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Adeus aos carros a gasolina, diesel e elétricos: Hyundai já definiu o quarto caminho

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 07/11/2025 às 15:41
Hyundai aposta no hidrogênio e constrói fábrica na Coreia do Sul, marcando um novo capítulo na transição da indústria automotiva.
Hyundai aposta no hidrogênio e constrói fábrica na Coreia do Sul, marcando um novo capítulo na transição da indústria automotiva.
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Hyundai aposta em nova rota para o transporte do futuro e investe em uma fábrica de hidrogênio na Coreia do Sul, movimentando o setor automotivo global e reacendendo a disputa tecnológica entre montadoras tradicionais.

A Hyundai anunciou um novo passo em sua estratégia de transição energética: a montadora iniciou as obras de uma fábrica de células a combustível de hidrogênio em Ulsan, na Coreia do Sul.

O investimento é de 930 bilhões de won (aproximadamente 500 milhões de euros), e a previsão é que as operações comecem até 2027, segundo comunicado oficial da empresa.

O complexo terá capacidade anual de 30 mil unidades e também produzirá eletrolisadores PEM, usados para gerar hidrogênio de baixa emissão.

A unidade será instalada em uma área anteriormente dedicada à fabricação de transmissões de motores a combustão.

A iniciativa representa mais um movimento no cenário global de descarbonização do transporte, que segue dividido entre diferentes tecnologias.

Enquanto montadoras reforçam os investimentos em veículos elétricos a bateria e outras mantêm linhas a combustão, a Hyundai aposta no hidrogênio como alternativa complementar.

Segundo a companhia, a tecnologia pode ganhar espaço em setores de difícil eletrificação, como transporte pesado e operações industriais.

Estrutura da nova fábrica e metas de produção

O parque industrial de Ulsan ocupará 43 mil metros quadrados e integrará processos de montagem e manufatura de sistemas completos de célula a combustível.

Fábrica da Hyundai em Ulsan para produção de células a combustível de hidrogênio reforça aposta automotiva em mobilidade sustentável. (Imagem: Hyundai Motor Company)
Fábrica da Hyundai em Ulsan para produção de células a combustível de hidrogênio reforça aposta automotiva em mobilidade sustentável. (Imagem: Hyundai Motor Company)

A Hyundai informou que o local atenderá não apenas a produção de automóveis, mas também de veículos comerciais, máquinas de construção e aplicações marítimas.

Os eletrolisadores PEM fabricados na planta poderão ser fornecidos a parceiros da indústria de energia.

De acordo com a empresa, a produção interna das células tem como objetivo reduzir a dependência de fornecedores externos e permitir a padronização de componentes.

Especialistas do setor avaliam que esse tipo de verticalização pode ajudar a diminuir custos no médio prazo e facilitar a expansão da tecnologia em escala comercial.

A meta inicial é de 30 mil sistemas por ano, número que poderá aumentar conforme a adoção do hidrogênio cresça em frotas comerciais.

A localização de Ulsan foi escolhida por concentrar outras instalações do grupo Hyundai, o que facilita logística e integração de processos.

Contexto global e ajuste no mercado de elétricos

O segmento de veículos elétricos a bateria continua em crescimento, mas vem enfrentando uma desaceleração nas vendas em diversos países, conforme dados de associações do setor.

Instalação de eletrolisadores para produção de hidrogênio em planta Hyundai reforça valor de cadeia energética para mobilidade limpa. (Imagem: Hyundai Motor Company)
Instalação de eletrolisadores para produção de hidrogênio em planta Hyundai reforça valor de cadeia energética para mobilidade limpa. (Imagem: Hyundai Motor Company)

Analistas indicam que a alta nos custos de produção e a infraestrutura limitada de recarga têm levado fabricantes a buscar alternativas.

Nesse cenário, o hidrogênio voltou a ser considerado uma rota promissora por empresas asiáticas e europeias.

Algumas montadoras, como a Stellantis, reduziram projetos nessa área citando desafios econômicos e logísticos.

Outras, como a Hyundai e a Toyota, mantêm planos de longo prazo.

A Toyota foi uma das pioneiras no uso de célula a combustível e segue com o sedã Mirai em produção, além de projetos para veículos comerciais e ônibus.

Dirigentes da marca afirmaram em entrevistas que o hidrogênio pode substituir parte dos motores a diesel entre 2030 e 2035 em aplicações específicas, como transporte de carga — uma estimativa baseada em projeções internas da empresa.

Rivalidade tecnológica e perspectivas

Com a nova planta, a Hyundai busca expandir sua participação nesse nicho e disputar espaço direto com a Toyota.

Fontes do setor afirmam que o principal desafio é reduzir o custo por sistema e garantir fornecimento em escala suficiente para frotas comerciais.

A tecnologia ainda enfrenta barreiras, entre elas a disponibilidade de postos de abastecimento e a competitividade do preço do hidrogênio frente à energia elétrica convencional.

Segundo especialistas em energia e mobilidade, a adoção mais ampla depende de políticas públicas que estimulem tanto a produção de hidrogênio verde quanto a infraestrutura de reabastecimento.

Países da Ásia e da Europa têm investido em programas de incentivo e metas de neutralidade de carbono, o que tende a favorecer o avanço da tecnologia nas próximas décadas.

Políticas públicas e cenário brasileiro

No Brasil, o tema também começa a ganhar espaço.

O Governo de São Paulo aprovou a isenção do IPVA para veículos menos poluentes a partir de 1º de janeiro de 2025, com alíquotas reduzidas até 2029.

A medida inclui modelos híbridos e movidos a hidrogênio, além de regras específicas para ônibus e caminhões que utilizem essas tecnologias.

O objetivo é estimular a renovação da frota e reduzir as emissões do transporte rodoviário.

O modelo Hyundai NEXO movido a célula de combustível de hidrogênio demonstra avanço da marca em veículos com emissão zero. (Imagem: Hyundai Motor Europe)
O modelo Hyundai NEXO movido a célula de combustível de hidrogênio demonstra avanço da marca em veículos com emissão zero. (Imagem: Hyundai Motor Europe)

Em paralelo, estudos conduzidos pela Prefeitura de São Paulo analisam a possibilidade de implantar um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) com tração a hidrogênio na região central.

Técnicos envolvidos no projeto afirmam que o sistema poderia contribuir para a requalificação urbana e redução de poluentes, embora a decisão final sobre a matriz energética ainda dependa de análises de viabilidade econômica e técnica.

Por que o hidrogênio ganha atenção

De acordo com especialistas em transição energética, três fatores explicam o interesse crescente pelo hidrogênio.

O primeiro é a busca por diversificação tecnológica, reduzindo a dependência exclusiva das baterias de íon-lítio.

O segundo é a flexibilidade operacional, já que veículos a hidrogênio oferecem maior autonomia e menor tempo de reabastecimento.

O terceiro fator está ligado às metas de descarbonização de governos e empresas, que exigem soluções viáveis para transporte pesado, aviação e logística.

Ainda assim, o avanço dessa matriz energética depende de investimentos robustos em infraestrutura, além da queda no custo do hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis.

A Hyundai reconhece que a difusão dessa tecnologia exige colaboração entre montadoras, governos e o setor de energia para tornar o combustível competitivo.

Com as obras em andamento e metas definidas, a montadora coreana reforça sua posição em um campo que promete redefinir o futuro da mobilidade.

A questão que se coloca agora é: em que ritmo o hidrogênio conseguirá sair do papel e ocupar espaço real nas estradas do mundo?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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