1. Início
  2. / Automotivo
  3. / Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi enfrenta crise: prejuízos bilionários, cortes de empregos e reestruturação de acordos para tentar sobreviver no mercado global
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi enfrenta crise: prejuízos bilionários, cortes de empregos e reestruturação de acordos para tentar sobreviver no mercado global

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 16/09/2025 às 07:55
Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi enfrenta crise: prejuízos bilionários, cortes de empregos e reestruturação de acordos para tentar sobreviver no mercado global
Foto: Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi enfrenta crise: prejuízos bilionários, cortes de empregos e reestruturação de acordos para tentar sobreviver no mercado global
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi enfrenta prejuízos bilionários, cortes de empregos e reestruturação para tentar sobreviver à nova era automotiva.

Quando foi criada em 1999, a aliança Renault-Nissan foi vista como uma das parcerias mais ousadas e inovadoras da indústria automotiva. A união, reforçada em 2016 com a entrada da Mitsubishi, transformou o grupo em uma das maiores forças globais do setor, chegando a disputar liderança com Toyota e Volkswagen em vendas mundiais. Mas em 2025, a mesma aliança que já foi símbolo de integração e eficiência enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história: prejuízos bilionários, cortes massivos de empregos e a necessidade de reestruturar acordos para tentar sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo.

O peso dos prejuízos

O golpe mais recente veio com o anúncio da Renault, que registrou uma perda contábil de aproximadamente € 9,5 bilhões apenas por conta da desvalorização da sua participação acionária na Nissan.

A montadora japonesa, por sua vez, também divulgou prejuízos bilionários em 2025, afetada por tarifas comerciais, custos elevados de eletrificação e queda de vendas em mercados-chave.

Crianças sorrindo e brincando com brinquedos coloridos em promoção no Mercado Livre durante o Dia das Crianças.
Brinquedos infantis em promoção no Mercado Livre para o Dia das Crianças

Esse cenário expôs um problema que já vinha se arrastando: a dificuldade de alinhar estratégias e aproveitar sinergias. Enquanto a Renault tenta acelerar sua transformação em uma empresa de mobilidade elétrica, a Nissan enfrenta problemas estruturais de produção e vendas.

A Mitsubishi, menor e mais dependente de nichos como SUVs compactos e veículos para a Ásia, sofre com margens reduzidas e escala limitada.

Cortes de empregos e fábricas em risco

A Nissan anunciou um plano de cortes de 20 mil empregos globais até 2027, além do fechamento de sete fábricas no mesmo período.

O objetivo é reduzir a capacidade produtiva e ajustar a estrutura de custos a uma demanda menor. Países como Japão, Reino Unido e Espanha estão entre os mais impactados pelas medidas.

Essas decisões têm forte repercussão política, já que governos locais e sindicatos pressionam para preservar postos de trabalho. Na França, onde a Renault mantém raízes históricas, o temor é de que a crise da aliança provoque efeitos colaterais severos sobre a indústria nacional.

Reestruturação de acordos

Diante desse quadro, a aliança decidiu rever seus acordos internos. A relação acionária cruzada, em que a Renault detinha participação expressiva na Nissan e vice-versa, foi simplificada. A intenção é dar mais autonomia a cada empresa, permitindo que cada uma busque acordos regionais e estratégicos de forma independente.

Na prática, isso significa que a cooperação será menos integrada do que no passado. Projetos conjuntos serão mantidos apenas onde houver real ganho de escala, como no desenvolvimento de plataformas elétricas e híbridas. Mas em mercados específicos, como China e América Latina, cada marca terá mais liberdade para definir sua atuação.

O desafio da eletrificação

Um dos pontos de maior tensão dentro da aliança é a estratégia de eletrificação. A Renault vem apostando forte em sua divisão Ampere, dedicada a veículos elétricos, com novos modelos compactos e acessíveis.

A Nissan, pioneira com o Leaf, perdeu relevância ao não atualizar o modelo com rapidez e agora corre atrás de rivais como Tesla, BYD e até Hyundai.

Já a Mitsubishi foca em híbridos plug-in, como o Outlander PHEV, mas tem dificuldade de competir globalmente em elétricos puros. A falta de alinhamento estratégico dificulta ganhos de escala, exatamente o que seria o maior benefício de uma aliança desse porte.

Concorrência avassaladora

Enquanto a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi tenta se reorganizar, rivais globais avançam. A Toyota mantém liderança sólida, com vendas estáveis e domínio dos híbridos.

O Grupo Volkswagen investe pesado em elétricos e ainda segura a liderança europeia. E a BYD, maior fabricante de EVs do mundo, já ultrapassou a Tesla em volume e pressiona com preços baixos e expansão agressiva na Europa e na América Latina.

Nesse cenário, a aliança perde relevância. Em rankings globais, já não aparece mais entre os três maiores grupos e corre o risco de ficar relegada ao segundo escalão se não encontrar uma estratégia clara.

O papel dos governos

Governos de França e Japão acompanham de perto os desdobramentos da crise. A Renault, parcialmente estatal, depende de apoio político para avançar em projetos estratégicos.

No Japão, a Nissan é vista como um símbolo nacional, e qualquer medida mais drástica de reestruturação gera forte resistência. Essa complexidade política torna ainda mais difícil a tarefa de encontrar soluções rápidas.

A aliança que já foi referência de integração hoje luta para provar que ainda tem relevância global. O corte de empregos, os prejuízos bilionários e a revisão de acordos mostram que a sobrevivência está em jogo.

Se conseguir se adaptar, a Renault-Nissan-Mitsubishi pode renascer como um grupo mais enxuto e flexível, apostando em regiões e segmentos estratégicos. Mas se falhar, pode se tornar um exemplo de como gigantes tradicionais perderam espaço na transição para os elétricos, sufocados pela velocidade de rivais mais ágeis.

A crise da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi é um alerta para toda a indústria automotiva. Nem mesmo grupos consolidados, com presença global e marcas icônicas, estão imunes às mudanças profundas do setor. O futuro exigirá não apenas eletrificação, mas também eficiência, inovação e coragem para tomar decisões duras.

O desafio da aliança agora é provar que ainda pode ser protagonista — ou aceitar um papel secundário em um mercado que não espera por ninguém.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x