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Ameaça ao ocidente: China utilizou um computador quântico para hackear criptografia de nível militar

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 13/10/2024 às 15:45
China, computador quântico, criptografia
Foto: Reprodução

A China hackeou criptografia de nível militar com um computador quântico, gerando grandes preocupações no Ocidente

Pesquisadores chineses anunciaram um avanço tecnológico alarmante que pode representar uma ameaça à segurança militar e financeira global. Usando um computador quântico D-Wave, eles alegam ter conseguido hackear um algoritmo de criptografia de nível militar, marcando o que pode ser o primeiro ataque quântico bem-sucedido a sistemas criptográficos amplamente utilizados.

O D-Wave Advantage, sistema empregado pelos pesquisadores, foi inicialmente projetado para uso não criptográfico, mas violou a segurança dos algoritmos baseados em Substitution-Permutation Network (SPN).

Embora até o momento nenhuma senha específica tenha sido comprometida, os especialistas alertam que o feito pode sinalizar o início de uma era onde a criptografia tradicional pode se tornar vulnerável diante da computação quântica.

Computação quântica e o efeito de tunelamento

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Nos últimos anos, a computação quântica tem sido vista como um campo promissor com potencial para revolucionar a tecnologia, mas também vem sendo acompanhada com preocupação devido à sua capacidade de quebrar códigos criptográficos.

O sistema D-Wave, ao contrário dos computadores quânticos universais que dependem de tecnologias como códigos de correção de erros, demonstra uma trajetória de crescimento estável, de acordo com os pesquisadores chineses. Uma das principais vantagens do D-Wave é seu efeito de “tunelamento quântico”, que permite que ele “salte” dos extremos locais em que algoritmos tradicionais ficariam presos.

Esse efeito de tunelamento, comparado a uma bola que encontra o ponto mais baixo em um terreno acidentado, permite que o D-Wave otimize rapidamente a busca por soluções, algo que algoritmos tradicionais demorariam muito mais tempo para alcançar. No mundo da criptografia, essa capacidade representa uma ameaça significativa.

Ataque ao algoritmo RSA

O foco dos pesquisadores foi o ataque ao algoritmo de criptografia RSA, um dos mais utilizados em transações seguras na internet.

Eles introduziram duas abordagens técnicas baseadas no algoritmo de recozimento quântico, uma delas utilizando um algoritmo puramente quântico, enquanto a outra combina o recozimento quântico com algoritmos clássicos.

A ideia é converter o ataque criptográfico em um problema de otimização combinatória, que pode ser resolvido por modelos quânticos como o Ising ou QUBO.

Um dos grandes feitos descritos no estudo foi a decomposição de um número inteiro de nível de dois milhões usando o D-Wave Advantage, algo inédito no campo.

O objetivo é buscar soluções em um espaço exponencial, algo que está além do alcance da computação tradicional. Os pesquisadores detalham que esse avanço foi possível ao otimizar tabelas de multiplicação e economizar recursos de qubit.

Ameaça potencial à segurança global

A criptografia moderna é um dos pilares da segurança cibernética global, protegendo transações financeiras, comunicações militares e dados sensíveis de governos e empresas.

A capacidade de um computador quântico de quebrar algoritmos como o RSA representa um risco direto a essas infraestruturas. Embora o ataque relatado pelos pesquisadores ainda esteja em estágio inicial e não tenha comprometido dados específicos, o avanço tecnológico é um indicativo de que a criptografia tradicional pode não ser mais segura.

A computação quântica já vinha sendo apontada como uma possível ameaça à segurança de dados há algum tempo, mas os avanços demonstrados pela China colocam essa ameaça em um novo patamar.

Segundo o estudo publicado no Chinese Journal of Computers, o algoritmo de recozimento quântico, ao explorar o efeito de tunelamento, permite encontrar soluções em uma rede N-dimensional de forma muito mais eficiente do que os métodos tradicionais.

Essa tecnologia, que tem o potencial de otimizar ataques a componentes criptográficos, pode, no futuro, comprometer dados em larga escala, desde informações militares até transações financeiras internacionais. Países e empresas ao redor do mundo, especialmente no Ocidente, precisarão revisar seus protocolos de segurança e adotar novos métodos de criptografia que possam resistir à computação quântica.

O futuro da criptografia

Com esse avanço, a corrida pela criação de algoritmos à prova de quânticos, ou seja, resistentes a ataques de computadores quânticos, se intensifica.

Instituições de segurança cibernética em todo o mundo já estão desenvolvendo métodos de criptografia pós-quântica, mas ainda há um longo caminho pela frente até que essas soluções estejam completamente implementadas.

Enquanto isso, o mundo observa com preocupação os avanços da China na computação quântica, ciente de que estamos cada vez mais próximos de uma nova era na segurança digital. A vulnerabilidade que esses computadores podem impor às infraestruturas atuais exige uma resposta urgente da comunidade internacional.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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