Agro brasileiro importa toneladas de fertilizantes da Rússia. Setor alerta o Itamaraty após ameaça de sanções secundárias feita por Trump em meio à crise geopolítica
O agro brasileiro acendeu um sinal de alerta diante da possibilidade de sanções econômicas dos Estados Unidos, motivadas pelas compras crescentes de fertilizantes da Rússia. Segundo a Folha de S.Paulo, líderes do setor e membros da bancada ruralista já levaram o tema ao Itamaraty, com receio de que o novo tarifaço imposto por Donald Trump se estenda a produtos estratégicos para a cadeia produtiva nacional.
As preocupações aumentaram após o ex-presidente americano afirmar que países que continuarem comprando exportações russas, como petróleo, gás, urânio e fertilizantes, poderão sofrer retaliações econômicas indiretas. O Brasil é altamente dependente desses insumos, especialmente dos fertilizantes, dos quais mais de 90% são importados, sendo a Rússia a principal fornecedora.
Qual é o risco real de sanções ao agro brasileiro?
Desde o início de 2025, Trump endureceu o discurso contra países que mantêm relações comerciais com a Rússia, mesmo após as sanções ocidentais pela guerra na Ucrânia. Em 14 de julho, ele ameaçou aplicar tarifas secundárias de até 100% sobre bens de países que ainda compram produtos russos, incluindo fertilizantes o que afeta diretamente o Brasil.
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A medida, se confirmada, não incidiria sobre os fertilizantes em si, mas sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, como forma de pressão indireta. O temor do setor agro é que isso prejudique a competitividade de exportações como soja, milho, carne e café, afetando a balança comercial e a economia do campo.
Qual é o tamanho da dependência do Brasil em relação aos fertilizantes russos?
Segundo dados oficiais do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), mais de 30% dos fertilizantes importados pelo Brasil vêm da Rússia, superando parceiros tradicionais como China, Canadá e Estados Unidos. O Brasil ocupa a quarta posição mundial em consumo desses insumos, atrás apenas de China, Índia e EUA.
Em 2025, o país já importou 5,71 milhões de toneladas de fertilizantes russos no primeiro semestre, ao custo de US$ 1,98 bilhão. A estimativa é que o total do ano supere 12 milhões de toneladas, batendo novo recorde histórico. Essa dependência só cresceu na última década: em 2015, eram 3,7 milhões de toneladas; em 2023, saltou para 9,3 milhões.
O que diz o governo brasileiro?
Até o momento, o governo federal evita declarações contundentes sobre o tema. A Frente Parlamentar Agropecuária também prefere o silêncio. Contudo, bastidores diplomáticos indicam que o Itamaraty já foi alertado formalmente por representantes do setor sobre os riscos das sanções.
Em viagem recente aos Estados Unidos, senadores brasileiros tentaram sensibilizar o governo americano quanto à complexidade das relações comerciais com a Rússia.
Segundo apuração da Folha, os norte-americanos estão especialmente incomodados com o volume crescente de diesel russo comprado pelo Brasil o segundo item mais importado, atrás apenas dos fertilizantes.
Quais seriam os impactos imediatos para o setor agro?
O principal efeito seria a elevação do custo de produção, caso a cadeia de suprimentos de fertilizantes seja afetada. Com mais de 73% do consumo concentrado em soja, milho e cana-de-açúcar, uma interrupção no fornecimento ou aumento de preços pressionaria a inflação dos alimentos, além de comprometer o planejamento da safra.
Além disso, uma sanção indireta via sobretaxação de exportações pode reduzir o acesso do Brasil ao mercado americano, obrigando o país a buscar novos compradores ou negociar sob condições desvantajosas.
Você acha que o Brasil deveria diversificar imediatamente suas fontes de fertilizantes? As ameaças de Trump justificam uma reação diplomática mais firme? Deixe sua opinião, queremos ouvir quem acompanha o agro de perto.