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Adeus, risco de contaminação por metanol: brasileiros criam canudo que detecta metanol em bebidas

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 27/10/2025 às 16:43
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Dispositivo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba promete identificar a presença de metanol em bebidas adulteradas por meio da mudança de cor, oferecendo uma alternativa simples e acessível de detecção.

Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveram um dispositivo que identifica a presença de metanol em bebidas alcoólicas adulteradas.

O equipamento, em formato de canudo, muda de cor ao entrar em contato com a substância e funciona de modo semelhante a testes rápidos, como os de gravidez.

O objetivo é oferecer uma ferramenta de baixo custo e uso simples, que possa ser utilizada por distribuidores, estabelecimentos e consumidores para prevenir intoxicações.

Como o canudo detecta o metanol

O projeto está em desenvolvimento no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da UEPB e é conduzido há cerca de dois anos.

De acordo com os pesquisadores, o canudo é feito de material biodegradável, contendo reagentes químicos protegidos internamente, sem risco de contato direto com o usuário.

Ao ser inserido em uma amostra de bebida, o líquido sobe por capilaridade e interage com os reagentes.

Em caso de presença de metanol, ocorre uma reação química que altera a coloração do canudo, tornando a mudança visível do lado externo.

Segundo o pesquisador Railson de Oliveira Ramos, o funcionamento é semelhante ao de uma coluna cromatográfica.

Ele explicou que os reagentes ficam isolados dentro do tubo e que a variação de cor ocorre em poucos minutos, indicando a presença ou ausência do composto.

Dispositivo brasileiro muda de cor ao detectar metanol em bebidas adulteradas. Solução de baixo custo visa bares, restaurantes e consumidores.
Dispositivo brasileiro muda de cor ao detectar metanol em bebidas adulteradas. Solução de baixo custo visa bares, restaurantes e consumidores.

Os testes realizados até agora são qualitativos, ou seja, o canudo não mede a quantidade de metanol presente na bebida, apenas aponta se a substância existe ou não na amostra analisada.

Tecnologia por infravermelho para bebidas lacradas

O desenvolvimento do canudo é resultado da ampliação de uma tecnologia anterior criada pela mesma equipe.

O grupo havia projetado um sistema baseado em radiação infravermelha, capaz de identificar adulterações em bebidas mesmo com as garrafas ainda lacradas.

O método consiste em direcionar luz sobre o líquido.

As moléculas da bebida reagem de formas diferentes conforme sua composição, e o software do sistema processa essas variações, informando se há substâncias estranhas, como metanol, etanol veicular ou água adicionada.

De acordo com a equipe da UEPB, o sistema atingiu 97% de precisão em análises laboratoriais controladas e agora avança para a fase de testes com amostras reais, etapa necessária para validar o desempenho e avaliar a possibilidade de produção em escala comercial.

Produção e aplicação do canudo sustentável

O grupo trabalha para transformar a pesquisa em um produto sustentável, de baixo custo e fácil de usar.

A expectativa é que o canudo possa ser distribuído amplamente e empregado em testes de rotina em bares, restaurantes e distribuidoras.

A pró-reitora de Pós-Graduação da UEPB, Nadja Oliveira, destacou que a tecnologia pode ampliar a confiança no consumo de bebidas, ao permitir uma checagem rápida de segurança antes da ingestão.

Segundo ela, o dispositivo tem potencial para ser usado tanto por empresas quanto por consumidores, “de forma prática e sem necessidade de equipamentos adicionais”.

Interesse do Ministério da Saúde

O avanço do projeto chamou a atenção do Ministério da Saúde, que discutiu com a universidade formas de incorporar a tecnologia em políticas públicas de prevenção a intoxicações por metanol.

A reunião contou com a presença do ministro Alexandre Padilha e do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), segundo informações da própria UEPB.

O pesquisador Railson de Oliveira informou que o próximo passo é a criação de um kit colorimétrico baseado na mesma reação do canudo.

O sistema permitirá verificar rapidamente se há metanol em uma amostra, sem medir o teor.

“O objetivo é disponibilizar um kit simples, acessível e de resposta rápida, que possa ser usado em qualquer ambiente”, afirmou.

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O que é o metanol e seus riscos

O metanol é um álcool altamente tóxico, utilizado em processos industriais e que não deve ser consumido.

Quando presente em bebidas adulteradas, pode causar cegueira, danos neurológicos e morte.

Segundo especialistas, pequenas doses já representam risco elevado, pois a substância é rapidamente absorvida pelo organismo.

Casos recentes de intoxicação por metanol levaram o Ministério da Saúde a intensificar o monitoramento.

Conforme dados divulgados pela pasta, até o momento foram registrados 47 casos confirmados e nove mortes, com outras 57 ocorrências em investigação.

Autoridades sanitárias afirmam que as ocorrências estão associadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas ou de origem não comprovada.

Etapas e desafios até a produção em escala

De acordo com a equipe da UEPB, os reagentes usados no canudo permanecem confinados dentro do tubo, o que evita riscos de exposição e contaminação.

O grupo agora busca parcerias industriais e institucionais para viabilizar a produção e definir padrões de controle de qualidade e validação técnica.

Segundo os pesquisadores, a padronização da leitura de cor e a criação de instruções de uso claras estão entre as etapas mais importantes para que o produto chegue ao mercado.

Também será necessário avaliar a viabilidade econômica da produção e a logística de distribuição para atender diferentes regiões do país.

Especialistas em segurança alimentar avaliam que tecnologias como essa podem reforçar as estratégias de fiscalização e reduzir o número de fraudes no setor de bebidas, se implementadas em conjunto com ações de controle sanitário e rastreabilidade.

Impactos potenciais para o mercado e a saúde pública

Se a tecnologia for validada e adotada em larga escala, bares, restaurantes e distribuidores poderão testar bebidas antes da comercialização, aumentando o controle de qualidade.

O sistema por infravermelho permitiria inspeções sem abrir as garrafas, enquanto o canudo serviria como teste rápido em campo.

Pesquisadores da UEPB afirmam que, com o uso combinado das duas soluções, seria possível identificar adulterações de forma mais precoce, reduzindo riscos ao consumidor e ajudando autoridades a rastrear lotes contaminados.

Para o Ministério da Saúde, o desenvolvimento de tecnologias nacionais nessa área representa uma ferramenta complementar de vigilância e prevenção, especialmente em períodos de aumento de casos de intoxicação por bebidas ilegais.

A universidade informou que os testes com amostras reais estão em andamento e que os resultados devem embasar protocolos de certificação antes da fabricação comercial.

O uso de dispositivos como o canudo de detecção pode se tornar uma prática comum em estabelecimentos no futuro, caso o produto chegue ao mercado.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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