no Brasil tenha dobrado, o volume que chega ao mercado não acompanha este crescimento.
Segundo dados da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), são reinjetados diariamente nos poços cerca de R$ 48,7 milhões. Se este volume chegasse ao mercado haveria um aumento de 64% na oferta de gás nacional.
Todavia, precisamos levar em conta que como a injeção de gás melhora a produção dos poços, o rendimento sem a atividade seria menor também.
Infraestrutura
Para que o Gás natural chegue na costa precisaríamos de ter uma malha de gasodutos bem mais ampla. O Brasil tem hoje 9.400 km. de gasodutos, enquanto que a Argentina tem 16.000 Km, a Europa 200.000 Km e os EUA 497.000 Km.
Os números brasileiros são bem modestos e são o principal desafio do programa “Novo Mercado de Gás” que está sendo implantado pelo atual governo federal.
Segundo a Abegás seriam necessários investimentos da ordem de US$ 19,5 bilhões em rotas de escoamento, unidades de processamento para que esse gás chegue ao consumidor.
Existe uma proposta travada no congresso para a criação de um fundo para financiar a construção de dutos, a Brasduto, mas se virar lei, não deverá ter a sanção do governo, pois paulo Guedes é a favor que os investimentos para abertura do setor venham da iniciativa privada.
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