Saiba o que realmente determina a vida útil dos motores flex brasileiros e como as características do álcool e da gasolina influenciam o desempenho, rendimento e manutenção dos veículos modernos.
A durabilidade dos motores flex brasileiros sempre foi tema de discussão entre motoristas e especialistas, principalmente sobre qual combustível, álcool ou gasolina, garante maior longevidade ao propulsor.
Entretanto, segundo especialistas do setor automotivo, a escolha entre etanol e gasolina não altera a vida útil do motor flex, desde que a manutenção seja feita conforme as recomendações do fabricante.
Os veículos flex, predominantes no mercado nacional desde o início dos anos 2000, foram desenvolvidos para funcionar com ambos os combustíveis, aproveitando a infraestrutura nacional de distribuição de etanol e gasolina.
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No Brasil, inclusive, toda gasolina comum comercializada contém um percentual de etanol anidro – uma mistura obrigatória que atualmente corresponde a cerca de 27% do volume total, conforme determinação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A mecânica Luciana Félix, especialista em motores flex, explica que não há prejuízo à durabilidade do motor, independentemente do combustível utilizado.
Segundo Luciana, os veículos flex receberam tecnologias específicas que incluem componentes resistentes à corrosão e sistemas de injeção capazes de identificar e ajustar automaticamente a quantidade e o tipo de combustível, garantindo uma combustão eficiente tanto com gasolina quanto com etanol.
Como os motores flex foram projetados para resistir ao álcool e à gasolina
Conforme detalha a especialista, toda a engenharia dos motores flex passou por adequações para lidar com as propriedades físicas e químicas distintas do etanol e da gasolina.
O sistema de gerenciamento eletrônico, conhecido como Unidade de Comando Eletrônico (ECU), monitora em tempo real a composição do combustível no tanque, ajustando a injeção e o tempo de ignição conforme a necessidade.
Esse ajuste automático impede que a escolha do combustível interfira negativamente na integridade dos componentes internos, como pistões, válvulas e bicos injetores.
De acordo com a mecânica Luciana Félix, “você não precisa se preocupar em usar só um tipo de combustível, pois o projeto do motor flex já prevê a utilização de ambos, sem diferença na durabilidade”.
O mesmo entendimento é compartilhado por fabricantes e engenheiros automotivos, que orientam os motoristas a alternar ou misturar combustíveis sem receio de comprometer o motor.
Rendimento e desempenho: diferenças entre álcool e gasolina
Apesar da durabilidade semelhante, existe diferença significativa no rendimento e no desempenho dos motores flex, dependendo do combustível utilizado.
O engenheiro Fábio Ferreira, diretor da Bosch, esclarece que a potência gerada por cada combustível varia conforme o projeto do motor e sua taxa de compressão.
Como exemplo, ele cita um modelo onde a potência máxima com gasolina é de 106 cavalos, enquanto com etanol atinge cerca de 111 cavalos.
Já com uma mistura dos dois, o valor fica próximo a 110 cavalos, especialmente em motores com taxa de compressão elevada (acima de 11:1).
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O papel da taxa de compressão no motor flex
O aumento de potência ao utilizar etanol está relacionado ao seu maior poder antidetonante, que permite taxas de compressão mais elevadas sem risco de pré-detonação.
Para motores a gasolina, a taxa ideal gira em torno de 9:1, enquanto para o etanol, pode chegar a 12:1.
No caso dos motores flex, a taxa de compressão costuma ser intermediária, geralmente entre 10,5:1 e 11:1, para acomodar as duas opções de combustível.
Esse compromisso beneficia o uso do etanol, que resulta em maior potência e torque em boa parte dos modelos vendidos no Brasil.
No entanto, a relação entre rendimento e consumo apresenta diferenças marcantes.
O etanol, por ter menor poder calorífico – ou seja, libera menos energia por litro queimado – tende a proporcionar um consumo mais elevado em comparação com a gasolina.
Por esse motivo, motoristas costumam observar que a autonomia do veículo é menor quando optam pelo álcool, o que deve ser considerado no cálculo do custo-benefício ao abastecer.
Etanol e gasolina: quando o desempenho é igual?
A diferença de potência entre etanol e gasolina não é regra para todos os veículos flex.
A programação da Unidade de Comando Eletrônico (ECU) pode ser mais conservadora em alguns modelos, igualando a potência entregue por ambos os combustíveis.
É o caso, por exemplo, de alguns carros da Nissan, que apresentam valores semelhantes independentemente do combustível utilizado.
O antigo Honda HR-V 1.8 também é citado como exemplo inverso, já que desenvolvia 140 cavalos com gasolina, contra 139 cavalos quando abastecido com etanol.
Manutenção preventiva: essencial para prolongar a vida útil do motor flex
Mais importante que a escolha entre álcool ou gasolina, a manutenção preventiva é o principal fator que determina a durabilidade do motor flex.
Recomenda-se seguir rigorosamente o plano de revisões do fabricante, utilizando sempre peças e lubrificantes homologados para garantir o bom funcionamento do sistema de injeção, velas, filtros e outros componentes essenciais.
O uso contínuo de combustíveis de qualidade comprovada, fornecidos por postos de confiança, também é fundamental para evitar danos causados por impurezas ou adulterações, tanto no sistema de combustão quanto nas partes internas do motor.
Durabilidade, rendimento e consumo: qual combustível vale mais a pena no motor flex?
Considerando os dados apresentados por especialistas e fabricantes, não há qualquer comprovação técnica de que etanol ou gasolina isoladamente garantam maior vida útil ao motor flex.
Ambos os combustíveis são perfeitamente compatíveis com a tecnologia flex, desde que sejam respeitadas as recomendações de manutenção e abastecimento.
A escolha, portanto, deve considerar fatores como rendimento, potência desejada, preço do combustível e, principalmente, a confiança na procedência do produto.
Diante das informações, a pergunta que permanece entre motoristas e entusiastas é: além da durabilidade igual, o que realmente influencia sua decisão na hora de escolher entre álcool ou gasolina ao abastecer seu carro flex?