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Acordo Mercosul-EFTA é “praticamente uma cópia” do tratado com a União Europeia e serve como argumento para destravar o acordo maior

Escrito por Carla Teles
Publicado em 21/09/2025 às 20:22
Acordo Mercosul-EFTA é "praticamente uma cópia" do tratado com a União Europeia e serve como argumento para destravar o acordo maior
O acordo Mercosul-EFTA é “praticamente uma cópia” do tratado com a UE, dizem analistas. Entenda como o pacto serve de argumento para destravar o acordo principal.
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Mais simbólico que prático, o acordo Mercosul-EFTA serve como argumento para destravar o tratado com a União Europeia, avaliam especialistas à CNN.

O recém-assinado acordo Mercosul-EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio) está sendo visto por especialistas como uma manobra estratégica fundamental. Segundo analistas consultados por veículos como a CNN, o tratado é “praticamente uma cópia” do acordo maior e mais complexo negociado com a União Europeia. O pacto envolve o bloco sul-americano e os quatro países da EFTA: Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Embora abra um mercado de alto poder aquisitivo, o impacto econômico imediato é considerado modesto. A verdadeira importância do movimento, segundo fontes do setor, é política: ele serve como um poderoso argumento para pressionar e destravar as negociações paralisadas com a União Europeia, mostrando que o Mercosul é capaz de fechar parcerias com economias desenvolvidas.

O “espelho” do acordo da União Europeia

Aálise de que o pacto é um “clone” do tratado com a UE foi destacada por Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, em entrevista repercutida pela CNN. “Politicamente, ele é importante porque mostra para a União Europeia que o Mercosul está avançando com outros blocos”, afirmou. Essa similaridade estrutural não é coincidência; ela funciona como um teste e um precedente para o pacto maior.

Márcio Sette Fortes, ex-diretor do Brasil no BID, corrobora essa visão, classificando o acordo Mercosul-EFTA como uma “mensagem” clara para Bruxelas. Num momento de crescente protecionismo global e barreiras tarifárias, como as impostas pelos Estados Unidos, o Brasil sinaliza que está buscando ativamente a diversificação de parceiros e que pode, sim, concluir negociações complexas com nações ricas, quebrando a inércia diplomática.

Mais símbolo político do que impacto econômico

Diversos setores, incluindo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), minimizaram o impacto prático imediato do acordo. José Augusto de Castro, presidente da AEB, afirmou à CNN que o tratado “vale mais pelo simbolismo” do que pelas vendas em si. Atualmente, os países da EFTA compram menos de 1% das exportações brasileiras, e há dúvidas se o Brasil conseguirá competir com China e os próprios vizinhos europeus nesse mercado.

Mesmo com a eliminação de 100% das tarifas de importação para setores industrial e pesqueiro (e acesso preferencial para o agro), os gargalos históricos do Brasil persistem. Infraestrutura precária, carga tributária elevada e alto custo da mão de obra qualificada continuarão sendo desafios para que a indústria nacional, como a de máquinas e equipamentos (Abimaq), aproveite as mais de 700 oportunidades de exportação mapeadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O que o acordo Mercosul-EFTA realmente abre?

A EFTA é um bloco de 15 milhões de pessoas com um PIB combinado de US$ 1,4 trilhão, ostentando um dos maiores PIBs per capita do mundo. Apesar dos números atuais de comércio serem baixos (Brasil exportou US$ 3,1 bilhões no ano passado, com 38% concentrados em alumina calcinada), o governo estima um impacto positivo de R$ 2,69 bilhões no PIB brasileiro até 2044.

O acordo Mercosul-EFTA, assinado no Rio de Janeiro, inicia agora os trâmites de internalização, exigindo a aprovação dos parlamentos de todos os países envolvidos. Para a indústria brasileira, como a Abimaq, o tratado é celebrado não pelo volume, mas pela sinalização de abertura econômica num cenário global de barreiras, sendo um passo crucial para reduzir a dependência de mercados tradicionais e fortalecer a posição negociadora do Mercosul.

Fica claro que o acordo Mercosul-EFTA joga um jogo duplo. No campo econômico, abre um mercado rico, mas de impacto modesto e com grandes desafios de competitividade para o Brasil. No campo estratégico, porém, ele funciona como a principal ferramenta diplomática do Mercosul no momento, servindo de argumento para destravar o prêmio maior: o acordo com a União Europeia.

A estratégia de usar um acordo menor para alavancar um maior parece clara. Mas você, que atua na indústria ou no comércio exterior, acredita que o Brasil tem competitividade para entrar de fato nesse mercado da EFTA? Ou o simbolismo político é o único ganho real? Deixe sua opinião nos comentários, queremos entender a visão de quem vive esse desafio.

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Carla Teles

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