Descubra como Aneel e ONS buscam otimizar o controle de usinas de geração distribuída para garantir estabilidade do sistema elétrico.
A crescente expansão das usinas de geração distribuída no Brasil tem transformado a matriz energética do país. Consequentemente, trouxe tanto oportunidades quanto desafios para o setor elétrico.
Essas usinas, que incluem desde pequenos sistemas solares em residências até fazendas solares de médio porte, geram energia próximo ao ponto de consumo, o que representa uma vantagem significativa.
No entanto, o aumento dessa geração descentralizada trouxe à tona novas questões de gestão e controle, que agora concentram a atenção da Aneel e do ONS.
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Historicamente, a geração de energia elétrica no Brasil concentrava-se em grandes usinas hidrelétricas e termelétricas. Portanto, essas estruturas centralizadas permitiam ao ONS gerenciar de forma eficaz a oferta e a demanda de energia, mantendo a estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Quando ocorria um desbalanço entre consumo e geração, o ONS ajustava ou desligava grandes usinas para garantir que o fornecimento de energia não fosse comprometido.
Contudo, com a popularização das usinas de geração distribuída, o cenário começou a mudar significativamente.
Além disso, o crescimento dessas unidades geradoras decorre, em grande parte, de políticas públicas e incentivos econômicos.
Por exemplo, programas de incentivo à energia solar e à geração distribuída facilitaram que residências e pequenas empresas investissem em painéis fotovoltaicos.
Da mesma forma, a maior conscientização ambiental incentiva consumidores a adotarem fontes limpas e sustentáveis.
Geração distribuída: contexto histórico e crescimento recente
O Brasil atravessa um período de transformação energética, impulsionado principalmente pela expansão da energia solar fotovoltaica.
Segundo dados recentes, milhares de micro e minigeradores distribuídos em residências, comércios e indústrias contribuem cada vez mais para a energia consumida no país.
Consequentemente, essa descentralização da geração traz benefícios claros, como redução de perdas na transmissão, maior autonomia para consumidores e estímulo ao uso de fontes renováveis.
Entretanto, também impõe novos desafios de operação e controle aos operadores do sistema elétrico.
O conceito de geração distribuída surgiu nos anos 1990 e início dos anos 2000, com pequenas iniciativas de geração local, principalmente em regiões isoladas ou com acesso limitado à rede elétrica convencional.
No entanto, a viabilidade econômica e tecnológica se consolidou na última década, com a queda dos custos dos painéis solares e o desenvolvimento de sistemas de monitoramento mais sofisticados.
Além disso, a expansão da geração distribuída também modifica o comportamento do mercado de energia.
Como resultado, consumidores que produzem sua própria eletricidade reduzem significativamente suas contas, alterando a dinâmica econômica entre distribuidoras e clientes.
Por isso, esse fenômeno exige novas regras e regulação para manter o sistema sustentável e competitivo.
Desafios para o ONS e Aneel
O ONS enfrenta desafios ao tentar exercer o mesmo nível de controle que possui sobre grandes usinas centralizadas.
Diferente de hidrelétricas ou termelétricas de grande porte, os sistemas solares distribuídos espalham-se por diferentes regiões e possuem capacidades variáveis.
Portanto, a operação conjunta se torna mais complexa.
Consequentemente, essa falta de controle direto pode afetar a estabilidade do sistema, principalmente em momentos de alta penetração da geração distribuída no SIN.
Episódios recentes mostraram a necessidade de ajustes.
Por exemplo, nos dias 4 de maio e 10 de agosto, o ONS registrou que a presença elevada de micro e minigeradores distribuídos poderia dificultar o controle da frequência e da tensão do sistema elétrico.
Esses indicadores ajudam a garantir que a energia chegue de maneira estável aos consumidores.
Além disso, quando surgem desequilíbrios, aumentam os riscos de apagões ou sobrecargas, impactando residências, indústrias e serviços essenciais.
Outro desafio envolve integrar essas usinas com tecnologias emergentes, como baterias de armazenamento e sistemas de gestão inteligente.
Dessa forma, o uso de soluções de armazenamento permite conservar energia gerada em horários de baixa demanda e utilizá-la em picos de consumo, melhorando a estabilidade do sistema.
Protocolos e soluções em avaliação
Para enfrentar esses desafios, a Aneel e o ONS trabalham em soluções estruturadas.
Inicialmente, os protocolos abrangerão as usinas de geração distribuída que não recebem despacho direto do ONS, garantindo que a operação dessas unidades se alinhe à segurança do sistema.
Em seguida, tratarão protocolos específicos para minigeradores remotos, unidades menores que também contribuem para a geração total de energia, mas exigem atenção especial devido à dispersão geográfica e à variabilidade de produção.
Além disso, a comunicação entre todos os agentes envolvidos é crucial.
Dessa forma, as distribuidoras recebem informações do ONS e podem tomar decisões rápidas sobre ajustes de geração.
Esse modelo exige investimentos em tecnologia de monitoramento, sistemas de medição avançados e infraestrutura de comunicação robusta, capazes de transmitir dados em tempo real de milhares de unidades geradoras espalhadas pelo país.
A integração de softwares inteligentes e algoritmos de previsão também ajuda a coordenar a geração distribuída.
Eles permitem antecipar períodos de baixa ou alta produção solar e ajustar o consumo de forma eficiente.
Comparativo internacional e tendências futuras
O movimento da Aneel e do ONS se insere em um contexto global de transição energética.
Assim, países ao redor do mundo enfrentam desafios semelhantes com a integração de geração distribuída.
Por exemplo, a Alemanha possui um alto número de painéis solares conectados em residências e empresas, o que levou à criação de sistemas inteligentes de gerenciamento de energia.
Nos Estados Unidos, programas de integração de energia distribuída conciliam a produção local com a operação do sistema centralizado, garantindo confiabilidade e eficiência.
No Brasil, a tendência é que as usinas de geração distribuída continuem crescendo, impulsionadas por políticas públicas de incentivo, redução de custos tecnológicos e maior conscientização sobre fontes renováveis.
Como resultado, esse crescimento contribui para a diversificação da matriz energética e fortalece a sustentabilidade ambiental, reduzindo a dependência de fontes fósseis e diminuindo emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, a expansão dessas usinas gera empregos e fomenta o desenvolvimento econômico em regiões fora dos grandes centros urbanos.
Isso promove inclusão energética e beneficia a economia local.
Integração e futuro do setor elétrico
A reunião entre Aneel e ONS reflete um esforço estratégico para alinhar a expansão das usinas de geração distribuída com a segurança e estabilidade do sistema elétrico nacional.
Portanto, a história da energia elétrica no Brasil mostra que cada mudança tecnológica trouxe novos desafios, e a atual transformação não é diferente.
Com protocolos claros, comunicação eficiente e investimentos em tecnologia, o crescimento da geração distribuída se integra à confiabilidade do fornecimento.
Dessa forma, o futuro da energia no país depende dessa integração inteligente, permitindo aproveitar os benefícios da geração local sem comprometer a operação do SIN.
O Brasil caminha para uma matriz energética mais moderna, resiliente e sustentável, capaz de atender às necessidades atuais e futuras da população e da economia.
Finalmente, a expansão das usinas de geração distribuída representa um marco histórico e uma oportunidade de transformar o setor elétrico em um modelo equilibrado e eficiente.