Tecnologia de ônibus conectados desafia o modelo dos articulados e reduz a necessidade de motoristas. Veículos autônomos em comboio avançam na Europa e apontam novo futuro urbano.
O uso de ônibus articulados enfrenta desafios crescentes, como alto consumo de energia e dificuldades em trajetos estreitos e curvos.
Para superar essas barreiras e a escassez de motoristas em algumas regiões da Europa, inicia-se uma nova era para o transporte coletivo urbano.
Trata-se do platooning, tecnologia que conecta ônibus autônomos em comboio, com apenas o veículo da frente operado por um motorista, e os demais seguindo em ritmo e direção sincronizados via TI.
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Essa solução tem sido alvo de testes práticos em diferentes continentes — Estados Unidos, Europa, China e Índia — para avaliar sua viabilidade e eficiência.
Pesquisadores e autoridades buscam alternativas à mobilidade atual, sobretudo em ambientes urbanos onde o uso de articulados se mostra limitado em horários de menor demanda.
Projeto MINGA testa ônibus conectados na Alemanha
Em Munique (Alemanha), o Ministério dos Transportes investiu em um projeto denominado MINGA, com orçamento de 13 milhões de euros, para testar o platooning de ônibus até meados de 2027.
Espera-se que, até o fim de 2025, dois ônibus elétricos autônomos da fabricante holandesa Ebusco com tecnologia desenvolvida pelo FZI e pelo Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (KIT) iniciem operação em linha regular durante eventos de grande público.
O sistema opera com um “reboque eletrônico”: os ônibus conectam e desconectam automaticamente conforme a demanda, mantendo distância reduzida — similar aos testes com caminhões, onde a distância entre veículos fica entre 15 e 20 metros.
No contexto urbano, isso permite flexibilidade para aumentar ou reduzir a capacidade de transporte conforme necessário.
Dinâmica e funcionamento do sistema de comboio digital
O veículo líder, conduzido por um motorista, emite sinais em tempo real que orientam os demais, autônomos, a replicar aceleração, frenagem e direção.
A sincronização é garantida por sensores, câmeras, radares e comunicação por alta frequência, criando um comboio digital.
Ao contrário dos articulados tradicionais, não há limite físico entre os ônibus, o que reduz a rigidez nos trajetos e minimiza impactos de curvas e ruas estreitas.
Benefícios e desafios do platooning
Flexibilidade operacional: possibilidade de desacoplamento instantâneo para serviços de menor demanda ou em situações de emergência.
Economia de energia: eliminação do motor de reforço (comum em articulados) pode reduzir o consumo por passageiro.
Redução de custos com motoristas: apenas o veículo da frente exige motorista, o que pode aliviar a pressão por mão de obra qualificada.
Desafios regulatórios e de infraestrutura: é preciso adaptar legislação e investir em sistemas de comunicação e monitoramento urbano compatíveis.
Comparação com sistemas de caminhões
No setor de transporte rodoviário de carga, o platooning já avança: comboios com três caminhões percorrem estradas com distância mínima entre eles, assegurada por sistemas de controle automáticos.
A adaptação dessa tecnologia para ônibus urbanos precisou de desenvolvimento específico em tecnologia de automação e TI, especialmente para tráfego intenso e frequente interação com pedestres e veículos leves.
Cronograma do projeto MINGA
Preparação técnica e regulatória: concluída em 2024.
Início dos testes com passageiros: previsto ao longo de 2025.
Operação com passageiros em linha regular: esperada para o fim de 2025 ou início de 2026.
Final do projeto e avaliação completa: prevista para meados de 2027.
Situação dos ônibus articulados no Brasil
No Brasil, várias cidades já adotaram ônibus articulados ou biarticulados como estratégia para transportar maior volume de passageiros — principalmente em corredores exclusivos e sistemas BRT.
Curitiba foi pioneira, sendo a primeira do país e do mundo a operar ônibus biarticulados (três seções), parte central da Rede Integrada de Transporte (RIT), que movimenta cerca de 2,3 milhões de passageiros por dia.
São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas também contam com biarticulados, aproveitando sistemas de BRT estruturados.
Cidades como Goiânia, Manaus e Boa Vista operam ou já experimentaram biarticulados, embora em menor escala.
Em Fortaleza, o “Expresso Fortaleza” introduziu articulados em 2014, mas vários foram desativados em ciclos de reavaliação do sistema.
O BRT Belém tem infraestrutura para articulados, mas enfrenta atrasos na operação definitiva do modal.
Esses veículos são essenciais em corredores intensamente demandados, mas exigem espaço amplo para manobra e estão sujeitos a desafios como curvas acentuadas e ruas estreitas — problemas que o platooning busca mitigar.
Aplicabilidade do platooning no cenário brasileiro
Adaptabilidade nas ruas urbanas
Diferente dos articulados tradicionais, o platooning conecta ônibus independentes em comboio digital. Isso permite navegar por trechos estreitos ou curvas sem o longo chassi rígido dos articulados.
Escalonamento dinâmico da oferta
Com o platooning, seria possível acoplar ou desacoplar ônibus conforme o fluxo de passageiros, evitando subutilização em horários de menor movimento.
Alívio na falta de motoristas
A tecnologia que permite operar dois ou mais ônibus com apenas um motorista (no veículo líder) poderia reduzir custos e ampliar cobertura, especialmente em regiões metropolitanas.
Integração com frotas elétricas
Cidades como São Paulo, Curitiba e Goiânia vêm renovando suas frotas com ônibus elétricos. O platooning autônomo, aliado à propulsão elétrica, tende a ampliar ganhos ambientais e de eficiência energética.
Infraestrutura existente como base
Os corredores BRT já implantados fornecem um ambiente propício para testes de conexão entre ônibus, exigindo apenas adaptações nos sistemas de TI e comunicação.
Articulados ou conectados: qual será o futuro do transporte urbano?
A adoção de ônibus articulados e biarticulados em cidades brasileiras já demonstra foco em mobilidade de alta capacidade, com sucesso sobretudo em corredores dedicados.
No entanto, limitações de espaço urbano, variação da demanda ao longo do dia e escassez de motoristas indicam que o platooning autônomo surge como uma evolução plausível.
A tecnologia poderia aproveitar a infraestrutura de BRT existente, renovar frotas elétricas e oferecer maior flexibilidade, mantendo eficiência na operação.
Você acha que implementar ônibus conectados em comboio, com apenas um motorista, seria mais vantajoso que continuar investindo em articulados nas principais cidades brasileiras? Comente!