Pesquisa mostra que álcool afeta de forma diferente o cérebro de homens e mulheres, influenciando decisões e comportamentos de risco.
Um estudo recente realizado por cientistas da Universidade do Texas em El Paso (UTEP), nos Estados Unidos, revelou que o álcool impacta a tomada de decisões de maneira diferente entre homens e mulheres.
A pesquisa, feita com roedores, identificou que ratos machos mudam significativamente suas preferências e passam a escolher bebidas com maior concentração alcoólica, enquanto as fêmeas mantêm as mesmas decisões tomadas quando estavam sóbrias.
O experimento foi conduzido em um laboratório especializado da UTEP, e os resultados foram divulgados em 2025.
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A descoberta pode ter implicações importantes sobre como homens e mulheres reagem ao álcool, afetando diretamente questões de saúde, comportamento e até estratégias de prevenção ao abuso de substâncias.
Diferenças no comportamento entre homens e mulheres após o consumo de álcool
Os testes indicaram que, sob o efeito do álcool, os ratos machos passaram a optar por soluções com mais álcool, abandonando preferências anteriores por líquidos mais doces.
Essa mudança de decisão sugere que o álcool compromete o julgamento e a avaliação de riscos em indivíduos do sexo masculino.
Em contraste, as ratas fêmeas continuaram fiéis às decisões tomadas enquanto estavam sóbrias, mesmo após o consumo da substância. Isso indica uma maior estabilidade cognitiva nas fêmeas, mesmo sob influência alcoólica.
Como o estudo foi realizado no laboratório
Para medir o impacto do álcool nas decisões, os cientistas usaram o sistema REward-COst, projetado para avaliar comportamentos de escolha em roedores.
Eles criaram uma arena onde os ratos poderiam escolher entre diferentes soluções contendo sacarose e álcool, simulando bebidas adocicadas e alcoólicas similares às consumidas por humanos.
A primeira fase da pesquisa foi feita sem álcool, registrando as preferências naturais dos ratos. Na fase seguinte, o álcool foi incluído, e os cientistas observaram mudanças significativas de comportamento nos machos — que passaram a escolher soluções com teor alcoólico mais alto.
Efeitos duradouros da exposição ao álcool
Uma das descobertas mais intrigantes foi a persistência dos efeitos mesmo após o fim da exposição. Nos ratos machos, os comportamentos alterados continuaram por até dois meses, sugerindo consequências cognitivas de longo prazo associadas ao uso de álcool.
Esse dado é relevante porque mostra que, em alguns indivíduos, os impactos do álcool vão além da intoxicação momentânea, afetando processos decisórios mesmo quando o consumo já cessou.
Mulheres bebem mais, mas resistem melhor à mudança de comportamento
Apesar de consumirem proporcionalmente mais álcool em relação ao peso corporal, as ratas fêmeas demonstraram maior resistência às mudanças cognitivas provocadas pela substância.
Segundo os pesquisadores, isso sugere que os mecanismos cerebrais femininos podem lidar de forma mais eficiente com os efeitos do álcool, ao menos em termos de tomada de decisão.
Esses dados ajudam a explicar, por exemplo, por que homens tendem a assumir mais comportamentos de risco em situações envolvendo bebidas alcoólicas, como direção perigosa, decisões impulsivas ou agressividade.
Implicações do estudo para saúde pública e comportamento humano
De acordo com o reitor da Faculdade de Ciências da UTEP, Robert Kirken, “este trabalho tem o potencial de subsidiar abordagens mais direcionadas para lidar com o uso de substâncias e suas consequências”.
Para ele, os achados ajudam a compreender como decisões podem ser influenciadas por fatores biológicos, e abrem caminho para políticas públicas mais eficazes.
Além disso, o estudo reforça a necessidade de considerar as diferenças entre os sexos na formulação de estratégias de educação, prevenção e tratamento relacionados ao consumo de álcool.
Embora os testes tenham sido realizados com roedores, as descobertas acendem um alerta para o comportamento humano.