Ações do agro podem se beneficiar dos cortes na Selic a partir de 2026. Saiba como juros menores impactam o setor, quais empresas podem se destacar e o que esperar para os próximos anos.
O que esperar para o agro em meio a um possível alívio nos juros? O setor, que representa parte essencial da economia brasileira, pode ver suas ações retomarem valorização a partir de 2026. Especialistas destacam que os cortes na Selic, hoje em 15% ao ano, devem começar de forma gradual, mas já trariam impactos positivos tanto para as empresas listadas na bolsa quanto para os produtores.
A perspectiva é de que o Brasil mantenha protagonismo global em grãos e proteína animal, o que pode abrir novas oportunidades para investidores.
Agro cresce, mas sofre com os juros altos
Em 20 anos, o PIB do agro saltou de R$ 533 bilhões para R$ 2,72 trilhões, segundo o IBGE. Esse crescimento expressivo tem, por outro lado, uma fragilidade: a dependência de crédito.
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Como o setor é altamente alavancado, juros elevados pesam sobre custos de financiamento e travam investimentos.
“Todas as companhias do agro têm característica de crescimento, então é natural que juros mais baixos as favoreçam”, explicou Antonio da Luz, economista-chefe da Ecoagro.
Ações do agro e Selic: histórico dos ciclos
Estudos da corretora Rico mostram que cortes na Selic já tiveram efeitos variados sobre as ações do agro.
Em 2009, no auge da crise do subprime, o setor disparou mais de 74% em 12 meses após a redução da taxa. Em 2016, também houve forte valorização, chegando a 26,8% em um ano.
Já em 2011 e 2023, o comportamento foi diferente.
Em 2011, o retorno foi tímido, enquanto em 2023, mesmo com os cortes, o PIB do agro encolheu 2,99%, refletindo quedas de preços nas commodities.
Esses exemplos mostram que o desempenho não depende apenas dos juros, mas também de fatores externos como demanda global e clima.
O que esperar para 2026
Segundo especialistas, a safra de 2026 ainda será colhida sob juros altos, mas os efeitos da política monetária tendem a ser mais claros em 2027. Mesmo assim, a expectativa é positiva.
Há sinais de uma produção mundial mais apertada, especialmente na soja. “O consumo global deve subir cerca de 14 milhões de toneladas, mas a produção só aumentará em 2 milhões”, destacou Luz.
Nesse cenário, as exportações brasileiras podem crescer 10% em 2026, puxadas pela demanda chinesa.
No milho, a previsão é de estoques reduzidos, o que deve sustentar preços acima dos níveis de 2025.
Esse ambiente reforça a atratividade das ações do agro, especialmente diante da relevância do Brasil como fornecedor global.
Quais ações do agro podem se destacar
Para Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora, juros mais baixos podem destravar planos de expansão e aumentar o interesse do investidor. “Com juros menores, há redução no custo financeiro e maior viabilidade de projetos de médio e longo prazo, como ampliação de área plantada e modernização tecnológica”, disse.
Entre as companhias citadas como potenciais beneficiadas estão JBS e Marfrig, do setor de proteína animal, que são mais alavancadas e tendem a sentir alívio mais rápido.
Já empresas como SLC Agrícola, Boa Safra, Três Tentos e M. Dias Branco podem se beneficiar de forma mais moderada, mas com maior segurança para investidores conservadores.
Investir no agro: oportunidade ou risco?
Especialistas ressaltam que o agro brasileiro mantém fundamentos sólidos, mas ainda enfrenta desafios no curto prazo, como volatilidade cambial, impactos climáticos e oscilações nas commodities.
Por isso, o investidor precisa alinhar o apetite ao risco com a escolha das ações.
Enquanto Mollo defende cautela e gradualismo, Luz é mais otimista: “O momento é positivo para investir nas companhias do agro, sobretudo diante das perspectivas para 2026”.
O futuro das ações do agro no Brasil dependerá não apenas da trajetória da Selic, mas também do cenário global de oferta e demanda.
Com a expectativa de cortes de juros e uma conjuntura favorável às exportações, o setor pode ganhar novo impulso.
Para quem busca oportunidades na bolsa, o agro continua sendo um campo fértil, mas que exige atenção aos ciclos econômicos e climáticos.