Estudo em fazenda leiteira na Califórnia mostra que uso de biodigestores pode cortar até 80% das emissões de metano.
Uma lona gigante esticada sobre uma lagoa de esterco pode parecer apenas um detalhe curioso em uma fazenda leiteira. Mas por trás dessa estrutura de biodigestores está uma das transformações mais promissoras no combate ao aquecimento global: a captura e o reaproveitamento do metano.
Essa técnica, testada e confirmada em estudo recente, mostrou que é possível reduzir as emissões desse gás em aproximadamente 80%. E o melhor: o metano pode ser reaproveitado como combustível, transformando um problema em solução.
A mudança começa pelo esterco
O estudo foi realizado pela Universidade da Califórnia, em Riverside. A pesquisa analisou uma fazenda familiar localizada no condado de Tulare, na região de San Joaquin, uma das maiores produtoras de leite dos Estados Unidos.
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O local foi monitorado por dois anos — um antes e outro depois da instalação do biodigestor. Durante esse período, uma van equipada com sensores de gás percorreu os arredores, coletando dados com alta precisão.
Após a instalação e correção do sistema, a redução nas emissões foi clara e significativa.
Como funciona o sistema
A tecnologia aplicada é relativamente simples. Trata-se de um biodigestor: uma estrutura que sela completamente as lagoas de esterco, impedindo que o gás metano escape para a atmosfera.
Essa vedação é feita com uma grande membrana hermética. A lona cobre o esterco acumulado e, com isso, o metano é contido, purificado e redirecionado para ser usado como biocombustível. Em vez de ser liberado no ar, ele abastece caminhões pesados e outros veículos que normalmente funcionariam a diesel.
O gás metano é altamente poluente. Ele tem um poder de aquecimento global mais de 80 vezes maior que o CO₂, considerando um período de 20 anos. Por isso, conter essas emissões tem um impacto direto na redução do efeito estufa.
Um problema recorrente nas fazendas
Grande parte do metano emitido na Califórnia vem das vacas leiteiras. Isso inclui tanto os gases liberados no processo digestivo quanto os produzidos pelo esterco.
Nas fazendas tradicionais, o esterco é armazenado em fossas abertas. Sem contato com o oxigênio, esse material se decompõe e emite metano. A tecnologia do biodigestor muda esse cenário, oferecendo uma alternativa com retorno ambiental e energético.
Limitações e desafios
Apesar dos resultados positivos, a tecnologia tem limitações. Ela não trata outros poluentes, como amônia e partículas finas, que também afetam a qualidade do ar.
Além disso, a instalação exige custos altos, licenças ambientais e manutenção constante. Ou seja, não é uma solução viável para todas as propriedades.
Mas, para as fazendas que têm condições de adotar a tecnologia, o custo-benefício é claro.
Colaboração entre ciência e campo
O estudo também evidenciou como a união entre cientistas, agricultores e indústria pode gerar resultados concretos. Após a detecção de vazamentos, ajustes foram feitos em parceria com os operadores locais. Isso ampliou o impacto da redução de metano.
O governo da Califórnia também está investindo em satélites para monitorar possíveis vazamentos de metano em tempo real. Assim, é possível agir rapidamente quando houver picos nas emissões.
Potencial de transformação
A aplicação em larga escala de biodigestores pode mudar o cenário do agronegócio. Além de conter as emissões, a tecnologia transforma um resíduo em fonte de energia.
Entre os principais benefícios, estão:
– Redução dos gases de efeito estufa;
– Substituição de combustíveis fósseis;
– Valorização de resíduos orgânicos;
– Estímulo à economia local com tecnologias sustentáveis.
Embora ainda seja uma solução com limitações técnicas e econômicas, os resultados do estudo de Tulare mostram que é possível. Quando há alinhamento entre ciência, política pública e setor produtivo, o impacto pode ser grande.
Se expandida e integrada com outras fontes, como energia solar e tecnologias de eficiência, essa estratégia pode representar um passo importante rumo a uma agricultura mais limpa e moderna.