Declaração de Trump sobre a Groenlândia expõe a corrida global por terras raras, vitais para tecnologia, defesa e independência dos EUA frente à China
Em maio deste ano, o presidente Donald Trump voltou a afirmar que os Estados Unidos precisavam “muito” da Groenlândia. A declaração reacendeu o debate sobre a possível anexação do território dinamarquês.
O motivo por trás da insistência está na grande quantidade de minerais críticos, principalmente terras raras, sob a camada de gelo da ilha.
As terras raras são uma categoria de 17 elementos químicos, que incluem escândio, ítrio e os lantanídeos.
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Esses materiais são fundamentais para diversas tecnologias do cotidiano, como celulares, TVs de tela plana, turbinas eólicas e luzes LED.
Também são essenciais para a produção de baterias de carros elétricos, aparelhos de ressonância magnética e até tratamentos contra o câncer.
Uso militar amplia importância das terras raras
Além do uso em produtos eletrônicos, as terras raras são fundamentais para a defesa nacional dos Estados Unidos.
Segundo uma nota de pesquisa publicada em 2025 pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), esses metais são usados em aviões de combate F-35, mísseis Tomahawk, submarinos, satélites, lasers e outras tecnologias militares.
A dependência americana é grande. De acordo com a Agência Internacional de Energia, 61% da produção mundial de terras raras vem da China.
Ainda mais significativo: o país asiático controla 92% da produção global na etapa de processamento, o que inclui a separação dos elementos após a mineração.
Dificuldade técnica aumenta a dependência externa
Embora esses metais sejam encontrados em toda a crosta terrestre e até sejam mais abundantes que o ouro, a extração e o processamento são caros e causam impactos ambientais.
Além disso, os Estados Unidos não têm capacidade para separar os elementos pesados, que são mais escassos e complexos de isolar.
Até o começo deste ano, mesmo as terras raras extraídas na Califórnia eram enviadas para a China para passar pelo processo de separação.
A informação foi confirmada por Gracelin Baskaran, diretora do Programa de Segurança de Minerais Críticos do CSIS, em entrevista à CNN.
Tarifas e tensões aumentam o risco para os EUA
No entanto, esse processo foi interrompido após a decisão do governo Trump de impor tarifas altas sobre a China, anunciadas em abril.
Em resposta, o governo chinês manteve controles rigorosos sobre a exportação de sete minerais de terras raras e seus produtos associados.
A medida foi interpretada como uma retaliação às “tarifas recíprocas” aplicadas pelos EUA.
Apesar da trégua assinada em Genebra, autoridades americanas esperavam que Pequim flexibilizasse essas restrições, o que ainda não aconteceu.
Entre 2020 e 2023, 70% das importações americanas de compostos e metais de terras raras vieram da China, segundo relatório do Serviço Geológico dos EUA.
Groenlândia, Ucrânia e Arábia Saudita entram no radar
Além da China, os Estados Unidos passaram a incluir as terras raras como prioridade em sua política externa com outros países.
Um dos movimentos recentes foi a assinatura de um “acordo de terras raras” com a Ucrânia. Também há interesse na Arábia Saudita e na Groenlândia, citada diretamente por Trump.
Segundo Gracelin Baskaran, a Ucrânia ainda possui uma indústria de mineração muito inicial. Apesar de o país ser considerado nas estratégias, ainda não há dados claros sobre a viabilidade econômica da extração em seu território.
A corrida por terras raras continua, e os Estados Unidos buscam alternativas para reduzir a dependência da China.
A disputa permanece aberta e com implicações que vão além do comércio, atingindo áreas como tecnologia e segurança nacional.
Com informações de CNN.


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