Anualmente, 700 navios são desmantelados globalmente, com mais da metade encontrando seu fim em Alang, Índia, o maior cemitério de navios do mundo, onde a indústria naval revela um cenário difícil e desafios ambientais severos.
Em Alang, na Índia, localiza-se o maior cemitério de navios do mundo, onde, todos os anos, cerca de 700 navios, incluindo cargueiros, petroleiros e transatlânticos luxuosos, são desativados e desmontados. Este processo gera empregos, mas a realidade dos trabalhadores locais é marcado pelas difíceis condições de ambiente de trabalho. Iniciado em 1983, o desmanche de navios em Alang tornou-se um problema social complexo.
Diariamente, navios chegam à praia de Alang para serem desmontados, reciclados e vendidos como sucata. O trabalho, realizado manualmente por milhares de trabalhadores, muitas vezes em condições exaustivas e mal remunerado.
Como funciona o maior cemitério de navios do mundo
A técnica de desmanche começa com o encalhe da proposição dos navios durante as marés altas, facilitando o acesso dos trabalhadores às estruturas para desmontagem. O processo é árduo e perigoso, com riscos elevados de acidentes, muitas vezes fatais, devido à distância dos hospitais e às condições de trabalho inadequadas, de acordo com o portal UOL.
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Além dos problemas sociais, o impacto ambiental em Alang é significativo. A falta de descontaminação adequada dos navios antes do desmanche leva ao vazamento de resíduos tóxicos na praia, afetando tanto o meio ambiente quanto a saúde dos trabalhadores.
Porta-aviões brasileiros Minas Gerais também foi parar lá na Índia
O custo limitado do desmanche de navios em Alang atrai proprietários de navios internacionais, incluindo casos históricos como o dos porta-aviões brasileiros Minas Gerais, leia sobre ele aqui. No entanto, as condições de trabalho e as práticas ambientais em Alang continuam a gerar protestos e questões globais, destacando a necessidade urgente de reformas na indústria naval local.
O maior cemitério de navios do mundo em Alang é um testemunho do lado sombrio da indústria naval, onde o lucro muitas vezes supera as considerações humanitárias e ambientais. A realidade em Alang exige atenção global para melhorar as condições de trabalho e práticas ambientais, garantindo a sustentabilidade da indústria naval e a dignidade dos trabalhadores.
Desmantelamento de navios no Brasil
A atividade de desmantelamento de navios no Brasil, comparativamente menor e menos estruturada que em países como Índia, Bangladesh e Turquia, ocorre em escala reduzida. Algumas empresas nacionais operam ocasionalmente no desmantelamento, visando a reciclagem e o aproveitamento de materiais.
Alguns estaleiros no Brasil
- Estaleiro Atlântico Sul (EAS): está localizado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, Pernambuco, este estaleiro é um dos gigantes da América Latina e se destaca pela construção de navios petroleiros e reparos navais, com uma significativa capacidade de processamento de aço.
- INACE (Indústria Naval do Ceará): em Fortaleza, Ceará, o INACE tem uma longa história na construção de embarcações variadas, incluindo rebocadores, navios-patrulha e iates.
- Vard Promar: também situado em Ipojuca, Pernambuco, especializa-se em embarcações offshore, incluindo navios de pesca e quebra-gelos.
- Estaleiro Mauá: em Niterói, Rio de Janeiro, possui tradição centenária na construção e reparo naval, sendo um dos mais antigos e importantes do país.
- Detroit Brasil S.A.: localizado em Itajaí, Santa Catarina, destaca-se pelos serviços de reparo e construção naval de médio porte.
Essa rede de estaleiros demonstra a capacidade e a diversidade da indústria naval brasileira, crucial para a economia marítima do país, atendendo demandas locais e internacionais de construção, manutenção e reparo de embarcações.
Enquanto o Brasil não possui um cemitério de navios em escala comparável a Alang, sua indústria naval está bem estabelecida, com estaleiros estrategicamente localizados por todo o território nacional. A área de desmantelamento de navios, ainda emergente, pode representar uma frente de expansão para a indústria naval brasileira, sugerindo um potencial campo de desenvolvimento econômico e ambiental.