Linguista brasileiro propõe o reconhecimento do “brasileiro” como uma nova língua, distinta do português europeu, com base em diferenças estruturais, culturais e históricas. A proposta reacende um debate sobre identidade e soberania linguística.
Gilvan Müller de Oliveira, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ex-diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), defende o reconhecimento do “brasileiro” como um idioma distinto do português europeu.
Segundo Müller, a variante falada no Brasil já possui características suficientes para ser considerada uma nova língua.
Em seu artigo “Por uma política linguística para a língua brasileira”, publicado em 2014 e debatido em eventos oficiais da CPLP, ele argumenta que há uma assimetria estrutural e política entre o português europeu e o brasileiro.
-
A capital nordestina que superou a crise com tecnologia, qualificação técnica e equilíbrio nas contas públicas — e hoje atrai grandes investimentos
-
Maior estrada do Brasil tem quase 5 mil km, cruza 10 estados, corta capitais e vilarejos, ostenta apelidos como ‘Rodovia da Morte’ e revela um país surpreendente que quase ninguém conhece
-
A privatização da Vale: a venda de US$ 3,3 bilhões da ‘joia da coroa’ das estatais brasileiras
-
Achado milionário: 2 mil computadores esquecidos em celeiro viram tesouro no eBay e rendem fortuna inesperada
Para ele, essa disparidade justifica o reconhecimento formal do “brasileiro” como língua nacional autônoma.
Diferenças entre o português brasileiro e o europeu
O linguista defende que a gramática, o vocabulário, a pronúncia e as estruturas sintáticas do português do Brasil já se afastaram significativamente da norma culta de Portugal.
“A distância entre o português falado no Brasil e o de Portugal é maior do que aquela entre o espanhol da Argentina e o da Espanha”, afirmou Müller em debates acadêmicos e textos técnicos sobre política linguística.
A proposta vai além da linguagem cotidiana: Müller defende uma política linguística própria para o Brasil.
Isso incluiria a criação de um Vocabulário Ortográfico do Português do Brasil (VOP-BR), desvinculado das normas europeias, e a autonomia no tratamento normativo da língua em ambientes oficiais, educacionais e diplomáticos.
O linguista argumenta que o Brasil, ao adotar integralmente acordos ortográficos discutidos na CPLP, como o de 1990, fez concessões que não refletem a realidade linguística do país.
Propostas de política linguística para o Brasil
No artigo publicado no “Boletim da Academia das Ciências de Lisboa” e em outros trabalhos apresentados em encontros da CPLP, Müller defende que reconhecer o “brasileiro” como uma língua própria fortaleceria a soberania cultural e promoveria maior adequação entre a língua ensinada nas escolas e a que realmente se fala nas ruas.
A proposta divide opiniões entre estudiosos da área.
Embora alguns linguistas reconheçam que há um afastamento crescente entre as variantes faladas nos dois lados do Atlântico, outros ponderam que ainda há unidade suficiente para considerar o português uma só língua.
A morfologia, as preposições e a estrutura básica do idioma ainda permanecem em grande parte comuns.
Além disso, o português brasileiro possui uma norma culta reconhecida e oficializada, utilizada no ensino, na mídia e nos documentos oficiais.
Língua portuguesa e a força da variante brasileira no mundo
Mesmo assim, os dados reforçam a percepção de que o português falado no Brasil já se consolidou como um sistema linguístico próprio.
Estatísticas da UNESCO e da Ethnologue indicam que o Brasil é responsável por mais de 80% dos falantes da língua portuguesa no mundo.
O idioma, no país, já passou por diversas reformas ortográficas, adaptações fonéticas e enriquecimentos lexicais com influência de línguas indígenas, africanas e de imigrantes europeus e asiáticos.
Debate internacional e influência da CPLP
No plano internacional, a discussão também vem ganhando força.
Durante sua gestão no IILP, Müller participou de iniciativas para ampliar o reconhecimento das diferentes variantes do português, defendendo que as normas locais de países lusófonos fossem valorizadas de maneira equivalente à norma europeia.
Embora não exista, por enquanto, nenhuma medida oficial do governo brasileiro para adotar o “brasileiro” como idioma distinto, a proposta de Gilvan Müller reacende a discussão sobre identidade linguística, autonomia cultural e o futuro da língua no país.
Com mais de 210 milhões de falantes, o português do Brasil já se impõe como a variante dominante do idioma no mundo.
No entanto, a questão permanece aberta: o Brasil deve seguir vinculado às normas e estruturas do português europeu, ou reconhecer de forma institucional a sua própria língua?
Estamos realmente preparados para essa mudança? O que significaria, na prática, o Brasil adotar oficialmente um novo idioma?
Não vejo tantas diferenças na escrita, mas na pronuncia sim, pois se não estou enganado, os portugueses na época de Camões tinham o sotaque com vogais mais abertas, mas isso é segundo minhas pesquisas. Não concordo com o tal de Müller, para mim, isso é o mesmo que dizer que não utilizamos os pronomes da Língua portuguesa, pois os dois idiomas possuem os mesmos pronomes.
Mesmo que isso seja aprovado, não irei lançar ao esquecimento um idioma que me acompanha desde meu nascimento, isso seria esquecer minhas origens, por mais que algumas delas já estejam a beira do precipício, sinto muito senhor Müller, mas não posso concordar com seus argumentos, por mais distinto que essas duas línguas sejam, elas ainda possuem regras semelhantes, e a única diferença que ouço, são as pronuncias das palavras que vagam pelo país português ( e algumas palavras com sentidos distintos).
Ainda bem que essa é a opinião dele apenas. Pena é a insistência de alguns tentar instigar milhões a pensarem igual. Viva a língua portuguesa!
Quarta postagem sobre isso… Nada suspeito.