A ANP inicia consulta pública prévia sobre emissões de metano no setor de petróleo e gás natural. Estudo terá duração de 45 dias e envolve sustentabilidade ambiental, regulamentação futura e estratégias de mitigação
As emissões de metano estão cada vez mais no centro das discussões sobre sustentabilidade, energia e meio ambiente.
Esse gás, que surge de diferentes processos ligados à produção de petróleo e gás natural, ganhou destaque pela sua relação direta com a transição energética e a redução de impactos ambientais.
Diante desse cenário, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) decidiu dar um passo importante: abrir uma consulta pública prévia sobre o tema. A proposta é simples, mas muito estratégica.
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Segundo uma matéria publicada no portal da ANP, durante 45 dias, a sociedade poderá contribuir com ideias e sugestões para um estudo preliminar que vai orientar a futura regulamentação sobre as emissões de metano no Brasil.
Esse processo traz mais clareza, participação e transparência para um setor que busca alinhar crescimento econômico e sustentabilidade. E, claro, a curiosidade é imediata: como isso vai funcionar, quais são os pontos em debate e o que esperar desse movimento?
Emissões de metano e a consulta pública da ANP
A abertura da consulta prévia pela ANP foi aprovada no último dia 18 de setembro. A decisão tem como foco central a criação de uma regulamentação específica sobre as emissões de metano na indústria do petróleo e do gás natural.
A ideia não é apenas definir regras, mas também construir um processo transparente, com base em dados técnicos e na participação da sociedade.
O estudo elaborado pela ANP buscou reunir informações técnicas e institucionais que possam servir como base para a elaboração de uma norma equilibrada.
Ou seja, a intenção é que as novas regras não sejam apenas eficazes do ponto de vista ambiental, mas também viáveis para as empresas e agentes do setor.
Além disso, esse levantamento também busca garantir que todos os envolvidos tenham acesso ao mesmo nível de informação. Assim, evita-se que alguns fiquem em desvantagem por falta de clareza ou transparência sobre o tema.
O período da consulta será de 45 dias e as contribuições serão feitas por meio de um formulário eletrônico. Esse formulário ficará disponível no site oficial da ANP, após publicação no Diário Oficial da União.
Esse canal digital permite que qualquer pessoa interessada participe, tornando o processo mais inclusivo e acessível.
Temas estratégicos sobre emissões de metano em debate
O estudo da ANP que servirá de base para a regulamentação não se limita a aspectos gerais. Ele está estruturado em nove temas estratégicos que ajudam a compreender a complexidade das emissões de metano.
Esses pontos estão diretamente ligados ao funcionamento da indústria do petróleo e gás natural e mostram como a questão é multidimensional.
Entre os temas estão o escopo e a abrangência da futura norma, que definem onde e como as regras deverão ser aplicadas.
Outro ponto importante são os tipos de abordagens regulatórias possíveis, já que há diferentes caminhos para definir critérios e responsabilidades.
Também estão em debate as estratégias de mitigação das emissões, ou seja, as formas práticas de reduzir a liberação de metano durante as atividades de exploração e produção.
Outros temas que fazem parte da consulta são a detecção e o reparo de vazamentos, fundamentais para evitar perdas e riscos; os sistemas de medição, monitoramento, reporte e verificação; o controle da queima e ventilação; e os critérios para os planos de desenvolvimento.
Além disso, entram na lista a gestão de poços abandonados, que podem se tornar fontes de emissões se não forem bem controlados, e a aplicação de penalidades em casos de descumprimento das normas.
Cada um desses pontos representa um aspecto essencial da regulação futura e reforça que a proposta não se limita a um único problema, mas abrange toda a cadeia ligada às emissões de metano.
Agenda regulatória da ANP e sustentabilidade ambiental
A iniciativa de regulamentar as emissões de metano não surgiu isolada. Ela faz parte da Agenda Regulatória 2025-2026 da ANP, que define as prioridades e temas estratégicos a serem trabalhados nesse período.
O objetivo é claro: contribuir com a promoção da descarbonização nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural.
Esse movimento também está alinhado à Resolução nº 8/2024 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O documento define diretrizes para orientar o setor energético brasileiro em direção a práticas mais sustentáveis.
Ao inserir o tema na agenda regulatória, a ANP deixa evidente que trata-se de uma prioridade nacional, com prazos e metas bem definidos.
Segundo o cronograma, após a etapa da consulta prévia, será elaborada a Análise de Impacto Regulatório (AIR) e uma minuta de resolução.
Esses documentos passarão por novas etapas de consulta e audiência públicas, previstas para ocorrer até maio de 2026. A publicação da regulação final está programada para dezembro de 2026.
Com isso, o setor de petróleo e gás natural no Brasil terá regras claras e detalhadas para lidar com as emissões de metano, o que pode impactar não apenas a indústria, mas também a percepção internacional sobre as práticas ambientais do país.
Participação social e importância do debate sobre emissões de metano
Um ponto de destaque nesse processo é a abertura para a participação social. Ao permitir que qualquer cidadão ou instituição apresente sugestões sobre as emissões de metano, a ANP reforça o valor da transparência.
Esse modelo de construção coletiva ajuda a criar regras mais equilibradas, que consideram diferentes perspectivas.
Além disso, a consulta prévia possibilita que a sociedade acompanhe de perto como a regulamentação será desenvolvida. Isso contribui para uma maior compreensão do tema e fortalece o vínculo entre população, empresas e órgãos reguladores.
Outro aspecto importante é a relevância internacional desse debate. A redução das emissões de metano é uma meta presente em acordos e compromissos globais relacionados ao clima.
Ao avançar nesse tema, o Brasil mostra que busca alinhar sua produção de petróleo e gás natural com práticas reconhecidas mundialmente.
A previsão é que as contribuições recebidas durante a consulta tragam ideias sobre os nove temas em debate. Essas informações servirão de base para a construção da AIR e da minuta de resolução, tornando o processo ainda mais sólido e participativo.