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Maior favela do Brasil é apelidada de ‘formigueiro humano’ e concentra 48 mil moradores por km², segundo IBGE

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 29/10/2025 às 21:10
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Em meio a becos e ladeiras, a Rocinha revela um retrato extremo da urbanização carioca, com densidade recorde e desafios de infraestrutura que chamam a atenção de estudiosos e gestores públicos.

No vai e vem das vielas, motos sobem as ladeiras como formigas em fila.

Sacolas cruzam becos por mãos diferentes e janelas se encarregam de notícias que percorrem a encosta mais rápido que o trânsito lá embaixo.

À primeira vista, o emaranhado de casas parece desafiar as curvas da montanha e o espaço possível entre um telhado e outro.

Essa paisagem, familiar a quem circula pela Zona Sul, ajuda a explicar por que a Rocinha virou sinônimo de adensamento extremo no Rio de Janeiro.

Logo abaixo da superfície pitoresca, o dado central é objetivo: a Região Administrativa Rocinha lidera a densidade demográfica do município, com 48.258 habitantes por quilômetro quadrado, segundo séries municipais baseadas no Censo 2022.

O indicador, que divide a população pela área, resume o grau de ocupação do território e serve de parâmetro para urbanismo, saúde e proteção social.

Densidade recorde e o que ela revela

Vista aérea da Rocinha mostra moradias compactas em encosta da Zona Sul do Rio, ilustrando densidade e ocupação urbana acelerada. (Imagem: Andreas Ebner/Pexels)
Vista aérea da Rocinha mostra moradias compactas em encosta da Zona Sul do Rio, ilustrando densidade e ocupação urbana acelerada. (Imagem: Andreas Ebner/Pexels)

A liderança da Rocinha aparece nos painéis oficiais da prefeitura, que comparam as 33 regiões administrativas e apontam o bairro como o mais adensado da cidade.

Em números práticos, o patamar supera o de outras áreas populosas e reforça a pressão por serviços e infraestrutura em um recorte territorial reduzido.

Em contraste, Guaratiba figura como a região menos adensada do Rio, com 809 habitantes por km².

A distância entre extremos, registrada nas bases públicas, evidencia dinâmicas urbanas distintas dentro do mesmo município e exige políticas calibradas às realidades locais.

Retrato pelo Censo: favela mais populosa do país

O quadro ganhou mais definição com o suplemento do IBGE para favelas e comunidades urbanas no Censo 2022.

Nesse recorte, a Rocinha é a favela mais populosa do Brasil, com 72.021 moradores e 30.371 domicílios.

O dado ajuda a compreender por que a densidade na região administrativa é tão elevada e como a ocupação se distribui em uma área de topografia desafiante.

Em escala nacional, o IBGE dimensionou 16,4 milhões de pessoas vivendo em aglomerados subnormais.

O número dá contexto ao fenômeno e permite situar a Rocinha no mosaico urbano brasileiro, onde o padrão de crescimento em encostas e áreas de difícil urbanização ainda impõe desafios históricos.

Onde fica e por que adensa tanto

Entre São Conrado e Gávea, a Rocinha é bairro oficial desde a década de 1990 e integra a Área de Planejamento 2.

A localização estratégica, próxima a polos de emprego, comércio e serviços, somada à topografia de encosta, condicionou a forma como o território foi ocupado.

Com pouca área disponível e alta demanda por moradia, a expansão ocorreu em camadas, verticalizando-se onde possível e preenchendo vazios com passagens estreitas, escadarias e lajes.

Esses elementos urbanos explicam por que um espaço fisicamente limitado consegue abrigar tanta gente.

Eles também ajudam a entender a concentração de atividades econômicas e circulação de pessoas em eixos específicos, o que impacta mobilidade, saneamento e acesso a equipamentos públicos.

Como o dado é calculado e por que importa

Vista aérea da Rocinha mostra moradias compactas em encosta da Zona Sul do Rio, ilustrando densidade e ocupação urbana acelerada. (Imagem: Andreas Ebner/Pexels)
Comunidade da Rocinha entre São Conrado e Gávea com tráfego de pessoas nas vielas mostra a intensidade do “formigueiro humano” urbano. (Imagem: Jooinn/Jack Moreh)

A densidade informada pela prefeitura resulta da combinação de base cartográfica local com dados censitários.

O indicador é simples — população dividida pela área —, mas suas aplicações são amplas.

Em planejamento urbano, orienta a distribuição de unidades de saúde, escolas, transporte e infraestrutura.

Na saúde pública, sinaliza risco potencial de transmissão de doenças e necessidade de vigilância ativa.

Na assistência social, aponta áreas com maior pressão sobre serviços de acolhimento e proteção.

Paralelamente, o IBGE classifica setores da Rocinha como “área urbana de alta densidade de edificações” e “aglomerado subnormal”.

São tipologias técnicas para territórios com irregularidade fundiária e carências históricas de infraestrutura.

Essa classificação permite observar a heterogeneidade interna do bairro: nem todo trecho é igualmente adensado, e os desafios variam quarteirão a quarteirão.

Comparações que ajudam a planejar

A diferença entre os extremos municipais funciona como régua para políticas públicas.

Se a Rocinha apresenta alta densidade e malha finamente ocupada, Guaratiba, com densidade baixa, demanda soluções de outra natureza.

Comunidade da Rocinha entre São Conrado e Gávea com tráfego de pessoas nas vielas mostra a intensidade do “formigueiro humano” urbano. (Imagem: Jooinn/Jack Moreh)
Comunidade da Rocinha entre São Conrado e Gávea com tráfego de pessoas nas vielas mostra a intensidade do “formigueiro humano” urbano. (Imagem: Jooinn/Jack Moreh)

Essas soluções estão ligadas à distância entre serviços, às conexões de transporte e à ocupação dispersa.

O recorte por regiões administrativas contribui para leituras mais equilibradas do território, evitando generalizações a partir de uma única realidade urbana.

Em séries históricas, a Rocinha aparece com frequência entre as áreas mais adensadas do Rio.

Isso sugere que a pressão demográfica não é circunstancial.

Por essa razão, técnicos municipais tratam a densidade como variável-chave: ela baliza decisões sobre obras de mobilidade, ampliação de redes de água e esgoto, mitigação de riscos em encostas e priorização de serviços públicos.

O que mostram os cruzamentos de dados

Os painéis municipais permitem cruzar densidade com infraestrutura urbana, desempenho de equipamentos de saúde e educação e informações sociodemográficas.

Já o Censo 2022, com o suplemento de favelas, fornece base para identificar onde se concentram os estoques de moradia, como as famílias se distribuem por setores censitários e quais trechos demandam atenção mais imediata do poder público.

Apesar de a densidade ser um número único, sua interpretação depende do recorte espacial.

Em um bairro com topografia complexa, variações internas importam.

Mudanças em acessibilidade, disponibilidade de serviços e características das edificações influenciam o grau de pressão sobre o território.

Transparência e acompanhamento contínuo

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A administração local utiliza os parâmetros do IBGE e de órgãos municipais para padronizar a mensuração, o que dá comparabilidade ao indicador ao longo do tempo.

Essa padronização viabiliza o acompanhamento periódico por técnicos, pesquisadores e moradores, e alimenta discussões públicas informadas sobre prioridades e resultados de políticas.

A manutenção de bases abertas e metodologias explícitas permite que a população acompanhe a evolução de densidade e população na Rocinha e em outras regiões.

Esse monitoramento, quando atualizado, reduz margens de dúvida e favorece a definição de metas factíveis, sobretudo em áreas de alta pressão demográfica.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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