Em um mundo de incertezas sem precedentes, a ideia de que as nações dependem do Brasil para sua alimentação é um mito perigoso. A gestão de risco e o foco em valor agregado são cruciais.
O agronegócio brasileiro opera sob a crença de que o mundo precisa de seus produtos para se alimentar, mas essa é uma ilusão. Na realidade, os países buscam autossuficiência e segurança alimentar, evitando depender de comida importada. Navegar neste novo cenário global caótico exige que o agro do Brasil abandone velhos mitos e adote uma rigorosa gestão de riscos.
A ilusão da dependência mundial do agro brasileiro
Existe uma ideia difundida de que o mundo precisa do Brasil para garantir seu alimento, mas isso não é verdade. Segundo Marcos Jank, do Insper Global Agribusiness Center, os países não querem depender de alimentos que vêm de fora. A segurança alimentar é um tema crítico, especialmente para nações com mais de um bilhão de habitantes. A prioridade é sempre a produção interna.
Essa percepção equivocada pode levar a estratégias frágeis. Achar que o Brasil é a única solução alimentar do planeta é um erro que pode custar caro.
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A nova bússola para o produtor rural
O cenário atual é descrito como um “mundo multipolar caótico”. A principal mensagem para o produtor rural é clara: a gestão de risco nunca foi tão fundamental quanto hoje. Vivemos um período de incertezas sem precedentes, influenciado pela forte disputa hegemônica entre os Estados Unidos e a China.
Essa nova desordem global afeta diretamente os mercados, os preços e a logística. Portanto, o produtor do agro do Brasil precisa estar preparado para volatilidades e mudanças abruptas, protegendo sua produção e seus negócios de maneira estratégica.
O real tamanho do agro do Brasil no cenário mundial
É comum ouvir que o Brasil é “o maior do mundo” no agronegócio, mas essa afirmação precisa de contexto. O país não é o maior produtor mundial nem o maior consumidor. Considerando a União Europeia como um bloco, o Brasil é o terceiro maior exportador, atrás da Europa e dos Estados Unidos.
A verdadeira liderança brasileira está na exportação de commodities agropecuárias. Nesse quesito específico, o país é, de fato, o número um. Contudo, quando se trata de produtos com valor agregado, o Brasil ainda não fez sua lição de casa e fica para trás de seus principais concorrentes.
O fator Ásia e a pressão demográfica no consumo
Uma força que impulsiona a demanda global é a mudança no padrão de consumo na Ásia. A população do continente está se tornando majoritariamente urbana. Quando as pessoas migram do campo para a cidade, deixam a agricultura de subsistência e passam a comprar alimentos, buscando uma dieta melhor e mais variada.
Além disso, o planeta enfrenta uma pressão demográfica significativa, com um saldo positivo de 70 milhões de pessoas por ano. Esse crescimento contínuo da população mundial aumenta a necessidade por alimentos e representa uma oportunidade para o agro do Brasil, desde que o setor saiba como se posicionar.
As negociações que ameaçam o agro do Brasil
A preocupação real para o agronegócio brasileiro não está apenas em tarifas diretas. O que mais preocupa, segundo Jank, são as negociações que os Estados Unidos estão conduzindo com países que são mercados de grande interesse para o Brasil.
Enquanto uma tarifa específica pode ter um impacto limitado, os acordos comerciais dos concorrentes podem redefinir o acesso a mercados inteiros. É nesse campo geopolítico que o agro do Brasil enfrenta seus maiores desafios, onde as ações dos concorrentes representam um risco maior que questões tarifárias diretas.