A parceria entre Embrapa e Nestlé Brasil cria novos projetos voltados à agricultura regenerativa, cuja meta é a inovação para reduzir emissões agrícolas em todo o país
A agricultura regenerativa ganha um novo impulso no Brasil com a assinatura de um acordo estratégico entre a Embrapa e a Nestlé Brasil, anunciado durante a AgriZone, em Belém, segundo uma matéria publicada.
A parceria, firmada no contexto da COP30, busca acelerar o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e fortalecer práticas produtivas capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas cadeias do leite e do cacau.
A iniciativa marca uma nova fase da cooperação entre as instituições, que há três décadas desenvolvem ações conjuntas voltadas ao aumento da eficiência e à sustentabilidade da agropecuária brasileira.
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O acordo estabelece dois projetos iniciais: o primeiro dedicado à análise do perfil de emissão de vacas em lactação submetidas a diferentes dietas; o segundo focado em sistemas agroflorestais para o cultivo sustentável do cacau.
A proposta é integrar ciência e prática de campo para desenvolver soluções escaláveis, promovendo a descarbonização e reforçando o papel do Brasil como referência mundial em produção agrícola sustentável.
Inovação em leite de baixo carbono e impacto na cadeia produtiva
O novo acordo amplia o alcance do programa de leite de baixo carbono, que teve origem em 2021 com o objetivo de reduzir as emissões no setor leiteiro.
O foco está na aplicação de metodologias científicas da Embrapa para quantificar gases de efeito estufa e otimizar a alimentação dos rebanhos, contribuindo para a neutralidade de carbono até 2050, meta global da Nestlé.
Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, destacou que a parceria “reflete um compromisso conjunto com uma agropecuária mais sustentável, integrando economia, meio ambiente e sociedade”.
Essa sinergia visa transformar o manejo das fazendas, garantindo eficiência sem comprometer os recursos naturais.
Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, reforçou que a cooperação “representa um avanço importante na criação de sistemas alimentares mais saudáveis e resilientes”, fortalecendo a transição para modelos produtivos regenerativos.
O histórico entre as duas instituições é robusto: em 2006, elas lançaram o Programa de Boas Práticas em Fazendas de Leite, certificado em 100% das propriedades parceiras da Nestlé até 2017.
Esse trabalho resultou em manuais que se tornaram referência para normas nacionais de higiene e manejo, consolidando a base técnica que agora sustenta as novas pesquisas em agricultura regenerativa.
Cacau sustentável e sistemas agroflorestais regenerativos
Além do leite, o acordo prioriza o desenvolvimento do cacau sustentável, com foco em sistemas agroflorestais (SAFs) adaptados às condições da Amazônia.
O Brasil, que já foi o maior produtor mundial de cacau, reúne potencial para retomar a autossuficiência de forma ambientalmente equilibrada.
A meta é ampliar o cultivo em áreas de integração florestal, reduzindo o desmatamento e melhorando a resiliência climática.
Os SAFs combinam espécies nativas e culturas agrícolas, garantindo sombreamento e manutenção da biodiversidade.
Nesse contexto, a agricultura regenerativa atua como eixo central, promovendo a restauração do solo e o uso eficiente dos recursos hídricos.
A Embrapa e a Nestlé planejam investir em pesquisa genética e no aprimoramento de técnicas de plantio que aumentem a produtividade e a captura de carbono no solo.
A parceria público-privada é vista como um modelo de cooperação científica voltada ao desenvolvimento sustentável.
A adoção de tecnologias regenerativas nas lavouras de cacau pode tornar o Brasil exemplo global na integração entre produção agrícola e preservação ambiental, especialmente em regiões sensíveis como a Amazônia Legal.
Descarbonização agropecuária e o papel da ciência aplicada
A agricultura regenerativa também se destaca como ferramenta-chave na agenda de descarbonização agropecuária, alinhada aos compromissos internacionais assumidos pelo país.
O acordo prevê a criação de indicadores de sustentabilidade que mensurem o impacto real das práticas adotadas.
Essa abordagem reforça a importância da ciência aplicada na formulação de políticas e modelos produtivos escaláveis.
A cooperação entre Embrapa e Nestlé reforça o papel da pesquisa pública na construção de soluções práticas para o campo.
A união entre conhecimento técnico e experiência de mercado permite desenvolver estratégias que conciliam produtividade, competitividade e responsabilidade ambiental.
Para o agronegócio brasileiro, trata-se de um movimento estratégico capaz de fortalecer a imagem do país como fornecedor de alimentos sustentáveis e de baixa pegada de carbono.
Ao integrar inovação tecnológica, sistemas agroflorestais e práticas de agricultura regenerativa, a parceria aponta um novo caminho para o futuro do campo, onde a produção de alimentos se alinha à conservação ambiental e à valorização social das comunidades rurais.


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