México bane Coca-Cola, Pepsi e ultraprocessados das escolas; lei radical busca frear obesidade infantil que já atinge mais de 30% das crianças.
Um passo inédito no combate à obesidade infantil pegou de surpresa até mesmo os gigantes mundiais de bebidas: o governo do México proibiu a venda e a publicidade de refrigerantes e alimentos ultraprocessados em todas as instituições de ensino do país. A determinação passou a valer em 29 de março de 2025 e integra o programa “Vive Saludable, Vive Feliz”, parte da atualização da Lei Geral da Educação. Na prática, Coca-Cola, Pepsi, salgadinhos, doces e outros ultraprocessados foram banidos do ambiente escolar.
A medida é drástica, mas responde a um dado alarmante: mais de um terço das crianças mexicanas em idade escolar estão com sobrepeso ou obesidade, segundo estatísticas oficiais.
Obesidade infantil: o inimigo número um da saúde pública
O México já é apontado por organismos internacionais como um dos países com maiores índices de sobrepeso e diabetes no mundo.
-
Do Brasil para o mundo: Rio de Janeiro vira polo de manutenção da aviação com nova fábrica da GE de R$ 430 milhões que dobrará produção de motores para 1.200 por ano
-
Brasil recebe líderes da XCMG para anunciar bilhões em inovação e máquinas pesadas
-
Dependência dos EUA cobra preço alto: tarifaço ameaça R$ 1 bi em perdas no Planalto Norte e coloca 800 empregos em risco ao atingir setor madeireiro
-
De 7 mil anos de uso histórico e 60 bilhões de dólares por ano à produção em massa: como o Bambu saiu das aldeias para dominar a indústria global de utensílios e construção
O consumo elevado de bebidas açucaradas, especialmente refrigerantes, é considerado uma das principais causas.
De acordo com estudos de saúde pública, os ultraprocessados representam até 40% das calorias ingeridas diariamente por crianças e adolescentes mexicanos.
Esse cenário levou o governo a declarar a obesidade como uma epidemia silenciosa, responsável por aumentar casos de doenças cardiovasculares e reduzir a expectativa de vida.
A decisão de atacar o problema pela raiz — retirando os refrigerantes das escolas — é vista como uma estratégia de proteção direta a milhões de crianças.
Coca-Cola e Pepsi fora das escolas
A medida impacta diretamente marcas globais. O México é um dos maiores mercados consumidores de refrigerantes do mundo, especialmente de Coca-Cola e Pepsi, que fazem parte do cotidiano cultural do país há décadas.
Com a proibição, essas empresas não apenas perdem presença dentro das escolas, mas também ficam impedidas de realizar campanhas publicitárias voltadas ao ambiente escolar, um dos espaços mais estratégicos para fidelizar consumidores desde cedo.
Segundo especialistas, essa mudança pode alterar profundamente o padrão de consumo das próximas gerações.
Como funciona a proibição nas escolas mexicanas
A lei é clara:
- Venda proibida de refrigerantes, salgadinhos e alimentos ultraprocessados em cantinas e lanchonetes escolares.
- Publicidade vetada desses produtos dentro e nos arredores das instituições.
- Substituição obrigatória por opções mais saudáveis, como frutas, água potável e preparações típicas sem excesso de açúcar e gordura.
A fiscalização é feita pelo governo em parceria com a plataforma digital “Mi Escuela Saludable”, onde pais e professores podem denunciar irregularidades. Essa ferramenta garante acompanhamento em tempo real do cumprimento da lei.
México copia modelo brasileiro
Curiosamente, a medida mexicana foi inspirada em experiências do Brasil, onde vários estados já haviam limitado a venda de ultraprocessados em escolas públicas.
Agora, com a adoção nacional no México, especialistas acreditam que outros países latino-americanos podem seguir o mesmo caminho, transformando o combate à obesidade em agenda regional.
Impactos sociais e econômicos da decisão
A curto prazo, a mudança afeta principalmente:
- Cantinas escolares, que terão de se adaptar e reformular cardápios.
- Indústrias de refrigerantes e ultraprocessados, que perdem um mercado-chave.
- Famílias, que podem sentir aumento no custo imediato, mas ganham em saúde a longo prazo.
Economistas destacam que a medida pode provocar queda nas vendas de refrigerantes, mas também abrir espaço para novos mercados de alimentos saudáveis, impulsionando agricultura local e pequenos fornecedores.
Críticas e resistência da indústria
Como esperado, a decisão gerou forte resistência. Associações de indústrias de bebidas e alimentos argumentam que a proibição fere a liberdade de escolha e pode impactar empregos ligados à cadeia produtiva.
Alguns críticos também questionam se a medida será suficiente para reduzir a obesidade, já que o consumo fora das escolas continua permitido.
Apesar disso, especialistas em saúde defendem que o ambiente escolar é estratégico, pois influencia diretamente hábitos alimentares de milhões de crianças em formação.
Um exemplo para o mundo?
A decisão mexicana não é isolada. Países como Chile e Brasil já avançaram em legislações semelhantes, mas em escalas menores.
A diferença agora é que o México se torna um dos maiores mercados consumidores a enfrentar de frente gigantes globais como Coca-Cola e Pepsi.
Organismos de saúde internacionais acompanham de perto os resultados. Se os índices de obesidade infantil começarem a cair nos próximos anos, a medida poderá inspirar outros governos a adotar políticas radicais semelhantes.
Adeus, Coca-Cola e Pepsi nas escolas mexicanas — um marco contra a obesidade infantil
A proibição de refrigerantes e ultraprocessados nas escolas mexicanas é mais do que uma lei: é um símbolo de mudança cultural.
Ao retirar marcas poderosas como Coca-Cola e Pepsi dos corredores das escolas, o governo envia uma mensagem clara: a saúde das crianças está acima dos lucros da indústria.
Se o impacto esperado se confirmar, o México poderá ser lembrado como o país que liderou uma revolução alimentar na América Latina, enfrentando a epidemia de obesidade com uma medida ousada e histórica.