A Aneel estuda implantar, a partir de 2026, a Tarifa Horária como modelo padrão para consumidores que gastam mais de 1.000 kWh por mês. A proposta busca incentivar o uso de energia em horários mais baratos e reduzir a pressão sobre o sistema elétrico.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou nesta quinta-feira (6) que estuda uma ampla reformulação nas tarifas de energia elétrica para consumidores de baixa tensão, como residências e pequenos comércios. A principal novidade é que a Tarifa Horária, também conhecida como Tarifa Branca, poderá se tornar o modelo padrão para consumidores de maior porte — aqueles que consomem mais de 1.000 kWh por mês.
Atualmente, essa modalidade é opcional, mas tem baixa adesão. Se aprovada, a mudança afetará cerca de 2,5 milhões de unidades consumidoras em todo o país, responsáveis por 25% do consumo total da baixa tensão. A proposta representa um passo importante para alinhar o sistema tarifário à nova realidade do setor elétrico, marcada pelo crescimento acelerado da energia solar e eólica.
A agência reguladora abrirá uma consulta pública para ouvir a sociedade e o setor energético antes de definir o texto final. A previsão é que, após as análises e ajustes necessários, a implementação comece em 2026.
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Energia mais barata durante o dia e tarifa maior à noite
A proposta da Aneel tem como base uma ideia simples: ajustar o preço da energia de acordo com o horário do consumo. Nos períodos em que há maior oferta de energia limpa — especialmente das 10h às 14h, quando há forte geração solar — o custo seria menor. Já nos horários de pico, entre 18h e 21h, a tarifa ficaria mais cara, refletindo o aumento da demanda e a necessidade de acionar fontes mais custosas, como as usinas térmicas.
Segundo a agência, o objetivo é enviar um sinal de preço correto ao consumidor, estimulando que atividades de alto consumo, como o uso de ar-condicionado, bombas de piscina e o carregamento de veículos elétricos, sejam realizadas fora do horário de pico.
Com essa reorganização, o consumidor que adaptar sua rotina poderá reduzir significativamente a conta de luz, aproveitando os horários de menor custo. Além disso, a medida pretende diminuir o desperdício de energia renovável, que muitas vezes é produzida em excesso durante o dia e desperdiçada por falta de demanda imediata.
Impacto positivo no sistema elétrico e no meio ambiente
A Aneel acredita que a adoção da Tarifa Horária trará impactos positivos não apenas para os consumidores, mas também para o sistema elétrico como um todo. Ao incentivar o consumo nos períodos de maior oferta de energia limpa, a agência espera reduzir a necessidade de acionamento de usinas térmicas, que são mais poluentes e caras, e adiar investimentos pesados em expansão de redes de transmissão e distribuição.
Essa estratégia acompanha a tendência global de flexibilização do consumo de energia, em que os usuários passam a ter papel mais ativo na gestão da demanda elétrica. Em países da Europa, por exemplo, modelos semelhantes já resultaram em redução de picos de consumo e melhor aproveitamento da energia solar.
Novos medidores e tecnologia inteligente nas residências
Para que a mudança seja viável, será necessário instalar novos medidores de energia capazes de registrar o consumo hora a hora. Esses equipamentos modernos permitirão acompanhar com precisão os períodos de maior uso e garantir que a cobrança ocorra de forma correta e transparente.
Segundo a Aneel, a substituição dos medidores será realizada pelas distribuidoras de energia, dentro dos seus planos de modernização. Os custos serão considerados investimentos reconhecidos pela agência durante os processos periódicos de revisão tarifária, o que significa que não haverá repasse imediato ao consumidor final.
Com os novos equipamentos, será possível também integrar tecnologias inteligentes de controle energético, como sistemas domésticos automatizados e aplicativos que informam ao usuário os melhores horários para consumir energia.
A proposta da Aneel reflete um movimento de transformação no setor elétrico brasileiro, que busca equilibrar eficiência econômica e sustentabilidade ambiental. Ao adaptar a estrutura tarifária à nova matriz de geração — cada vez mais dependente da energia solar e da energia eólica —, a agência pretende estimular hábitos de consumo mais conscientes e tornar o sistema elétrico mais estável e moderno.
Se implementada com sucesso, a Tarifa Horária poderá marcar o início de uma nova fase na relação dos brasileiros com o uso de energia, em que tecnologia e planejamento caminham juntos para reduzir custos e emissões.



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