Alimentos processados herdaram estratégias da indústria do tabaco para estimular o vício. Combinando sal, açúcar e gorduras, criam uma compulsão similar à dos cigarros, levando consumidores a preferirem esses produtos hiper-palatáveis.
A indústria de alimentos processados e a do tabaco compartilham mais do que aparentam.
Por décadas, o tabaco construiu um império de consumidores fiéis e hoje, estratégias desse setor migraram para a indústria alimentícia, onde produtos são desenvolvidos para ativar compulsões similares.
O canal no YouTube Elementar explora o que está por trás dessa transformação, mostrando como essas indústrias moldaram nossos hábitos e impulsionaram o vício.
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O “Cigarrinho de Chocolate” e a imitação dos adultos
Lançado na década de 1940, o famoso “cigarrinho de chocolate” permitia que crianças imitassem o hábito adulto de fumar, considerado “chique” na época.
De acordo com o canal, o produto foi uma forma de naturalizar o cigarro entre os pequenos, incentivando um comportamento que hoje seria considerado impróprio.
Nas embalagens, crianças simulavam o ato de fumar, algo inaceitável nos dias de hoje.
Nos anos recentes, surgiu uma versão modernizada: o “vapezinho de chocolate ao leite”.
Desta vez, porém, o objetivo era a crítica social, uma reflexão sobre como produtos e serviços influenciam a vida das pessoas desde cedo.
A crítica é fundamentada, pois enquanto o cigarro é regulado, outros produtos igualmente viciantes continuam em alta, disfarçados de alimentos inofensivos.
A reinvenção do vício: de fumar a comer compulsivamente
Se fumar já foi uma febre, hoje vivemos uma nova compulsão: alimentos ultraprocessados.
De acordo com o Elementar, a mesma indústria que se destacou por criar dependência de nicotina, agora investe em alimentos cheios de gorduras, sal e açúcar, formulados para atingir o “ponto de felicidade” — aquela combinação perfeita de sabor que provoca prazer imediato e dificulta a moderação no consumo.
Conforme mencionado na reportagem, na década de 1980, grandes empresas de tabaco, como a Philip Morris e a R.J. Reynolds, adquiriram gigantes do setor alimentício, incluindo marcas conhecidas como Kraft, Nabisco e General Foods.
Segundo o canal, foi dessa forma que o vício se adaptou aos novos tempos, passando das prateleiras de cigarro para as gôndolas dos supermercados.
Hiper-Palatáveis: a combinação que engana o paladar
A influência das empresas de tabaco não é superficial.
Segundo a revista Addiction, alimentos “hiper-palatáveis” combinam gordura, sal e açúcar em proporções específicas para provocar uma intensa resposta de prazer no cérebro.
Em outras palavras, alimentos projetados para serem irresistíveis. Isso explica a obsessão por itens como batatas fritas, biscoitos recheados e frango empanado.
Uma pesquisa realizada pela psicóloga Ashley Gearhardt, especialista em vício alimentar, indica que esses alimentos não surgiram por acaso.
Durante o período em que as indústrias do tabaco possuíam controle de marcas alimentícias, seus produtos eram mais propensos a serem hiper-palatáveis, em comparação com alimentos semelhantes de outras empresas.
Ou seja, a dependência alimentar passou a ser minuciosamente planejada.
Táticas de Marketing para o Público Infantil
As táticas de atração de consumidores não pararam nos ingredientes.
De acordo com o Elementar, documentos revelaram que a Philip Morris adaptou estratégias publicitárias para atrair crianças.
Um exemplo é o famoso suco em pó Kool-Aid, que passou a focar seu marketing nos pequenos após ser adquirido pela empresa de tabaco.
A marca direcionou seu investimento para campanhas voltadas ao público infantil, usando o icônico mascote Kool-Aid Man para conquistar uma geração de novos consumidores.
Além disso, um programa de fidelidade infantil, semelhante ao “Marlboro Miles”, foi introduzido para o Kool-Aid, com o objetivo de tornar as crianças fãs fiéis da marca.
Essa prática foi seguida por outras aquisições, como a Hawaiian Punch, que também passou a contar com um mascote cativante, o “Punchy”, para conectar-se com o público infantil.
Segundo o canal, essas estratégias de marketing ainda são usadas em supermercados, onde doces e salgadinhos ficam posicionados na altura das crianças, estimulando o desejo de consumo.
Do tabaco à comida: a estratégia dos “Químicos Hiper-Palatáveis”
Nos anos 1980, cientistas do laboratório da R.J. Reynolds, um dos gigantes do tabaco, desenvolveram uma fórmula específica de ingredientes que prometia atrair consumidores com base em sabor e aroma.
Esse conceito, agora conhecido como “químicos hiper-palatáveis”, visava aumentar a sensação de prazer e, com isso, a fidelização do público.
Segundo o Elementar, essa estratégia garantiu o monopólio do sabor em uma variedade de alimentos e bebidas, que passaram a atrair os consumidores de forma similar aos cigarros.
Esse “monopólio do sabor”, conforme explorado pelo canal, ainda está presente na indústria alimentícia atual.
Katie Bayne, executiva da Coca-Cola, afirmou ao USA TODAY em 2012 que não há provas científicas de que o açúcar vicie.
No entanto, estudos mostram que o consumo excessivo de açúcar desestimula o interesse por alimentos mais saudáveis, criando uma barreira para hábitos alimentares equilibrados.
Por que alimentos processados são tão viciantes?
Pesquisas recentes revelam que mais da metade das calorias consumidas nos Estados Unidos vêm de alimentos ultraprocessados, definidos como combinações industriais de açúcar, sal, óleos e outros aditivos.
Esse cenário, segundo o Elementar, é especialmente problemático porque o consumo de ultraprocessados tem impactos duradouros na saúde.
Conforme a revista Addiction, a diferença de definição dos alimentos ultraprocessados entre a FDA (órgão dos Estados Unidos) e a NOVA (organização brasileira) é crucial.
Enquanto a FDA se concentra na composição química, a NOVA avalia a quantidade de ingredientes, sem necessariamente considerar a qualidade.
Ou seja, produtos com grande número de ingredientes são automaticamente classificados como ultraprocessados, o que pode mascarar a verdadeira natureza do produto.
Efeitos da comida hiper-palatável no cérebro e no corpo
De acordo com o canal, o impacto da comida hiper-palatável é semelhante ao da nicotina, agindo no sistema de recompensa do cérebro e criando uma resposta emocional intensa.
Essa ativação contínua acaba formando um ciclo de dependência, que induz o consumidor a buscar cada vez mais alimentos processados e a resistir menos a esses estímulos.
Os efeitos vão além do prazer imediato.
Segundo a publicação Psychology da Universidade de Michigan, indivíduos acostumados a consumir esses alimentos acabam perdendo o interesse em comidas mais simples e saudáveis, como as caseiras.
O paladar se adapta aos sabores fortes e artificiais, tornando pratos tradicionais insossos.
Estratégias do mercado para alavancar o consumo desses alimentos
Além dos ingredientes, o canal menciona que as estratégias de posicionamento nas prateleiras de supermercados são parte fundamental para incentivar o consumo.
Doces, biscoitos e salgadinhos são colocados estrategicamente perto dos caixas ou nas prateleiras mais baixas, facilmente acessíveis para crianças, o que aumenta a chance de compra impulsiva.
Essas táticas criam uma armadilha sutil para os pais que, sem perceber, acabam incentivando o consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura.
Ao longo do tempo, essa exposição precoce molda o paladar das crianças, criando adultos propensos à compulsão alimentar.
O futuro da alimentação e o desafio do vício
Com as informações reveladas pelo canal Elementar, é evidente que o vício alimentar é um desafio complexo e que as táticas de marketing da indústria do tabaco migraram para a alimentação.
Produtos que parecem inofensivos podem conter estratégias minuciosamente elaboradas para criar dependência e impulsionar o consumo.
O vício alimentar traz consequências profundas para a saúde e os hábitos de vida das novas gerações. Além das restrições ao cigarro, a indústria alimentícia precisará lidar com uma pressão crescente para ser mais transparente sobre suas táticas de fidelização.
A conscientização do consumidor é um passo crucial, mas a responsabilidade também recai sobre as políticas de saúde pública.
E você, acha que alimentos ultraprocessados são tão viciantes quanto o cigarro? Na sua visão, deveriam existir regulações mais rígidas?