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Aos 15 anos, brasileira ganha destaque ao somar 8 detecções de asteroides em projeto da NASA e aguarda validação mundial

Escrito por Carla Teles
Publicado em 10/11/2025 às 16:34
Aos 15 anos, brasileira ganha destaque ao somar 8 detecções de asteroides em projeto da NASA e aguarda validação mundial
Aos 15 anos, essa brasileira ganha destaque ao detectar 8 asteroides em projeto da NASA. Entenda por que a validação oficial pode levar até 10 anos. Imagem: IA
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Descobertas de 2021 colocaram Rafaella Amorim Rios em evidência; entenda por que essa brasileira ganha destaque mas ainda aguarda a confirmação oficial das agências espaciais

Em 2021, uma jovem brasileira ganha destaque no cenário científico amador ao participar da detecção de oito possíveis novos asteroides. Rafaella Amorim Rios então com 15 anos, tornou-se notícia nacional por seu envolvimento no programa “Caça Asteroides”, uma iniciativa que conecta estudantes a dados reais de observatórios internacionais. Sua história inspirou muitos jovens a olharem para o céu não apenas com admiração, mas com intenção científica.

No entanto, por trás das manchetes, existe um complexo e longo processo burocrático e científico. Embora a brasileira ganhe destaque inicial pelas detecções, esses achados ainda estão em estágio preliminar. Para que um asteroide seja oficialmente “descoberto” e possa receber um nome escolhido por quem o encontrou, é necessária uma jornada de validação que, segundo especialistas, pode levar de 5 a 10 anos.

O programa e a metodologia de detecção

A participação de Rafaella ocorreu através de uma colaboração entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil e o International Astronomical Search Collaboration (IASC), um programa de ciência cidadã apoiado pela NASA. É importante notar que ela não estava sozinha: Rafaella integrava a equipe “Meninas na Ciência” da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi este grupo que, coletivamente, foi responsável pelas oito detecções preliminares durante as campanhas de análise.

O trabalho desses cientistas cidadãos não envolve olhar através de telescópios, mas sim analisar dados de alta qualidade já captados por poderosos instrumentos, como o telescópio Pan-STARRS no Havaí. Utilizando softwares especializados como o Astrometrica, os participantes analisam imagens em lapso de tempo buscando por pontos que se movem em relação ao fundo fixo de estrelas. É um trabalho meticuloso de reconhecimento de padrões que muitas vezes escapa aos algoritmos automáticos, e é por isso que a contribuição humana ainda é vital.

Detecção preliminar vs. descoberta confirmada

Imagem do possível asteroide. Foto: UFSC
Imagem do possível asteroide. Foto: UFSC

Para entender a longa espera, é crucial diferenciar os termos técnicos. As oito detecções da equipe de Rafaella foram classificadas pelo IASC como “Detecções Preliminares“. Isso significa que elas parecem válidas na primeira análise, mas ainda não foram verificadas pelo Minor Planet Center (MPC), a autoridade global para esses corpos celestes. O funil é estreito: o próprio IASC lista mais de 18 mil detecções preliminares em seu histórico, mas apenas uma pequena fração avança para o próximo estágio, chamado de “Provisional”.

Quando a brasileira ganha destaque por esse feito, é pelo sucesso nessa primeira etapa crítica. Se as detecções forem confirmadas pelo MPC com observações adicionais (pelo menos duas noites de dados), elas recebem uma “Designação Provisória” (um código alfanumérico como 2021 CP66). Muitas detecções iniciais acabam sendo descartadas por serem ruído nos dados ou objetos já conhecidos, o que torna a cautela científica indispensável antes de qualquer celebração definitiva.

A maratona orbital: por que 5 a 10 anos?

O maior obstáculo para a nomeação de um asteroide é a necessidade de determinar sua órbita com extrema precisão. Para que um objeto passe de “Provisório” para “Numerado” (o status que permite a nomeação), ele precisa ser observado em “quatro ou mais oposições“. Uma oposição ocorre quando a Terra está entre o Sol e o asteroide, o melhor momento para observação, o que acontece aproximadamente a cada 13 a 16 meses para objetos do Cinturão Principal.

Portanto, acumular dados de quatro oposições diferentes leva, inevitavelmente, vários anos. Se o objeto for muito tênue ou estiver em uma posição desfavorável em algum ano, ele pode não ser observado, estendendo ainda mais o prazo. É essa rigorosa necessidade de “reobservação” para garantir que o objeto não será perdido que justifica a estimativa de até uma década para a validação final.

O privilégio da nomeação

O sonho de Rafaella de nomear um asteroide em homenagem ao seu ídolo, Carl Sagan, ou a membros da família, depende inteiramente da conclusão desse processo. As regras da União Astronômica Internacional (IAU) são claras: o privilégio de sugerir um nome só é concedido ao descobridor após o objeto ser oficialmente numerado.

Uma vez numerado, abre-se uma janela de 10 anos para que o descobridor envie sua sugestão ao comitê da IAU, que julgará se o nome é adequado. Até o momento, as detecções de 2021 ainda não constam na lista de “descobertas numeradas” do IASC, confirmando que a jovem astrônoma amadora ainda está na fase de espera desse longo ciclo científico.

A história de Rafaella Amorim Rios ilustra perfeitamente como a ciência cidadã pode engajar jovens talentos e contribuir para a defesa planetária, identificando objetos que máquinas podem perder. Embora a validação final exija paciência e anos de dados adicionais, o impacto educacional e inspiracional de sua participação é imediato e indiscutível.

Você sabia que o processo para validar um asteroide era tão rigoroso e demorado? Acredita que essa cautela é necessária para a ciência? Compartilhe sua opinião nos comentários abaixo.

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Carla Teles

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