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Amapá, o único estado que não tem conexão com o restante do Brasil, mas por quê?

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 30/08/2024 às 16:33
Amapá, Brasil, estado
Foto: Reprodução e créditos canal Chart Maps

Desafios geográficos, econômicos e políticos mantêm o Amapá como o único estado brasileiro sem conexão rodoviária direta com o restante do país

O Amapá, localizado no extremo norte do Brasil, se destaca por uma característica única e desafiadora: é o único estado do país que não possui uma conexão rodoviária direta com o restante do território nacional. Para se deslocar até o Amapá, é necessário utilizar uma balsa, numa viagem que pode durar até 26 horas, ou optar por um voo, alternativas que evidenciam o isolamento do estado.

A barreira natural

O Amapá é circundado por diversas barreiras naturais que complicam a construção de uma ponte ou de rodovias. Ao leste, o Rio Amazonas impõe um obstáculo significativo, enquanto o Rio Jari, ao sul, e o Rio Oiapoque, ao oeste, aumentam a dificuldade de integração. Ao norte, o estado é limitado pelo Oceano Atlântico, completando o cerco natural que isola o Amapá do restante do Brasil.

A única ponte significativa no estado, a Ponte Binacional Brasil-França, conecta o Amapá à Guiana Francesa. No entanto, essa ligação não facilita o acesso ao restante da América do Sul, uma vez que não há conexão rodoviária entre a Guiana Francesa e o Suriname, impedindo qualquer viagem contínua por terra.

Tentativas frustradas de conexão

Em 2002, foi iniciada a construção de uma ponte sobre o Rio Jari, que prometia ser a primeira ligação rodoviária direta do Amapá com o Pará, e consequentemente com o restante do Brasil. No entanto, essa obra, que deveria ter sido concluída em alguns anos, está parada há mais de uma década. Atualmente, apenas 39% da ponte está construída, com alguns pilares danificados por embarcações. O projeto, que já consumiu milhões de reais, é um retrato da ineficiência e dos desafios enfrentados na tentativa de conectar o Amapá ao restante do Brasil.

Impacto econômico e social

A ausência de uma conexão rodoviária direta limita significativamente o desenvolvimento econômico do Amapá. O estado depende principalmente do setor primário, com ênfase na extração de recursos naturais, como ouro, manganês e castanha-do-pará. A falta de infraestrutura impede a diversificação da economia, afastando investimentos industriais e limitando o crescimento do setor secundário.

Foto: Reprodução Brasil Escola

Além disso, o isolamento geográfico dificulta o acesso da população a serviços e produtos, aumentando os custos de transporte e tornando o custo de vida no estado mais elevado em comparação com outras regiões do Brasil.

Obstáculos ambientais e burocráticos

A densa floresta amazônica, que cobre aproximadamente 72% do território do Amapá, apresenta um desafio adicional para a construção de infraestruturas. As questões ambientais são um ponto crucial na discussão sobre a construção de rodovias e pontes na região, com licenças ambientais sendo difíceis de obter devido ao impacto potencial sobre o bioma local.

Foto: Wikipédia

Ademais, a corrupção e a má gestão de recursos públicos têm sido um empecilho constante. O Ministério Público Federal já acusou gestores locais de desviar recursos que deveriam ter sido aplicados na construção de infraestrutura, como a ponte sobre o Rio Jari, o que agrava ainda mais a situação.

Futuro incerto

Embora o governo federal tenha anunciado em 2017 a intenção de retomar a construção da ponte sobre o Rio Jari e de melhorar a infraestrutura rodoviária do estado através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as obras ainda não foram retomadas. A BR-156, principal rodovia do estado, que se estende do Rio Jari ao Oiapoque, é um exemplo claro dos desafios enfrentados. Iniciada em 1932, a rodovia ainda não foi completamente asfaltada, com mais de 100 km de estrada de terra, o que torna as viagens perigosas, especialmente durante o período de chuvas.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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