Novo projeto para transformar o deserto do Saara em terras férteis está em andamento e o Brasil está ajudando. Saiba como a região da África está recebendo plantação em 100 milhões de hectares
O Deserto do Saara, conhecido como o mais quente da Terra, nem sempre foi assim. Há cerca de 6.000 anos, essa região experimentava chuvas frequentes e um clima úmido. No entanto, aproximadamente 5.500 anos atrás, uma mudança climática transformou o Saara em um deserto escaldante e inóspito, que desde então tem se expandido a uma taxa alarmante de 10 km por ano. Para combater essa desertificação, um ambicioso plano de transformar o deserto do Saara em terras férteis está ganhando força, e a construção da Grande Muralha Verde já está em andamento. Este projeto épico visa não apenas frear o avanço do deserto do Saara, mas também revitalizar o ecossistema da região, oferecendo uma nova esperança para o futuro da África e para a segurança alimentar global.
Como surgiu o projeto para transformar o deserto do Saara em terras férteis?
A ideia de transformar o deserto do Saara em terras férteis surgiu quando o biólogo britânico Richard Barbe Baker viajou pelo norte da África na década de 1950, após percorrer 40.000 km e atravessar 24 países ele concluiu que era necessário fazer algo para revitalizar as terras degradadas da região.
Surgiu então o conceito do cinturão verde, um plano para reflorestar uma faixa de terra de 50 km de largura visando enriquecer a região do Saara.
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Contudo, esse conceito demorou muito para ser concretizado, mas no início do século XXI, líderes políticos da região começaram a apoiar a construção ou mais precisamente o cultivo da grande muralha verde. Foi planejado o plantio de árvores em uma faixa de terra de 15 km de largura e 7775 km de comprimento. Uma muralha que atravessaria toda a África de Djibouti a Senegal. Assim, o projeto foi lançado em 2007.
Brasil está ajudando na construção do mega projeto
O Brasil, por meio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), está desempenhando um papel crucial no ambicioso projeto da Grande Muralha Verde na África. Esse projeto, que visa deter o avanço do Deserto do Saara e transformar áreas áridas em terras férteis, é uma iniciativa que envolve a colaboração de vários países, e a experiência brasileira em agricultura sustentável e manejo de solos está sendo fundamental.
A Embrapa está compartilhando tecnologias e conhecimentos desenvolvidos ao longo de décadas de pesquisa no Brasil, especialmente aqueles relacionados ao semiárido brasileiro, que apresenta desafios climáticos semelhantes aos encontrados na África.
Entre as contribuições brasileiras estão técnicas de recuperação de solos degradados, manejo de recursos hídricos e sistemas agroflorestais que combinam o cultivo de árvores com agricultura e pecuária, promovendo a sustentabilidade e a resiliência das áreas afetadas pela desertificação. Essas técnicas não apenas ajudam a conter a expansão do deserto, mas também melhoram a produtividade agrícola, gerando renda para as comunidades locais e contribuindo para a segurança alimentar.
Além disso, o Brasil está auxiliando na capacitação de técnicos e agricultores africanos, promovendo intercâmbios e treinamentos que permitem a adaptação das tecnologias brasileiras às condições específicas de cada região do continente africano.
Essa colaboração internacional reflete o compromisso do Brasil com o desenvolvimento sustentável e a luta contra as mudanças climáticas, reforçando os laços entre as nações do Hemisfério Sul em busca de soluções inovadoras para os desafios ambientais globais.
A construção do mega projeto na África
Plantar árvores em 100 milhões de hectares de terra para transformar o deserto do Saara em terras férteis pode parecer uma tarefa difícil. Contudo, a Grande Muralha Verde é um projeto de sucesso bastante significativo. Nos anos 1960, a barragem verde da Argélia se tornou um conto de fadas improvável. Na época, a Argélia enfrentava problemas semelhantes.
O deserto do Saara estava se espalhando pelo norte da África, reduzindo drasticamente as terras agrícolas. Ao longo de várias décadas a Argélia construiu a barragem verde, uma faixa verde de 20 km de largura que se estende por 1500 km de Oeste a Leste. Foram plantados Pinheiros de Alepo, resistentes à seca, em 3 milhões de hectares de terra e o solo foi coberto com grama esparto.
Posteriormente, Cipreste e outras árvores também foram plantados. Este projeto para transformar o deserto do Saara em terras férteis mostrou resultados significativos em um período relativamente curto, permitindo que a Argélia se tornasse mais autossuficiente em alimentos do que seus vizinhos.
No entanto, o projeto teve seus altos e baixos e o problema mais significativo foi o enfraquecimento gradual das plantas. Apesar disso, os resultados da Muralha Verde da Argélia foram indiscutíveis, levando o governo a alocar 552 milhões de dólares para a regeneração das áreas reflorestadas até hoje.
Como as árvores são selecionadas para o deserto do Saara?
Os projetos na Argélia são meticulosamente estudados também em regiões ao sul do deserto do Saara e as plantas a serem plantadas serão cuidadosamente selecionadas. A escolha das árvores é extremamente importante, isso porque afeta diretamente a sobrevivência da grande muralha Verde que promete transformar o deserto do Saara em terras férteis.
Por exemplo, no Senegal optou-se por plantar a espécie conhecida como balanites aegyptiaca, também chamada de Tamareira do deserto. Esta árvore é ideal para climas secos e pode sobreviver por mais de 100 anos nesses ambientes. Ela pode ficar sem água por até 2 anos e ainda produz frutos durante períodos de seca.
Além disso, mesmo que inundações sejam improváveis nesta região da África, essa árvore é resistente a enchentes e ao fogo, sendo ideal para áreas quentes onde o sol é intenso, como se estivesse sendo colocada em uma grelha.