Delegações internacionais pressionam o Brasil a mudar sede da conferência climática após aumento de mais de 1.000% nas diárias
A COP30, prevista para novembro de 2025 em Belém, está sob risco de perder sua sede original. Representantes de pelo menos 25 países, incluindo membros da Europa e do Grupo de Negociadores Africanos, enviaram cartas ao Brasil cobrando soluções urgentes para os altos preços de hotéis, que colocam em risco a participação de nações em desenvolvimento no evento.
Segundo o presidente da conferência, André Corrêa do Lago, a insatisfação internacional chegou a tal ponto que já existe um pedido informal para que o Brasil reconsidere a realização da COP30 em Belém. O governo brasileiro, no entanto, garante que manterá o evento na capital paraense e busca alternativas logísticas e legais para conter a especulação hoteleira.
Países ameaçam não comparecer à COP30
O alerta foi dado na última semana, durante reunião de emergência do COP Bureau da ONU, convocada após pressão de países africanos e nações insulares. A Folha de S.Paulo revelou uma carta assinada por delegações que consideram inviável manter suas equipes em Belém diante de cotações que chegam a R$ 4 mil por noite, em alguns casos, dez vezes acima da média histórica da cidade.
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“Não temos acomodações. Provavelmente teremos que reduzir a delegação ao mínimo. Em um caso extremo, talvez tenhamos que desistir de comparecer”, declarou Krzysztof Bolesta, vice-ministro do Clima da Polônia. A Holanda, que costuma levar 90 representantes, já cogita cortar drasticamente sua equipe.
Fatores que agravaram a crise de hospedagem
Entre os motivos apontados para a escalada dos preços estão:
- Oferta limitada de leitos: segundo dados oficiais, Belém possui apenas 12,2 mil unidades de hospedagem, 91% delas em hotéis.
- Infraestrutura urbana precária, o que restringe regiões viáveis para acomodar estrangeiros.
- Especulação imobiliária em plataformas como Airbnb, com imóveis anunciados por até milhões de reais para o período do evento.
- Falta de regulação sobre preços de diárias, já que o governo não pode interferir diretamente nos valores cobrados por hotéis privados.
A situação levou o governo federal a contratar dois navios de cruzeiro, que abrigarão até 6 mil pessoas temporariamente. Uma plataforma oficial de hospedagens foi criada, priorizando 73 países de baixa renda, com diárias subsidiadas de até US$ 220.
Governo diz que manterá Belém como sede
Apesar da pressão, o governo brasileiro reafirmou que não considera alterar a sede da COP30. Segundo Corrêa do Lago, os esforços agora se concentram em negociar com a rede hoteleira local para reduzir os preços, mas sem poder legal de impor limites. “Talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando”, alertou.
Os organizadores têm até 11 de agosto para apresentar novas propostas aos países insatisfeitos. A expectativa é acomodar todas as 198 delegações esperadas, incluindo autoridades, ativistas, cientistas e jornalistas.
Impacto geopolítico e reputacional para o Brasil
O impasse ocorre a menos de 100 dias da COP30 e expõe fragilidades logísticas na organização de grandes eventos no Norte do país. Caso a conferência seja remanejada para outra cidade ou país, o Brasil corre o risco de perder prestígio diplomático e enfraquecer sua posição nas negociações climáticas globais , especialmente num momento em que busca liderar pautas de preservação da Amazônia.
A crise também reacende debates sobre infraestrutura desigual entre regiões brasileiras, evidenciando o desafio de descentralizar megaeventos sem planejamento robusto e garantias reais de acesso.
A cidade tem potencial para sediar um evento global? O que você pensa sobre os preços abusivos e a reação internacional? Participe da discussão nos comentários, sua opinião é fundamental para entender os rumos dessa polêmica.