Albert Manifold, novo presidente da BP, defendeu acelerar a execução da estratégia da companhia, reforçando petróleo e gás e simplificando o portfólio considerado “complexo demais”.
Albert Manifold assumiu oficialmente a presidência do conselho da BP nesta terça-feira (30), trazendo uma mensagem clara aos funcionários: a gigante britânica precisa se mover mais rápido e simplificar suas operações. Em memorando interno visto pela Reuters, ele afirmou que o portfólio da companhia está “complexo demais” e que parte dos ativos pode ter mais valor nas mãos de outros grupos.
Venda de ativos e redução da dívida
A BP já havia anunciado planos de vender US$ 20 bilhões em ativos como parte de sua estratégia para reduzir a dívida líquida, atualmente em US$ 26 bilhões, para uma faixa entre US$ 14 bilhões e US$ 18 bilhões até 2027.
Segundo Manifold, o desafio financeiro da empresa é evidente: “estamos vendo níveis mais baixos de lucratividade e temos uma dívida significativa em nosso balanço”.
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Pressão por execução mais rápida da estratégia
Apesar de reforçar que a direção estratégica da BP está correta, Manifold deixou claro que a velocidade de execução precisa aumentar.
“Precisamos aumentar nossa lucratividade”, escreveu no comunicado, destacando que o ritmo das mudanças deve ser acelerado para garantir competitividade no setor energético global.
Transição de liderança e críticas ao antigo conselho
O executivo sucede Helge Lund, que enfrentava resistência de acionistas por sua proximidade com o ex-CEO Bernard Looney.
Looney havia conduzido a companhia em uma estratégia considerada problemática de aposta mais agressiva em energias renováveis. Agora, Manifold busca recolocar a BP em um caminho de maior foco no petróleo e gás, ao mesmo tempo em que mantém as metas de transição energética.
Histórico de Manifold e expectativa de investidores
Com experiência marcante na CRH, grupo irlandês de materiais de construção, Manifold conquistou reputação ao simplificar o portfólio da empresa e impulsionar seu valor de mercado, chegando a quase quintuplicar o preço das ações durante sua gestão. Ele também liderou a transferência da listagem principal para a Bolsa de Nova York em 2023.
O histórico do novo presidente, somado à recente descoberta de petróleo em Bumerangue, na costa do Brasil, e ao progresso da redefinição estratégica, reforça a visão de que a BP pode estar em um ponto de virada.
A recepção no mercado foi positiva. Em nota, a analista do Barclays, Lydia Rainforth, afirmou: “vemos o conselho renovado com maior urgência ao lado da redefinição estratégica como positivos para as ações”. Segundo ela, esse nível de objetividade em um novo presidente “é raro, tanto para a BP quanto para o setor de energia como um todo”.