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Angra 3: o elefante branco nuclear do Brasil que custa mais de R$ 1 bilhão por ano sem produzir energia. O que impede a conclusão dessa obra bilionária parada desde a Lava Jato?

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/06/2025 às 23:02
Atualizado em 11/06/2025 às 10:05
Angra 3 custa mais de R$ 1 bilhão por ano sem gerar energia. Parada desde 2015, obra bilionária desafia governo e setor energético.
Angra 3 custa mais de R$ 1 bilhão por ano sem gerar energia. Parada desde 2015, obra bilionária desafia governo e setor energético.

Usina nuclear Angra 3 continua inacabada desde 2015, acumulando custos bilionários e incertezas. Enquanto decisões não são tomadas, o projeto segue como símbolo dos entraves técnicos, financeiros e políticos que desafiam grandes obras públicas no Brasil.

A usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), permanece inativa mesmo após décadas de obras e bilhões de reais já investidos.

Com cerca de 67% da estrutura construída e 85% dos equipamentos adquiridos, o projeto segue sem produzir energia.

Enquanto isso, o custo de manutenção e encargos financeiros pode ultrapassar R$ 1 bilhão ao ano, segundo dados da Eletronuclear e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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As obras da usina estão paralisadas desde 2015, após investigações da Operação Lava Jato revelarem irregularidades nos contratos de construção.

Desde então, Angra 3 se tornou foco de discussões técnicas e econômicas sobre sua viabilidade e impacto no setor energético brasileiro.

Manutenção bilionária da usina nuclear

Atualmente, os custos anuais relacionados à usina incluem aproximadamente R$ 800 milhões em juros de dívidas com o BNDES e a Caixa Econômica Federal.

Outros R$ 120 milhões são destinados à conservação de equipamentos.

E cerca de R$ 100 milhões são utilizados para cobrir a folha de pagamento de profissionais alocados no projeto.

Especialistas do setor apontam que o cancelamento definitivo da obra também acarretaria custos significativos.

Um levantamento do BNDES estima que descontinuar Angra 3 pode gerar despesas entre R$ 21 bilhões e R$ 30 bilhões, somando rescisões contratuais, devolução de incentivos fiscais e desmobilização de estruturas.

Viabilidade econômica e decisão do governo

A responsabilidade pela continuidade ou encerramento do projeto está sob avaliação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

A decisão deve ocorrer até o final de 2025, após a análise de uma nova versão do estudo de viabilidade conduzido pelo BNDES.

O estudo atualiza as premissas econômicas e técnicas da usina e será decisivo para a definição do futuro da obra.

Desde maio de 2025, a Eletronuclear deixou de contar com o apoio da Eletrobras, que se retirou formalmente do projeto.

A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) passou a ser a principal responsável institucional pela usina.

Em entrevista à agência Reuters, o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo Leite, afirmou: “O pior tipo de projeto de infraestrutura é aquele que permanece paralisado.”

Ele também destacou que a manutenção de Angra 3 parada já custa mais de R$ 1 bilhão por ano, o que representa um peso significativo para os cofres públicos e para a sustentabilidade da empresa.

Potencial energético e impacto ambiental

Se concluída, Angra 3 poderá gerar até 1.405 megawatts de potência elétrica, suficiente para abastecer aproximadamente 4,5 milhões de pessoas.

O projeto também contribuiria para diversificar a matriz elétrica nacional, que ainda depende fortemente de fontes hidrelétricas e térmicas.

Do ponto de vista ambiental, a energia nuclear possui uma das menores taxas de emissão de gases de efeito estufa por quilowatt-hora.

São cerca de 12 g de CO₂ por kWh, conforme dados da Agência Internacional de Energia (IEA).

Esse índice é muito inferior ao de usinas a carvão, que emitem cerca de 820 g de CO₂ por kWh.

Investimento necessário e cenário financeiro

Para finalizar a obra, o investimento necessário gira em torno de R$ 23 bilhões.

O estudo do BNDES projeta uma tarifa estimada em R$ 653 por megawatt-hora (MWh), valor considerado viável em relação a outras fontes de geração.

Contudo, a situação financeira da Eletronuclear preocupa.

Em 2025, a empresa projeta déficit operacional de R$ 2,1 bilhões, mesmo após iniciar uma série de medidas de austeridade e reestruturação interna.

Um novo plano de negócios, com horizonte até 2029, foi aprovado para garantir maior sustentabilidade e transparência nas operações da estatal.

Futuro de Angra 3 ainda indefinido

Com o estudo do BNDES previsto para ser finalizado até dezembro de 2025, o CNPE terá a responsabilidade de definir o destino da usina nuclear.

Até lá, Angra 3 permanece como um exemplo dos desafios técnicos, financeiros e institucionais enfrentados por grandes projetos de infraestrutura no Brasil.

Qual caminho você acredita ser mais viável para o país: concluir Angra 3 ou encerrar definitivamente essa obra?

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Lord
Lord
11/06/2025 13:55

O problema não está na obra nem nos recursos, e sim no próprio governo. Seja ele de esquerda ou de direita, toda obra que se inicia acaba se tornando uma fonte de corrupção e desvio de dinheiro público. Nosso país tem todos os recursos necessários para ser uma potência significativa, mas, infelizmente, muitos dos nossos políticos encontram brechas em cada projeto para desviar verbas e recursos

Isaias da Costa Barbosa
Isaias da Costa Barbosa
11/06/2025 11:50

O preço do Megawat previsto é absurdo, muita incompetência e provável desvio de recursos, sou contra a privatização, precisamos moralizar o serviço público…energia barata significa processos de fabricação barata e poder de consumo tb e com isso crescimento.

Eloi
Eloi
11/06/2025 08:02

Vende pra China !!!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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